Vaticano cria órgão para debater inteligência artificial

Segundo religioso, ideia é defender questões morais sobre tema

ter, 18/05/2021 - 09:30
Pixabay Papa Francisco aceitou a sugestão do presidente da Pontifícia Academia para a Vida Pixabay

O Vaticano instituiu um órgão interno que terá como foco o estudo do uso da inteligência artificial, após um pedido do presidente da Pontifícia Academia para a Vida, monsenhor Vincenzo Paglia.



    Segundo apurou a ANSA, o papa Francisco aceitou a sugestão do religioso e um documento sobre a criação foi firmado em 16 de abril pelo secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin. A Fundação para Inteligência Artificial ficará sob o controle da Academia liderada por Paglia e já teve seu estatuto interno aprovado.



    Após a revelação da notícia, o religioso conversou com a ANSA e informou que a ideia de criar o órgão veio após a carta firmada em fevereiro de 2020, chamada de "Rome Call for AI Ethics", que visa ter uma "aproximação ética" sobre o uso da tecnologia.



    O texto foi assinado à época pelo presidente da Microsoft, Brad Smith, pelo vice-presidente da IBM, John Kelly III, pelo diretor-geral da agência da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO), Qu Dongyu, e pela representante do governo italiano, a então ministra para Inovação e Tecnologia, Paola Pisano.



    "A sua função será difundir essa carta por todo o mundo porque acreditamos que, perante à invasão dessa dimensão na vida de todos, seja importante reafirmar as perspectivas éticas, educativas e também jurídicas para a inteligência artificial. No momento da elaboração e da assinatura da 'Call', criamos o termo 'algorEtica' porque também os algoritmos têm necessidade de uma dimensão moral", pontuou Paglia.



    Segundo o presidente da Pontifícia Academia para a Vida, há atualmente diversas questões sobre o uso indiscriminado dessa tecnologia, como no caso do "reconhecimento facial" usado por governos em vias e transportes públicos e que podem "bloquear a vida de qualquer um".



    "Precisamos evitar uma ditadura dessas novas tecnologias e que quem possui o 'big data' faça o que bem quiser. E não queremos que o desenvolvimento tecnológico saia da perspectiva humana", acrescentou ainda o religioso.



    Paglia afirmou que está sendo negociado um novo evento sobre o assunto, que provavelmente será realizado em outubro em Dubai, e que o documento não é de ninguém em particular "mas sim de todos que o assinam".

Da Ansa

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