Tópicos | Walter Delgatti Neto

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) negou, em depoimento à Polícia Federal (PF), em Brasília, ter contratado o hacker Walter Delgatti Neto para invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça. A deputada foi ouvida pela polícia nesta terça-feira (14).

Em suas redes sociais, Zambelli comentou que está sendo investigada por supostamente ter contratado Delgatti para inserir no Banco Nacional de Mandados de Prisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) um mandato de prisão falso contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, além de 11 alvarás de soltura falsos, o que a parlamentar nega.

##RECOMENDA##

O caso ocorreu em janeiro deste ano. Em depoimento à PF, Delgatti afirmou que Zambelli havia pago R$ 40 mil para que ele invadisse sites do poder judiciário.

A deputada ainda afirmou que havia contratado Delgatti apenas para fazer um novo site para ela, pagando o valor de R$ 3 mil. Além disso, um ex-assessor da parlamentar teria pago ao hacker R$ 10 mil para suposta compra de garrafas de uísque.

Ela também confirmou que levou o hacker para uma reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro sobre a segurança das urnas eletrônicas. Mas também inocentou Bolsonaro da relação com Delgatti.

Carla Zambelli também foi alvo de uma operação da PF de busca e apreensão em agosto deste ano.

Walter Delgatti ficou conhecido por hackear os celulares de procuradores da operação Lava Jato, no caso conhecido como vaza-jato.

A comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que investiga atos e omissões durante os ataques antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 já colheu 19 depoimentos desde que iniciou seus trabalhos, no final de maio, até esta última semana de setembro.

A lista (veja abaixo) inclui hacker, condenados por tentativa de explosão de bomba, oficiais das Forças Armadas, integrantes das polícias (militar, civil, rodoviária e Federal) e até ex-ministros. Restam agora sete semanas para o prazo final de funcionamento, em 20 de novembro.

##RECOMENDA##

O 20º depoimento está marcado para terça-feira (3), quando os parlamentares devem inquirir o empresário Argino Bedin, que figurou entre os investigados como possíveis financiadores dos atos golpistas. Na quinta (5), deve ser ouvido o subtenente da PM Beroaldo José de Freitas Júnior. Ele participou da defesa do Palácio do Congresso no dia dos ataques.

O presidente da comissão, deputado federal Arthur Maia (União-BA), e a relatora, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), afirmaram nesta semana que pretendem concluir os trabalhos antes do prazo. O relatório final deve ser apresentado em 17 de outubro.  Eliziane disse que um novo depoimento de Mauro Cid não está descartado e que ela ainda quer ouvir os últimos comandantes militares da gestão do então presidente Jair Bolsonaro.

— Esses comandantes das Forças Armadas foram citados na delação premiada do Mauro Cid sobre uma possível reunião que se deu no dia 24 de novembro com o então presidente da República. Foi uma reunião grave, que teria planejado uma ação golpista.

O presidente da CPMI considerou essencial que a comissão trate das fontes de financiamento dos ataques antidemocráticos.  — É fundamental que a gente chame aqui os financiadores, aquelas pessoas apontadas como financiadores, porque até agora não ouvimos ninguém a respeito disso.

Veja quem já prestou depoimento à CPMI

20/6 – Silvinei Vasques Policial rodoviário. No primeiro depoimento à CPMI, o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal negou que a instituição tenha concentrado fiscalização no Nordeste nas eleições de 2022 para prejudicar eleitores de Lula. Silvinei, hoje aposentado, estava à frente da PRF quando foram feitas blitz em rodovias no 2º turno. Foi preso em agosto.

22/6 – Leonardo de Castro  Delegado da PCDF. Disse que os condenados pelo malsucedido atentado a bomba perto do Aeroporto de Brasília, em 24 de dezembro, também participaram da tentativa de invasão da Polícia Federal, em 12 de dezembro. Diretor de Combate à Corrupção e Crime Organizado, depôs com os peritos Renato Carrijo e Valdir Pires Filho, responsáveis pelo laudo do atentado.

22/6 – George Washington de Oliveira Sousa  Um dos condenados por planejar a explosão do caminhão-tanque no aeroporto. Cumpre pena de mais de 9 anos de prisão pela tentativa de atentado a bomba. Manteve-se calado na maior parte de seu depoimento à CPMI. Admitiu, porém, que frequentou o acampamento bolsonarista montado em frente ao quartel-general do Exército em Brasília. 

26/6 – Jorge Eduardo Naime  Coronel da PMDF. Comandava o Departamento de Operações da corporação até janeiro deste ano. Foi preso em fevereiro pela Operação Lesa Pátria da PF, que investiga os eventos de 8 de janeiro. O coronel saiu de folga poucos dias antes dos atos golpistas. À CPMI, disse que a Abin avisou, às 10h da manhã, que havia ameaças de invasão e depredação das sedes dos três Poderes.

27/6 – Jean Lawand Junior  Coronel do Exército. Disse à CPMI que as mensagens trocadas em dezembro passado com o tenente-coronel Mauro Cid não foram um estímulo a um golpe de Estado contra o presidente Lula. No mais, ficou calado.

11/7 – Mauro Cesar Barbosa Cid  Tenente-coronel do Exército. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro não respondeu às perguntas na CPMI. Disse que apenas cumpria atividades de assessoramento e secretariado, sem ingerência em decisões. Cid ficou preso 4 meses, acusado de fraudar cartões de vacina, e é suspeito de participar da articulação golpista. Foi solto devido a possível colaboração com a investigação. 

1º/8 – Saulo Moura da Cunha  Oficial de inteligência. Ex-diretor da Abin, disse aos parlamentares que relatórios da agência indicaram “certa organização de grupos extremistas” dias antes dos atos antidemocráticos. Afirmou não saber se os ataques às sedes dos três Poderes foram facilitados pela eventual omissão de autoridades. Disse ainda que o general GDias foi informado sobre o risco de ataques. 

8/8 – Anderson Torres  Delegado da Polícia Federal. Ex-secretário de Segurança Pública do DF e ex-ministro da Justiça. No depoimento à CPMI, disse não ter vínculos com a chamada “minuta do golpe”. Ficou quatro meses preso por ser suspeito de omissão durante os ataques golpistas.

15/8 – Adriano Machado  Repórter fotográfico. Disse à CPMI que apenas cumpriu seu trabalho ao fotografar os ataques dos invasores. Ele estava dentro do Palácio do Planalto e disse ter sido abordado por invasores para apagar imagens da câmera. Também disse que fotografou guardas da Força Nacional no estacionamento do Ministério da Justiça, enquanto os manifestantes se dirigiam ao Planalto.

17/8 – Walter Delgatti Neto  Hacker. Foi preso em agosto, alvo de investigação que apura inserção de dados falsos sobre o ministro do STF Alexandre de Moraes no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões do Conselho Nacional de Justiça. A inserção teria sido feita em janeiro, antes dos ataques. Na CPMI, relatou que falou com Bolsonaro sobre urnas eletrônicas a pedido da deputada Carla Zambelli.

24/8 – Luis Marcos dos Reis  Sargento do Exército. Em menos de um ano, teria movimentado mais de R$ 3 milhões, segundo a CPMI. Ele disse que as movimentações financeiras decorriam de uma espécie de consórcio entre militares, gerenciado por ele. O sargento afirmou que outras transações tiveram origem na venda de um carro a Mauro Cid.

29/8 – Fábio Augusto Vieira  Coronel da Polícia Militar. Ex-comandante da PM do DF, era o chefe da polícia no dia dos ataques. Ficou em silêncio no depoimento à CPMI, protegido por habeas corpus do ministro do STF Cristiano Zanin. Ele e outros 6 oficiais foram presos porque, segundo a Procuradoria-Geral da República, a cúpula da PMDF foi omissa e deixou de agir para impedir os ataques de 8 de janeiro. 

31/8 – Marco Edson Gonçalves Dias  General do Exército. Mais conhecido como GDias, comandava o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no dia dos ataques golpistas. Em seu depoimento, o ex-ministro-chefe do GSI disse que a Secretaria de Segurança Pública e a Polícia Militar do Distrito Federal foram “ineficazes” no enfrentamento aos manifestantes.

12/9 – Marcela da Silva Morais Pinno  Cabo da PM do Distrito Federal. Atuou na repressão aos atos golpistas como soldado do pelotão Patrulhamento Tático Móvel (Patamo) Alfa da PMDF e sofreu graves agressões físicas em 8 de janeiro. Promovida a cabo por ato de bravura, foi chamada de heroína por membros da CPMI.

14/9 – Gustavo Henrique Dutra de Menezes  General do Exército. Ex-comandante do Comando Militar do Planalto (CMP). Em seu depoimento à CPMI, negou ter sido pressionado para manter o acampamento golpista perto do QG do Exército em Brasília ou que tenha impedido ações de desmobilização. 

21/9 – Wellington Macedo de Souza  Blogueiro. Ficou em silêncio na CPMI e negou-se a responder às perguntas dos parlamentares. Foi preso recentemente no Paraguai e já está condenado a seis anos de prisão por participar do atentado a bomba no Aeroporto Internacional de Brasília.

26/9 – Augusto Heleno Ribeiro Pereira  General da reserva do Exército. Foi ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República na gestão de Jair Bolsonaro. Em mais de 9 horas de depoimento na CPMI, general Heleno respondeu poucas perguntas. No entanto, negou ter participado da articulação golpista. Foi defendido por muitos parlamentares da oposição.

*Da Agência Senado

Os deputados distritais que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovaram, nesta quinta-feira (24), a convocação do hacker Walter Delgatti Neto.

Conhecido como Hacker da Vaza Jato, Delgatti é suspeito de invadir os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserir falsos documentos e alvarás de soltura no Banco Nacional de Mandados de Prisão.

##RECOMENDA##

O hacker também responde a processo por ter invadido os telefones celulares do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e hoje senador Sergio Moro (União Brasil – PR), acessando e divulgando as conversas de Moro com outras autoridades, como o ex-coordenador da força-tarefa Lava Jato e atual deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR).

A divulgação das informações extraídas ilegalmente dos aparelhos telefônicos de autoridades públicas deu origem à chamada Operação Vaza Jato, que expôs os bastidores da Operação Lava Jato, reforçando os argumentos dos críticos que acusavam o Poder Judiciário de vazar informações sigilosas de forma seletiva, com fins políticos, além de violar o devido processo legal e o princípio da imparcialidade e abusar das prisões preventivas a fim de forçar os investigados a fazerem acordos de delação premiada.

Nesta segunda-feira (21), o juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal em Brasília, condenou Delgatti a 20 anos de prisão e outros seis acusados por invadirem os aparelhos celulares de Moro e acessar a conta do ex-ministro no aplicativo de mensagens Telegram. A decisão judicial comporta recurso.

Delgatti prestou depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), do Congresso Nacional, no último dia 17. Na ocasião, o hacker afirmou que invadiu o sistema do CNJ a fim de desmoralizar o Poder Judiciário, agindo a mando da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), de quem ele afirma ter recebido R$ 40 mil. Delgatti também assegura ter se reunido com o ex-presidente Jair Bolsonaro e que este teria pedido que ele assumisse a autoria de um suposto grampo contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Zambelli e Bolsonaro negam as acusações.

Informações

Os deputados distritais também aprovaram dois requerimentos de informação. Um deles pede informações ao Comando Militar do Planalto, unidade responsável pela segurança da área onde fica o Quartel-General do Exército, em Brasília. Parte dos vândalos e golpistas que invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e a sede do Supremo Tribunal Federal (STF) em 8 de janeiro deste ano permaneceram acampados diante do quartel por meses.

Em depoimento à própria CPI da Câmara Legislativa do Distrito Federal, o ex-chefe do Comando Militar do Planalto, general Gustavo Henrique Dutra, já disse que nenhuma instituição pública responsável tomou qualquer medida contra o acampamento antes do 8 de janeiro. E que, no dia do ataque aos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), convenceu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus principais assessores a não autorizarem que os extremistas fossem detidos no mesmo dia, evitando um possível confronto.

O segundo requerimento aprovado requer ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) que forneça todas as informações disponíveis relativas aos atos de vandalismo de 8 de janeiro, esclarecendo quais medidas de segurança foram adotadas a fim de evitar a invasão do Palácio do Planalto.

 

A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPMI do 8 de Janeiro, declarou nesta quinta-feira (17) que a comissão tem "fortes condições" de recomendar o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro após o depoimento do hacker Walter Delgatti Neto. Ela afirmou, no entanto, que ainda é preciso "compatibilizar" as declarações de Delgatti com evidências documentais.

Delgatti acusou Bolsonaro de encomendar a ele um código falso para simular uma fraude nas urnas eletrônicas, e também de prometer a ele indulto caso assumisse a autoria de um suposto grampo contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

##RECOMENDA##

Quebra de sigilos

Em coletiva à imprensa, Eliziane Gama disse que vai apresentar requerimentos pedindo a quebra de sigilos das pessoas citadas por Delgatti — que incluem Bolsonaro, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e o ex-ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira. Elas também poderão ser convocadas para depoimento e acareação.

Os documentos que serão solicitados pela senadora são os sigilos telemáticos (histórico de contatos e mensagens) e os relatórios de inteligência financeira (RIFs) produzidos pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para identificar movimentações financeiras atípicas. 

— Não há dúvida nenhuma que é um depoimento bombástico, pela gravidade das informações que foram passadas pelo depoente. Os elementos apresentados nos dão fortes condições de, ao final [da CPMI], termos o indiciamento do ex-presidente Bolsonaro. Com esses dados que chegarão até nós, sendo confirmadas as informações de hoje, não há dúvida nenhuma de que partiremos para esses indiciamentos. 

Financiamento

A inclusão dos RIFs se justifica porque Delgatti afirmou ter recebido R$ 40 mil de Carla Zambelli pelos serviços que seriam prestados. Eliziane quer saber também se houve transações ligadas ao financiamento dos atos de 8 de janeiro.  A relatora classificou o depoimento de Delgatti como um momento crucial para o trabalho da CPMI. 

— Hoje foi um dia muito importante. [Delgatti] trouxe informações absolutamente graves envolvendo o ex-presidente da República no exercício do mandato dentro da estrutura e dos espaços da Presidência.  Requerimentos A próxima reunião da comissão está marcada para a terça-feira (22), a partir das 9h. A pauta ainda não está definida. Eliziane Gama disse que pedirá uma reunião deliberativa para a análise dos requerimentos.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) pediu que a CPMI avance nas investigações sobre o ex-presidente, afirmando que a comissão agora tem provas da intenção definitiva do governo Bolsonaro. 

— O 8 de janeiro foi uma conspiração contínua inaugurada em 1º de janeiro de 2019, quando tomou posse um governo que passou a desrespeitar a Constituição e os Poderes e atacar o STF. Quantas vezes a democracia brasileira não foi repetidamente ofendida? O que o senhor Delgatti trouxe aqui foi o roteiro de como queriam dar o golpe de estado  Randolfe também apontou o que entende ser uma contradição na versão sustentada durante o dia pelos parlamentares da oposição. Segundo ele, se Delgatti era sabidamente culpado de crimes, o ex-presidente não deveria ter feito qualquer contato com ele. 

— Foi este que tem uma 'vasta ficha criminal' que foi chamado a conversar com o ex-presidente da República. [Este] que tem uma 'vasta ficha criminal' foi encaminhado ao Ministério da Defesa. Se sabiam que era um criminoso, o que o presidente queria dialogando com ele? É o primeiro mandatário da história deste país que tira do seu tempo para conversar com alguém que tem uma 'vasta ficha criminal'. 

Urnas

O senador Marcos Rogério (PL-RO) disse que as acusações são graves, mas que não foram provadas. Para ele, há também contradição no relato de Delgatti sobre o teor da sua conversa com o ex-presidente Jair Bolsonaro.

  — As declarações feitas aqui são graves, porém unilaterais, e precisam ser checadas. Não se pode fazer juízo de valor com base em informações de uma das partes envolvidas sem que haja efetivas provas de veracidade. O depoente disse inicialmente que foi chamado para mostrar que o sistema eleitoral não era seguro. Depois disse que o presidente Bolsonaro pediu para que fraudasse as eleições, ofereceu vantagens e garantias. Qual das duas versões está correta?  Para Marcos Rogério, a CPMI tem material para abrir uma frente de investigação sobre a segurança das urnas eletrônicas, uma vez que Delgatti afirmou durante o depoimento que defende o comprovante impresso de voto.

— É importante que a gente faça a checagem de tudo que foi dito, que chame outras autoridades para confrontar. O ex-diretor da área de informática do TSE precisa vir a esta CPMI. Eu não estou colocando ninguém em cheque, mas se há algum nível de insegurança e se há alguma possibilidade de fraude ter sido cometida, é preciso que haja investigação. Eu quero investigar tudo, não trabalho com seletividade.

Proteção à testemunha

Ao final da reunião, a senadora Eliziane Gama informou que vai indagar à Procuradoria-Geral da República sobre a possibilidade de enquadrar Walter Delgatti Neto na hipótese de delação premiada, com base no depoimento desta quinta. Seria a primeira vez que a delação premiada é usada a partir de um depoimento a uma comissão do Congresso Nacional. O Ministério Público Federal (MPF) teria que formular o pedido ao Supremo Tribunal Federal, que precisaria homologar a delação. 

— As falas de hoje foram importantes e [Delgatti] demonstrou disposição de colaborar. Pode até haver um questionamento [sobre isso], e estou solicitando à Consultoria do Senado uma análise mais profunda. O instrumento de colaboração premiada ainda não foi utilizado por nenhuma CPI. Esta comissão poderá criar um precedente.

O senador Cid Gomes (PDT-CE), que presidia a reunião, informou que a CPMI encaminhará ofícios ao Ministérios dos Direitos Humanos e ao ministro Alexandre de Moraes para que Walter Delgatti Neto seja incluído no Programa Federal de Assistência às Vítimas e às Testemunhas Ameaçadas (Provita).

*Da Agência Senado

O depoimento de Walter Delgatti Neto repercutiu entre os senadores na CPMI do 8 de Janeiro. Para os governistas, as acusações do hacker envolvem diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro em um plano para fraudar o sistema eleitoral. A oposição, por outro lado, lança dúvidas sobre a credibilidade do depoente.

Para o senador Rogério Carvalho (PT-SE), o depoimento de Delgatti comprova “que houve uma tentativa e foram efetivados vários golpes no Brasil”:  — Estamos diante, não de um fato isolado. Estamos diante de uma prática que não vai cessar, diante de um campo político que não acredita na democracia, que a usa como meio. Tudo o que vimos aqui foi a tentativa de burlar os regramentos democráticos para que o povo pudesse escolher livremente quem iria dirigir o país.

##RECOMENDA##

Na opinião do senador Fabiano Contarato, o ex-presidente Jair Bolsonaro deve responder por dois crimes previstos no Código Penal: tentar abolir o Estado democrático brasileiro e tentar depor um governo legitimamente constituído:  — O presidente mantém contato com uma pessoa para fraudar a eleição. Não satisfeito, a recebe no Palácio do Alvorada por duas horas para burlar o sistema eleitoral. Isso é gravíssimo. O presidente é coautor desses crimes. As provas são contundentes. Houve a digital direta do presidente Bolsonaro para esse atentado que aconteceu no dia 8 de janeiro.

O senador Sergio Moro (União-PR), no entanto, desqualificou o depoimento de Walter Delgatti Neto. Segundo o parlamentar, o hacker responde ou respondeu a 46 processos e foi condenado por estelionato contra clientes de um banco.  — Existem problemas de credibilidade da testemunha, que praticou estelionato em série. Qual o cerne do estelionato? A fraude, a falsidade, a mentira contumaz. E aqui chega o depoente contando as suas versões. Vejo colegas tomando a palavra dele como se fosse absoluta, quando a gente está aqui diante de um estelionatário profissional condenado — afirmou.

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) reforçou a crítica. Para ela, o depoente “não tem credibilidade nenhuma”.  — Por você ter problemas, sua palavra está em dúvida aqui. É a sua palavra contra a palavra de um presidente da República. Vocês se encontraram? Se encontraram. Mas como você vai provar que ele te pediu tudo aquilo? Mais uma vez, quem sai prejudicado dessa grande história é você. Você não tem como provar. É a palavra do Walter contra a de outra pessoa. Você está prejudicado — disse Damares diretamente para Walter Delgatti Neto.

A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), por outro lado, defendeu a legitimidade do depoimento:  — Se a pessoa cometeu um crime, isso não está sendo objeto de investigação. O que está sendo investigado aqui é a tentativa de golpe de estado. E, para esse desiderato, o senhor (Walter Delgatti Neto) é sim uma testemunha valiosa para nós.

Durante o depoimento, o hacker admitiu ter feito tentativas de invadir o sistema das urnas eletrônicas mantido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Questionado pelo senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), porém, ele disse que jamais conseguiu.

— O senhor está dizendo o que sempre dissemos: o sistema eleitoral brasileiro é confiável. No Brasil de tantos problemas, num período sensível, o presidente da República se vale de sua condição para contratar uma pessoa a fim de tentar mostrar a fragilidade do sistema eleitoral. É de uma gravidade gigantesca — criticou Veneziano, em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Walter Delgatti Neto não respondeu aos questionamentos do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). O parlamentar negou que houvesse um plano para fraudar o sistema eleitoral e classificou as declarações do hacker como “completamente desqualificadas e sem nenhuma possibilidade de credito”:  — Não foi para fazer invasão em sistema eleitoral nenhum. Foi na verdade uma sondagem para que ele (Delgatti), junto com aquele grupo das Forças Armadas que estava legalmente junto ao TSE para fazer testes em urnas, pudesse mostrar ao TSE possíveis vulnerabilidade das urnas. Essa narrativa de que ele foi contratado para fraudar as eleições é uma mentira.

*Da Agência Senado

A senadora bolsonarista Damares Alves (Republicanos) protagonizou um embate com o advogado do hacker Walter Delgatti Neto, Ariovaldo Moreira afirmando que havia sido chamada de "bandida" e a parlamentar ainda fez insinuações contra o hacker durante sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CMPI) do 8 de janeiro nesta quinta-feira (17).

"Eu vou te falar uma coisa: não há garantia que você vai sair da cadeia. Não vai", disparou a senadora aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a sessão da CPMI. “A vida da volta e é a tua vida que tá em risco”.

##RECOMENDA##

A parlamentar ainda citou o partido do presidente Lula (PT), dizendo que o hacker tem aliança com a legenda: “Walter, o meu recado fica para ti: você mentiu, você tinha aliança com o PT, desde 2019, você estava com raiva, o PT te largou na mão, porque você foi para a cadeia, agora foi para a direita, e vou dizer o seguinte: a vida dá voltas e é a tua vida que está em risco”. “Que Deus tenha misericórdia de você”. "Nós sabemos, do que a milícia é capaz de fazer", completou.

Se dirigindo ao advogado de Delgatti, Ariovaldo Moreira, ela afirmou que ele a chamou de “bandida”. “Eu sou uma senhora, uma senhorinha, me chamar de bandida?”, indagou Damares, que disse que avalia representará contra o defensor.

[@#video#@]

O hacker Walter Delgatti Neto, conhecido por ter dado origem à chamada “Vaza Jato", recebeu ao menos R$ 13,5 mil de assessores da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). A informação foi repassada pela Polícia Federal (PF) ao Supremo Tribunal Federal (STF). Delgatti foi preso novamente nesta quarta-feira (2), na operação que investiga invasões no sistema do Conselho Nacional de Justiça.

Os pagamentos, segundo o relatório da PF, foram realizados via pix. Em depoimento à PF, Delgatti chegou a dizer já que foi pago para ficar à disposição de Carla Zambelli.

##RECOMENDA##

Além da suspeita de invasão no site do CNJ, ele também é acusado de ter inserido documentos fraudados no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões, acrescentando um suposto mandado de prisão contra o ministro do STF, Alexandre de Moares. Na época, bolsonaristas chegaram a difundir o documento falso e criar narrativas fakes nas redes sociais. Há indícios de que ele teria sido pago pela deputada bolsonarista para realizar o serviço.

Uma reportagem do jornal O Globo, aponta que Delgatti recebeu R$ 10,5 mil, da conta de Renan Goulart, atual assessor do estadual e irmão de Carla, Bruno Zambelli (PL-SP); e R$ 3 mil de Jean Guimarães Vilela, que trabalha para a deputada.

O que diz a defesa

A defesa de Walter Delgatti confirmou a prisão dele, mas negou ter tido acesso aos autos da investigação.

Em nota, Carla Zambelli disse ter recebido com surpresa o mandado de busca e apreensão em seus endereços. Ao g1, ela negou ter pago Delgatti para invadir o sistema. 

"Como eu poderia ter pedido uma fraude nas eleições no mês de novembro depois de ela ter acontecido? Os fatos não batem. O que eu tinha subcontratado através dele foi a ligação das redes sociais minhas através do meu site. Ele não conseguiu fazer. Teve a tentativa de trabalhar com ele, mas não deu certo", afirmou Carla Zambelli.

O hacker Walter Delgatti Neto foi preso preventivamente, nesta quarta-feira (2), durante operação da Polícia Federal que apura a suposta invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP). Delgatti Neto ficou conhecido por hackear trocas de mensagens do ex-juiz da Operação Lava Jato Sérgio Moro, hoje senador, e do ex-procurador da República e deputado cassado Deltan Dallagnol. Essa é a terceira vez que ele é detido.

Segundo a PF, a ofensiva investiga crimes que ocorreram entre 4 e 6 de janeiro, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ 11 alvarás de soltura de presos por motivos diversos e um mandado de prisão falso contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. A corporação ainda faz buscas em endereços ligados à deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).

##RECOMENDA##

Com codinome Vermelho, Delgatti Neto já havia sido preso, em julho de 2019, na Operação Spoofing. À época, ele admitiu aos investigadores ter hackeado o celular de diversas autoridades do País. O hacker também afirmou que repassou o conteúdo das supostas mensagens entre Moro e Dallagnol ao jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept Brasil, sem cobrar contrapartidas financeiras para repassar os dados.

As conversas mostrariam que Moro teria orientado investigações da Lava Jato ao sugerir mudança da ordem de fases da operação, dar conselhos, fornecer pistas e antecipar uma decisão a Dallagnol. Os membros da Lava Jato nunca reconheceram a autenticidade das mensagens. Entretanto, o conteúdo foi utilizado como fundamento para a 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba anular todas as decisões tomadas por Moro contra o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, por exemplo. Além disso, os arquivos obtidos à época pela Operação Spoofing foram usados pela defesa do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva na decisão do STF que considerou Moro suspeito para julgar o petista - o julgamento foi em 2021.

O hacker afirmou em nota, divulgada pela sua defesa e obtida pelo Estadão na época, que o conjunto das mensagens extraídas nos celulares de autoridades encontra-se guardado por terceiros no exterior. Em outra parte do documento, Delgatti Neto diz espantar-se com "a fragilidade do sigilo no Brasil", sugere melhoria nos sistemas de comunicação nacional e "convida a uma regulamentação e à transparência quanto ao acesso e o uso de ditas redes de informação pelo poder público, em plena defesa do melhor interesse público".

Em outubro de 2020, Delgatti passou à condição de liberdade condicional, mas voltou a ser preso novamente em junho de 2023 após violar a ordem judicial que o impedia de acessar a internet. Um mês após, juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, autorizou a soltura do hacker.

O juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal em Brasília, determinou nesta sexta-feira (2) que a Polícia Federal (PF) envie para o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes cópia da investigação sobre as invasões aos telefones celulares do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e de outras autoridades.

O magistrado, que preside a investigação, cumpriu decisão proferida por Alexandre de Moraes, relator do inquérito aberto pelo STF para apurar a divulgação de notícias falsas contra integrantes da Corte.

##RECOMENDA##

Moraes determinou na quinta-feira (1º) que todo material da investigação, incluindo mensagens de celulares, devem ser remetidos ao seu gabinete no prazo de 48 horas.

Ontem, o juiz Ricardo Leite atendeu pedido da PF e decretou a prisão preventiva dos quatro investigados presos na Operação Spoofing, que investiga os ataques de hackers.

Com a decisão, os investigados Danilo Cristiano Marques, Gustavo Henrique Elias Santos, Suelen Priscila de Oliveira e Walter Delgatti Neto vão continuar presos, mas por tempo indeterminado. Dessa forma, eles deverão ser transferidos para um presídio no Distrito Federal. De acordo com a PF, os acusados devem ser mantidos na prisão para não atrapalhar as investigações.

 

O hacker Walter Delgatti Neto, que confessou ter invadido celulares de centenas autoridades do País, incluindo o presidente Jair Bolsonaro, afirmou que o conjunto das mensagens extraídas nos celulares de autoridades encontra-se guardado por terceiros no exterior. A informação está em um documento, assinado pela defesa de Delgatti, obtido pela reportagem.

"Para todos os fins, registra, por pertinente, que o conjunto das informações está devidamente resguardada por fiéis depositários, nacionais e internacionais", diz o documento entregue pelos advogados Fabrício Martins Chaves Lucas e Gustavo Delgado Barros.

##RECOMENDA##

Em outro trecho da nota, Delgatti Neto diz espantar-se com "a fragilidade do sigilo no Brasil", sugere melhoria nos sistemas de comunicação nacional e "convida a uma regulamentação e à transparência quanto ao acesso e o uso de ditas redes de informação pelo poder público, em plena defesa do melhor interesse público, respeitados os princípios fundamentais da Constituição Federal, incluídos defesa da Cidadania, da dignidade da pessoa humana os valores do trabalho e da livre iniciativa".

Por meio do documento entregue pela defesa, Delgatti Neto afirma "que falhas no aplicativo Telegram e de outros aplicativos online, a bem de direitos individuais e do interesse público, devem ser recorrentemente testadas pelos serviços online, pelos agentes da fiscalização pública, bem como, por seus usuários."

A defesa do hacker ressaltou, em outro trecho, que seu cliente atualmente não está filiado a agremiações político partidárias. "É desinteressado em política institucional, detém plena consciência que o Estado Democrático de Direito é conquista irreversível da sociedade brasileira e o devido processo legal plenamente assegurado a cada indivíduo".

Na semana passada, no entanto, constava no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que Delgatti Neto era filiado ao DEM. Diante disso, o partido informou que o expulsaria. Até a tarde deste domingo, 28, o nome dele permanecia na lista de filiados ao DEM de Araraquara, ainda segundo o site do TSE. Delgatti Neto também diz que não reconhece o apelido de "Vermelho", e que tal denominação "jamais" foi aplicada a ele.

Preso desde terça-feira, 23, junto com outras três pessoas, Walter teve a prisão temporária prorrogada na sexta-feira, 26, por decisão da 10.ª Vara Federal de Brasília. A previsão é que nesta segunda a PF, por meio do Instituto Nacional de Criminalística, finalize as análises dos equipamentos de informática apreendidos na casa de Delgatti.

O Ministério Público Federal, assim como a PF, entendeu que a prorrogação da prisão era necessária para que o grupo não alterasse "elementos de provas em análise e outras que dependem de cumprimento de ordem judicial já deferidas pela décima vara". Além disso, a PF, alegou precisar colher "novos elementos de provas" e disse não saber ainda "a real dimensão das invasões praticadas".

A ex-deputada Manuela D'Ávila afirmou, por meio de nota, nesta sexta-feira, 26, ter repassado o contato do hacker Walter Delgatti Neto, o "Vermelho", ao jornalista Glenn Greenwald. Em depoimento revelado pela GloboNews, "Vermelho" relatou que entrou em contato com a ex-parlamentar e chegou a enviar um áudio de conversas entre procuradores para convencê-la de que tinha o material. Em seguida, o editor do The Intercept teria entrado em contato.

Manuela afirma que no dia 12 de maio, foi "comunicada pelo aplicativo Telegram de que, naquele mesmo dia", seu "dispositivo havia sido invadido no Estado da Virginia, Estados Unidos". "Minutos depois, pelo mesmo aplicativo, recebi mensagem de pessoa que, inicialmente, se identificou como alguém inserido na minha lista de contatos para, a seguir, afirmar que não era quem eu supunha que fosse, mas que era alguém que tinha obtido provas de graves atos ilícitos praticados por autoridades brasileiras".

##RECOMENDA##

"Sem se identificar, mas dizendo morar no exterior, afirmou que queria divulgar o material por ele coletado para o bem do país, sem falar ou insinuar que pretendia receber pagamento ou vantagem de qualquer natureza", relata.

A ex-deputada diz que, pela invasão do celular, imaginou "que se tratasse de alguma armadilha montada por adversários políticos". "Por isso, apesar de ser jornalista e por estar apta a produzir matérias com sigilo de fonte, repassei ao invasor do meu celular o contato do reconhecido e renomado jornalista investigativo Glenn Greenwald".

"Desconheço, portanto, a identidade de quem invadiu meu celular, e desde já, me coloco a inteira disposição para auxiliar no esclarecimento dos fatos em apuração. Estou, por isso, orientando os meus advogados a procederem a imediata entrega das cópias das mensagens que recebi pelo aplicativo Telegram à Polícia Federal, bem como a formalmente informarem, a quem de direito, que estou à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos sobre o ocorrido e para apresentar meu aparelho celular à exame pericial", afirma.

Preso sob suspeita de hackear os celulares do ministro da Justiça, Sérgio Moro, do coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, o procurador da República Deltan Dallagnol, e de autoridades da cúpula dos três Poderes, Walter Delgatti Neto, o Vermelho, mantém um perfil no Twitter com publicações de diversas críticas aos alvos dos ataques virtuais.

A conta de Vermelho na rede social ficou inativa de 2011 até maio deste ano, dias antes da primeira divulgação de conversas atribuídas a Moro e a procuradores da Lava Jato pelo site The Intercept Brasil, em 9 de junho.

##RECOMENDA##

"Sérgio Moro, assume tudo logo, colabora com a Justiça, conta tudo o que sabe", postou o perfil atribuído a Vermelho, logo após as mensagens vazadas começarem a ser divulgadas. "Cada dia que passa está ficando mais ridículo sua defesa apresentada. A casa caiu, tampar o sol com a peneira não vai adiantar", escreveu.

Além de reproduzir notícias sobre as supostas conversas do então juiz, a conta vinculada a Vermelho publicou piadas sobre o caso e pedidos para que o ministro renunciasse ao cargo. "Será que o Moro vai ficar aí?", escreveu em resposta ao próprio titular da Justiça, que havia compartilhado uma notícia sobre uma penitenciária federal.

Em algumas publicações, a conta usou a hashtag #JuizLadrão, em referência à declaração do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ). Durante audiência de Moro na Câmara para dar explicações sobre as mensagens, o parlamentar chamou o ministro de "juiz ladrão".

"Deve ser difícil ter que fazer coisas que você não queria fazer, né?", tuitou o perfil de Vermelho em resposta à publicação de Moro em que o ministro da Justiça aparece em fotografia ao lado do presidente Jair Bolsonaro na final da Copa América. "Tentar maquiar tudo que está acontecendo? Fingir que tudo está bem? Dá para ver no seu rosto que nada está bem, deprimente isso!"

Na conta associada ao hacker ainda há críticas e ataques a Bolsonaro. Há retuítes de publicações de perfis que chamam o presidente de "cretino" e fazem ironias. "Jair Bolsonaro sendo vaiado por uma torcida que pagou 600 talkeys no ingresso? Por essa eu não esperava", diz uma das mensagens replicadas.

Em 20 de julho, foi publicada na conta, sem legenda, uma montagem em que o rosto do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), aparece com uma coroa, no corpo do rei Luiz I da Hungria. Vermelho se filiou ao DEM em 2007. O presidente do partido e prefeito de Salvador, ACM Neto, disse que pediu nesta quinta-feira, 25, a expulsão de Walter Vermelho da legenda.

'Muito grave'

Em Araraquara, no interior paulista, Otília Gomes Delgatti, avó de Vermelho, ainda não se recuperou do susto. Na terça-feira passada, quatro viaturas da Polícia Federal cercaram sua casa. Os agentes procuravam seu neto. "Acho que ele fez uma coisa muito grave, se for verdade", afirmou dona Otília, de 82 anos.

Vermelho foi localizado e preso na cidade de Ribeirão Preto - em depoimento, ele confessou ter hackeado o telefone de Moro e de outras autoridades.

O aparato policial na casa de dona Otília chamou a atenção dos vizinhos, pouco acostumados ao movimento no pacato bairro residencial. Ela descansava quando os agentes chegaram. "Reviraram a casa inteira, procuraram até no quintal e na casa do cachorro", relatou.

"Eles foram educados, até gentis comigo. Foram ao quarto, ao banheiro, procuraram em tudo, mas meu neto, que eles procuravam, não estava. Ele saiu daqui em abril e eu esperava que ele voltasse. Neto dava notícias, dizia que estava em São Paulo. Só soube da prisão depois que a polícia foi embora. Ele estava em Ribeirão Preto, em um hotel. Eu não sabia", afirmou a avó de Vermelho.

Dona Otília, que mora com outro neto, Wisley, irmão de Walter Vermelho, disse ainda que os dois ficaram abalados após a morte do pai, Walter Filho, em novembro do ano passado. "O Waltinho morreu engasgado com comida. Teve um enfarte enquanto comia. Eles ficaram arrasados."

De acordo com dona Otília, seus netos são pouco ligados à mãe, Silvana Aparecida Francisco Delgatti, que mora em um outro bairro de Araraquara. "Era tudo aqui comigo, eu os criei como filhos, a referência deles é esta casa que meu marido me deixou", afirmou. Silvana não foi localizada pela reportagem para comentar a prisão do filho.

A avó contou também que Vermelho sempre foi um rapaz curioso e inteligente. "Ele tinha 12 anos quando veio morar comigo. Eu e meu marido cuidávamos dele. Neto sabia conversar e, que eu saiba, não fazia nada errado. Estão falando muitas coisas. O celular do Moro e do Bolsonaro... Quanta elegância", disse ela.

Otília afirmou ainda não conhecer os outros suspeitos presos. "Vieram aqui, me entrevistaram, mas eu não sabia de nada. Não conheço os outros meninos, o tal de Guto (Gustavo Santos, também preso) nunca veio aqui."

Vermelho levava uma vida que, para ela, era normal. "Ele é muito bom, tinha muitos amigos. Não era casado, então tinha as namoradas por aí." Ela disse que o outro neto, Wisley, procurou um advogado. "Ele disse que em cinco dias o Neto vai estar aqui. Acho que ele volta logo. Vou ficar esperando." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Dona Otília Gomes Delgatti, de 82 anos, ainda não se recuperou do susto quando, na terça-feira passada, 23, quatro viaturas da Polícia Federal cercaram sua casa, numa esquina da Avenida Santa Inês, na Vila Santa Maria, em Araraquara, interior de São Paulo. Os agentes procuravam seu neto, Walter Delgatti Neto, de 30 anos, acusado de invadir os celulares de autoridades como o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e o próprio presidente Jair Bolsonaro (PSL). "Acho que ele fez uma coisa muito grave, se for verdade", afirmou.

Delgatti foi um dos quatro presos na operação de terça-feira. Ele foi localizado em Ribeirão Preto. Em depoimento, assumiu ter hackeado o telefone de Moro e outras autoridades.

##RECOMENDA##

O aparato policial na casa de Dona Otília chamou a atenção dos vizinhos, pouco acostumados ao movimento no pacato bairro residencial, embora próximo do centro. A senhora descansava quando os agentes chegaram. "Reviraram a casa inteira, procuraram até no quintal e na casa do cachorro", disse.

"Eles foram educados, até gentis comigo. Foram ao quarto, ao banheiro, procuraram em tudo, mas meu neto, que eles procuravam, não estava. Ele saiu daqui em abril e eu esperava que ele voltasse. O Neto dava notícias, dizia que estava em São Paulo. Só soube da prisão depois que a polícia foi embora. Ele estava em Ribeirão Preto, em um hotel. Eu não sabia", afirmou.

Dona Otília, que mora com outro neto, Wisley, irmão de Walter, disse que os dois ficaram abalados após a morte do pai, Walter Filho, no dia 20 de novembro de 2018. "O Waltinho morreu engasgado com comida. Teve um enfarte enquanto comia. Eles ficaram arrasados." Ela tem outro filho, tio de Walter, que trabalha na prefeitura.

Conforme a senhora, seus netos eram pouco ligados à mãe deles, Silvana Aparecida Francisco Delgatti, que mora em outro bairro, o Selmi Dei. "Era tudo aqui comigo, eu os criei como filhos, a referência deles é esta casa que meu marido me deixou", afirmou. Silvana não tinha sido localizada pela reportagem até o início da tarde.

A avó contou que Walter sempre foi um rapaz curioso e inteligente. "Ele tinha 12 anos quando veio morar comigo. Eu e meu marido cuidávamos dele. O Neto sabia conversar e, que eu saiba, não fazia nada errado. Estão falando muitas coisas. O celular do Moro e também do Bolsonaro... quanta elegância!", disse.

A idosa acompanha o noticiário por uma televisão antiga, de tubo. "Já saí na televisão, vieram aqui, me entrevistaram, mas eu não sabia de nada. Eu não esperava nada disso. Não conheço os outros meninos, o tal de Guto (o DJ Gustavo Santos, também preso) nunca veio aqui." Conforme a avó, o neto levava uma vida que, para ela, era normal. "Ele é muito bom, tinha muitos amigos. Não era casado, então tinha as namoradas por aí, corria o trecho passeando." Ela disse que o outro neto, Wisley, chegou a falar com um advogado. "Ele disse que em cinco dias o Neto vai estar aqui. Acho que ele volta logo. Vou ficar esperando."

Vizinhos da família dizem que o rapaz é simpático, mas ninguém sabia da vida privada dele. Muitos não quiseram se identificar. O pintor Sebastião Luiz Filho, de 62 anos, que conhece os Delgatti há 30 anos, disse que o Walter não aparentava nada de errado. "Era um menino bom com as pessoas, tratava todo mundo bem. A avó dele, essa senhora, é uma pessoa boníssima. A molecada, hoje em dia, a gente não sabe quando vai aprontar." Sebastião disse que Neto não aparentava ter dinheiro. "Às vezes ele estava de carro, outras chegava a pé. Ultimamente ele não era visto aqui pelo bairro."

Na delegacia seccional da Polícia Civil de Araraquara nenhum policial quis falar do caso. O delegado seccional substituto Vinícius Moreira disse que o caso está sendo conduzido pela Polícia Federal e que também não falaria sobre a vida pregressa do hacker. O advogado Toni Rogério Silvano Onofre, com escritório próximo da delegacia, disse que foi procurado por um parente de Walter Delgatti. "Foi uma conversa no sentido de acompanharmos o Walter em Brasília e aqui, mas ainda não fechamos. Preciso ver o caso em mais detalhes. Já fizemos casos de hacker e tivemos sucesso", disse.

O diretório nacional do DEM decidiu expulsar Walter Delgatti Neto do partido. Suspeitos de invadir telefones celulares, incluindo os aparelhos de autoridades públicas como o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, Neto foi detido em caráter temporário nesta terça-feira (23), no âmbito da Operação Spoofing, da Polícia Federal (PF).

Em nota divulgada hoje (25), o DEM informou que a expulsão sumária foi determinada pelo presidente nacional da legenda, Antonio Carlos Magalhães Neto, prefeito de Salvador (BA). A investigação policial está em curso e tanto Walter, quanto os outros três suspeitos detidos na mesma operação são tratados com suspeitos. Ainda assim, para ACM Neto, está claro que Walter descumpriu dever éticos previstos no Estatuto do partido.

##RECOMENDA##

Admitindo a tese de que o filiado está “envolvido com o ataque hacker a celulares de autoridades”, o partido defende que a Justiça esclareça os fatos “e que os envolvidos no processo criminoso sejam punidos de forma efetiva e com todo o rigor”.

Walter era filiado ao diretório de Araraquara, cidade do interior de São Paulo onde reside. Segundo o DEM, ele não tem participação ativa no cotidiano partidário e a legenda não pode se responsabilizar pelas atitudes de seus milhares de filiados. “Condenamos, de maneira veemente e dura, o cometimento de qualquer ato de irregularidade por quem quer que seja – filiado ao DEM ou outras legendas”, acrescenta o diretório nacional na nota assinada por ACM Neto.

Hoje (25), o Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que a Polícia Federal (PF) verificou que aparelhos celulares usados pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, também foi alvo da ação do grupo que, de acordo com a PF, pode ter invadido ao menos mil linhas telefônicas.

Além de Walter, estão detidos, em Brasília, Danilo Cristiano Marques; Gustavo Henrique Elias Santos e sua companheira, Suelen Priscila de Oliveira. Ontem (24), o advogado do casal Gustavo-Suelen, Ariovaldo Moreira, revelou a jornalistas que seu cliente confirmou que, há alguns meses, Walter lhe enviou, pelas redes sociais, imagens de uma suposta mensagem enviada pelo então juiz federal Sergio Moro a outras autoridades públicas.

“Segundo Gustavo, Walter mostrou a ele algumas interceptações de uma autoridade há algum tempo. Essa autoridade era o hoje ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, mas Gustavo negou qualquer envolvimento com a interceptação dessas mensagens. E, inclusive, chegou a alertar Walter que aquilo lhe causaria problemas”, disse o advogado, acrescentando que Gustavo não denunciou Walter pela relação de amizade que mantinham, embora já não se encontrassem há algum tempo.

 

 Um dos presos na Operação Spoofing, que investiga o ataque hacker ao celular do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, Walter Delgatti Neto afirmou ter dado as informações obtidas na conta do ex-juiz no aplicativo Telegram para o jornalista Glenn Greenwald, responsável pelo site The Intercept Brasil. A informação é do jornal Estadão.  

De acordo com a reportagem, o jornal confirmou o fato com duas fontes ligadas às investigações. E elas afirmaram que Walter Delgatti Neto disse conhecer Greenwald. Contudo, não houve confirmação se o repasse das informações teria sido pessoalmente ou por algum contato virtual. 

##RECOMENDA##

A defesa do jornalista disse, em nota, que “não comenta assuntos relacionados à identidade de suas fontes anônimas”. Segundo o site, a Operação Spoonfing, deflagrada pela Polícia Federal, "não muda o fato de que a Constituição Federal garante o direito do Intercept de publicar suas reportagens e manter o sigilo da fonte, mesmo direito garantido para toda a imprensa brasileira".

O The Intercept Brasil começou a divulgar no dia 9 de junho mensagens trocadas entre Sergio Moro e procuradores da Lava Jato, como Deltan Dallagnol, no período em que ele ainda era juiz e respondia pelo caso na primeira instância em Curitiba. Conversas sugerem interferência de Moro em acordo de delação premiada do escândalo de corrupção.  

A afirmativa de que Walter Delgatti Neto teria dado as informações para Glenn Greenwald, segundo o periódico, está sendo observada com cautela pelos investigadores porque o suspeito é apontado como estelionatário.  

Para obter mais detalhes sobre isso, o juiz Vallisney Oliveira, da 10.ª Vara Federal de Brasília, permitiu a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telemático de Neto e dos outros três presos: Gustavo Henrique Elias Santos, Suellen Priscila de Oliveira e Danilo Cristiano Marques.

A informação de que um dos suspeitos de hackear o celular do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, tinha a intenção de vender o conteúdo das mensagens para o PT foi repudiada pelo partido. Em nota, a legenda afirma que o ex-juiz tenta “produzir mais uma armação” contra a legenda.  

“Acuado, o ex-juiz repete seus conhecidos métodos: prisões espetaculares e vazamentos direcionados contra seus adversários. É criminosa a tentativa de envolver o PT num caso em que é Moro que tem de se explicar e em que o maior implicado é filiado ao DEM”, ressalta o texto. 

##RECOMENDA##

“O PT tomará as medidas judiciais cabíveis contra os agentes e os responsáveis por mais esta farsa. Quem deve explicações ao país e à Justiça é Sergio Moro, não quem denuncia seus crimes”, acrescenta. 

Em depoimento, de acordo com o advogado de defesa Ariovaldo Moreira, Gustavo Henrique Elias Santos confirmou que Walter Delgatti Neto hackeou Sergio Moro e disse que queria vender as mensagens para o PT.  

"Ele confirma que o Walter tinha realmente, ao menos, informações acerca da conta do Telegram do juiz Sergio Moro. Ele tinha essas informações. A única coisa que ele acrescentou a mais do que eu disse para vocês, é que a intenção dele era vender essas informações para o PT. Essa informação, isso daí está nos autos, é oficial", declarou Ariovaldo Moreira em entrevista. 

Veja a nota na íntegra: 

“O ministro Sergio Moro, responsável pela farsa judicial contra o ex-presidente Lula, comanda agora um inquérito da Polícia Federal com o claro objetivo de produzir mais uma armação contra o PT. 

As investigações da PF sobre as pessoas presas em São Paulo confirmam a autenticidade das conversas ilegais e escandalosas que Moro tentou desqualificar nas últimas semanas. 

Acuado, o ex-juiz repete seus conhecidos métodos: prisões espetaculares e vazamentos direcionados contra seus adversários. É criminosa a tentativa de envolver o PT num caso em que é Moro que tem de se explicar e em que o maior implicado é filiado ao DEM. 

O PT sempre foi alvo desse tipo de farsa, como ocorreu na véspera da eleição presidencial de 1989, quando a polícia vestiu camisetas do partido nos sequestradores do empresário Abílio Diniz antes de apresentá-los à imprensa. 

O PT tomará as medidas judiciais cabíveis contra os agentes e os responsáveis por mais esta farsa. Quem deve explicações ao país e à Justiça é Sergio Moro, não quem denuncia seus crimes. 

Brasília, 24 de julho de 2019

Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT

Paulo Pimenta, líder do PT na Câmara dos Deputados

Humberto Costa, líder do PT no Senado Federal”

 O advogado Ariovaldo Moreira que é responsável pela defesa de Gustavo Henrique Elias Santos e de sua mulher, Suelen Oliveira, presos temporariamente no âmbito da Operação Spoofing, que investiga o ataque hacker ao celular do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, afirmou que a intenção de um dos suspeitos era vender o conteúdo das conversas interceptadas para o Partido dos Trabalhadores (PT). 

O defensor disse que, segundo seu cliente, o objetivo de Walter Delgatti Neto, outro preso na última terça-feira (23), era repassar as informações obtidas do celular de Moro.  

##RECOMENDA##

"Ele confirma que o Walter tinha realmente, ao menos, informações acerca da conta do Telegram do juiz Sergio Moro. Ele tinha essas informações. A única coisa que ele acrescentou a mais do que eu disse para vocês, é que a intenção dele era vender essas informações para o PT. Essa informação, isso daí está nos autos, é oficial", declarou aos jornalistas, na Superintendência da Polícia Federal em Brasília na noite dessa quarta-feira (24), depois de acompanhar os depoimentos. 

Questionado sobre detalhes da intenção, o advogado reforçou: “Walter disse para ele que a intenção seria, na hora que ele mostrou as informações para o meu cliente, meu cliente falou para ele mais de uma vez: ‘Rapaz, isso é um pouco perigoso, toma cuidado’. E ele falou: ‘A minha intenção é vender para o Partido dos Trabalhadores’.”  

“E o meu cliente narrou que o Walter é um sujeito bem propenso ao Partido dos Trabalhadores. É uma pessoa que tem uma certa simpatia ao Partido dos Trabalhadores”, acrescentou. 

Indagado se a venda se confirmou, Ariovaldo Moreira não soube confirmar. “Meu cliente não tem essa informação. A única coisa que meu cliente narrou é que o Walter disse para ele a intenção de vender isso para o Partido dos Trabalhadores. Se ele vendeu, se ele não vendeu, se ele entregou esse material gratuitamente para alguém, isso nós não sabemos”, disse. 

Apesar dessa propensão exposta pelo advogado, Walter Delgatti Neto é filiado ao DEM pelo menos desde 2007, com situação regular, de acordo com o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Ao autorizar a Polícia Federal (PF) a prender, em caráter temporário, quatro dos suspeitos de acessar, sem autorização, os telefones celulares de autoridades públicas como o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, o juiz Vallisney de Souza Oliveira, titular da 10ª Vara Federal de Brasília, afirmou enxergar “fortes indícios de que os investigados integram organização criminosa”.

Em sua decisão, o magistrado escreveu que, ao pedir a prisão temporária de Danilo Cristiano Marques, Gustavo Henrique Elias Santos, Suelen Priscila de Oliveira e Walter Delgatti Neto, a PF apresentou “um histórico de possíveis crimes” que os investigados praticaram em conjunto” para “violar o sigilo telefônico de diversas autoridades públicas brasileiras via invasão do aplicativo Telegram”.

##RECOMENDA##

Para o juiz, as prisões temporárias dos investigados pelo prazo de cinco dias são essenciais para a obtenção de provas. Inclusive, “sendo o caso, provas contra outros [possíveis] membros da organização”. Além das detenções temporárias, Oliveira autorizou também a realização de buscas e apreensões em sete endereços ligados aos suspeitos, nas cidades de Araraquara, Ribeirão Preto e São Paulo.

O magistrado também autorizou a quebra do sigilo das mensagens eletrônicas dos investigados, determinando às empresas Apple, Google, Uol/Bol e Microsoft que forneçam os dados cadastrais, os registros IP de acesso e todos os dados e arquivos em nuvem relativos às contas de e-mail dos suspeitos que tenham sido armazenados nos últimos seis meses.

Por fim, o juiz deferiu o pedido de quebra do sigilo bancário de Danilo, Gustavo, Suelen e de Walter, determinando ao Banco Central comunicar a decisão judicial às instituições bancárias com quem os quatro tenham se relacionado entre primeiro de janeiro deste ano e 17 de julho. Valores superiores a R$ 1 mil disponíveis nas contas dos suspeitos deverão ser bloqueados.

De acordo com a PF, Gustavo movimentou em sua conta bancária R$ 424 mil entre 18 de abril e 29 de junho deste ano. Sua companheira, Suelen, movimentou pouco mais de R$ 203 mil entre sete de março e 29 de maio últimos. Ainda segundo a PF, Gustavo, um dj de 28 anos, informou ao banco em que tem conta que seu rendimento mensal é da ordem de R$ 2.866. Suelen informou ganhar, mensalmente, cerca de R$ 2.192.

Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, ontem (23), os policiais federais apreenderam R$ 100 mil na casa de Gustavo. De acordo com o advogado Ariovaldo Moreira, defensor do casal Gustavo e Suellen, a quantia apreendida seria usada para a compra de bitcoins (criptomoeda). “Ele garante ter como comprovar a origem do dinheiro apreendido”, afirmou, hoje, Moreira.

 

Um dos quatro suspeitos de estar envolvido no ataque hacker contra o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, preso pela Polícia Federal (PF) nessa terça-feira (23) é filiado ao DEM. A informação é do site O Antagonista. De acordo com a publicação, Walter Delgatti Neto, como foi identificado, é do mesmo partido do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.   

A PF, contudo, não confirmou o nome do suspeito e as investigações correm em segredo. O Democratas não se posicionou sobre o assunto até o momento. 

##RECOMENDA##

Delgatti Neto foi preso em Araraquara. Ainda de acordo com O Antagonista, ele já foi preso e condenado por receptação, falsificação de documentos e porte ilegal de arma. O suspeito também é investigado por crimes de estelionato e foi detido, em 2015, com uma carteira falsa de delegado de polícia. 

Além dele, outro preso identificado é Gustavo Henrique Elias Santos, de 28 anos, preso em São Paulo. De acordo com o jornal Folha de São Paulo, Gustavo é DJ e já foi condenado por porte ilegal de arma. O advogado Ariovaldo Moreira, que defende Santos, disse desconhecer o envolvimento de seu cliente com atividades de hackers. A companheira dele, Suelen, também teria sido presa. 

No total foram detidas quatro pessoas na operação foi batizada de Spoofing. A ação foi determinada pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, titular da 10ª Vara Federal de Brasília. As prisões aconteceram em Araraquara, São Paulo e Ribeirão Preto. 

De acordo com as investigações, os quatro fariam parte uma organização criminosa que pratica crimes cibernéticos.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando