Jovens viciados em games revelam rotina compulsiva

Obsessão por jogos de internet e videogames já é classificada como problema de saúde mental pela Organização Mundial de Saúde (OMS)

qui, 22/08/2019 - 16:08

O vício é um comportamento compulsivo prejudicial à saúde. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a obsessão por videogame e jogos de internet é um problema de saúde mental que consta na 11ª Classificação Internacional de Doenças (CID).

“Comecei a jogar com 10 anos de idade. Ia todos os dias no ciber. Hoje em dia, fico seis horas jogando. Já pensei várias vezes em parar, pois sei que o vício não faz bem.  Atrapalha a minha vida cotidiana, não sinto vontade de sair e, às vezes, me questiono se devo ir trabalhar mesmo”, disse Brendo de Luca, 23 anos, auxiliar administrativo da Polícia Militar do Pará.

O transtorno dos jogos eletrônicos — tradução livre do termo em inglês gaming disorder — é definido como um padrão comportamental que prejudica a capacidade de controlar a prática desse tipo de entretenimento, segundo informe da OMS. "O problema também é caracterizado pela continuidade ou intensificação do ato de jogar, mesmo com a ocorrência de consequências negativas."

Causadores de dependência, os games passam a ser prioritários na vida do indivíduo, em detrimento de outras atividades. O jogo se torna mais importante que outros interesses e ações diárias, explica o site da OMS. "Para que o transtorno dos jogos eletrônicos seja diagnosticado, o padrão de comportamento deve ser de gravidade suficiente para resultar em um comprometimento significativo nas áreas de funcionamento pessoal, familiar, social, educacional, profissional ou outras áreas importantes. Também deve ser observado regularmente por pelo menos 12 meses."

Axel Cortez, 25 anos, estudante que mora em Belém, foi apresentado a um jogo chamado “tamagotchi” aos 4 anos. Por volta dos 5 anos, o seu pai comprou um “Super Nintendo”. Ele fica em média entre duas e três horas por dia jogando, mas confessa que antigamente jogava mais. “A reunião para jogar com os meus amigos durava o dia inteiro e eu só parava para fazer as necessidades fisiológicas. Às vezes, não comia corretamente e negligenciava os estudos”, declara.

Segundo Elizabeth Levy, psicanalista, lidar com alguém que é viciado em jogo ou qualquer outra coisa exige a mesma conduta: a pessoa precisa querer e buscar tratamento. Em casos de crianças, os pais e educadores devem impor limites. “Adulto é mais difícil. Porém, quem estiver por perto pode buscar auxilio de psicoterapia’’, afirma.

“Ficar horas do dia jogando pode trazer malefícios como insônia, obesidade e depressão. A pessoa deixa de socializar, ter uma boa alimentação e fazer exercício físico’’, afirma a psicanalista Elizabeth.

Reportagem de Amanda Martins.

 

 

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