Destravamento de consoles: um impasse para muitos gamers

Em sua maioria, técnicas de destravamento são criadas por funcionários das próprias fabricantes de games, como a Sony e a Microsoft

por Nathália Guimarães sex, 15/11/2013 - 10:00
Reprodução Entre as táticas de destravamento, está a implantação de chips na placa mãe do console Reprodução

É possível que muitos gamers já tenham sofrido este impasse: destravar o console e poder jogar diversos games a um preço muito menor ou priorizar a jogabilidade online e a garantia do aparelho? É fato que hoje, onde a maioria dos títulos eletrônicos possuem um modo de jogo conectado a web, a atividade está se tornando cada vez mais rara. Mas quem já teve um PlayStation 2 deve lembrar com clareza da febre dos destravamentos, época em que videogames “livres” para mídias piratas eram vendidos até mesmo em centros comerciais.

A atividade ilícita funciona de variadas formas. No PlayStation 2, por exemplo, basta que seja soldado um chip na placa mãe que faz o leitor do console ler jogos em mídias desconhecidas pelo aparelho. Já no Playstation Portable, o PSP, também da Sony, é só rodar um software que pode ser utilizado até por quem não tenha conhecimento tecnológico. Já para a plataforma da Microsoft, o Xbox, o processo é diferente. Para “liberar” o console, é necessário conectar o leitor da placa-mãe a um computador para que o videogame reconheça o leitor como uma nova unidade de disco.

Quem fizer uma pesquisa rápida na web, irá encontrar diversos tutoriais, assim como diversos relatos de falhas. De acordo com Fábio*, funcionário de uma grande loja de games do centro do Recife, todo título eletrônico moderno possuí um programa embutido para ler e rodar os jogos. “Assim, o console busca esta informação para checar se o disco é original, se não for, ele trava. Estes chips servem como uma espécie de ponte entre esse processo de certificação”, complementa.

Em sua maioria, estas técnicas são criadas por funcionários das próprias fabricantes de games, como a Sony e a Microsoft, explica o técnico. “O problema é a espionagem industrial. Além disso, vender ou distribuir jogos sem nota fiscal é crime de pirataria”, ressalta. Vale lembrar que quem possui um console destravado perde a capacidade de atualização do mesmo e, um recurso muito importante para qualquer player cuidadoso, a garantia.

E é esse um dos motivos que faz o estudante de nutrição de 22 anos, Vitor Falcão, não recorrer ao destravamento. Ele, que possui um Nintendo 3DS XL, um PSP, um PlayStation 2 e um Xbox 360, conseguiu um desconto por três anos de garantia no seu videogame da Microsoft. “Não vejo vantagem em pagar caro por um produto e quebrar sua garantia para ter mais um custo caso ele quebre dentro do período”, explica o estudante.

O acervo de Vitor conta com cerca de 30 games originais, incluindo os gratuitos que ele recebeu da Xbox Live, que inclusive apresenta boas promoções frequentemente. “Já comprei Tomb Raider Legends por R$ 5,29 ou Resident Evil Code Veronica X por R$ 30. Então vejo mais vantagem comprar jogos originais. Eles são caros, logo em seus lançamentos, mas logo os preços são reajustados”, complementa.

Se pudesse elencar a maior vantagem de ter um console travado, o estudante é categórico: jogar online. “Uma vez pirata, não posso conectá-lo a internet, não tem como aproveitar atualizações também”, ressalta.

Já o também estudante Rafael*, de 20 anos, que possui um PlayStation 2 e um PSP destravados, lembra que comprou ambos os aparelhos já “livres” em uma loja física. “Inclusive o preço do destravamento já era incluído no valor do console”, explica. Em seu armário, estão guardados cerca de 300 jogos piratas. “Minha opção foi pelo preço, já que os originais são extremamente caros. Vale lembrar que estes aparelhos não são como o PlayStation 3, onde jogar online é crucial. Eu não realizaria o processo nos videogames atuais”, finaliza

*Sobrenomes suprimidos a pedido dos entrevistados

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