'Far Cry 6' simplifica a fórmula da franquia

Título brilha por oferecer o gameplay mais polido de toda a saga, mas peca na abordagem de sua história; Confira a resenha

por Alfredo Carvalho ter, 19/10/2021 - 20:15
Divulgação/Ubisoft Divulgação/Ubisoft

A desenvolvedora e publicadora de jogos francês Ubisoft, lançou o sexto capítulo da popular franquia “Far Cry”, que se caracteriza por ser um game de tiro em primeira pessoa, de mundo aberto e com elementos de RPG. Em “Far Cry 6”, a empresa mantém a mesma fórmula de seus antecessores, porém, de uma maneira mais simplificada.

Veteranos da franquia se sentirão familiarizados com “Far Cry 6”, pois sua estrutura é a mesma dos títulos anteriores. O jogador terá acesso a um grande mapa aberto, onde poderá seguir pelas missões principais da história, que podem ser concluídas em aproximadamente 30 horas de gameplay.

Os que desejam alargar o tempo de campanha podem optar pelas missões secundárias, que se resumem a conquistar postos inimigos, realizar caças, corridas, jogar dominó e abater estruturas antiaéreas.

Outra possibilidade é a polêmica rinha de galo, em que é possível colocar as aves para  duelarem uma contra a outra e que tem rendido críticas à Ubisoft por parte do público e também pela associação People for the Ethical Treatment of Animals (PETA), responsável pelos direitos dos animais.

Polêmicas à parte, por meio das missões alternativas, o jogador pode conquistar novos equipamentos, armas, veículos e também os nomeados “parças”, que são animais treinados, que vão batalhar ao lado do jogador, tal como já acontecia em “Far Cry Primal” (2016), “Far Cry 5” (2018) e “Far Cry: New Dawn” (2019).

Embora se assemelhe em vários aspectos de seus antecessores, “Far Cry 6” abandona alguns elementos de RPG que marcavam presença na franquia, como por exemplo, a árvore de habilidades que possibilitava uma progressão gradual do protagonista no decorrer dos jogos.

Desta vez, habilidades como consertar veículos, pilhar os corpos com o máximo de velocidade, carregar o máximo de armamentos, alta resistência a danos e máximo fôlego para correr e nadar estão disponíveis desde o início da jornada. Muito disso pode ser justificado pelo fato do protagonista Dani Rojas (que pode ser homem ou mulher, de acordo com a escolha inicial do jogador) ser um ex-militar, com experiência de guerra.  

Apesar de ser simples, o gameplay durante as missões é frenético, e é nesse ponto que “Far Cry 6” brilha. O jogador possui liberdade para cumprir as missões da maneira que achar melhor, seja por meio de uma abordagem furtiva ou no velho estilo “Rambo”, com tiro para todos os lados.

O sistema de gameplay de “Far Cry 6” pode ser considerado a versão mais polida de toda a franquia. O título oferece uma grande variedade de armas, acessórios e tipos diferentes de veículos (terrestres, aquáticos e aéreos). A grande novidade, é o equipamento “Supremo”, que pode oferecer vantagens nos confrontos, seja por causar uma grande explosão de área, danificar os gadgets dos inimigos ou por aumentar a resistência de Dani Rojas a tiros.

Por outro lado, a história de “Far Cry 6” é rasa e perde uma grande oportunidade de brilhar. O principal antagonista do título é o presidente ditatorial da ilha fictícia Yara, Antón Castillo e a missão e Dani Rojas é livrar Yara da opressão causada pelo seu líder. Para isso, o jogador precisará conquistar cada território da ilha e adquirir a confiança dos moradores e guerrilheiros de cada região.

Embora trate de temas sérios, como ditadura, racismo, homofobia e outros tipos de preconceitos, tudo é mostrado de uma maneira superficial, sem o devido aprofundamento. O próprio vilão, interpretado pelo ator Giancarlo Esposito, conhecido por trabalhos de antagonistas nas séries “Breaking Bad” (2008-2013) e “O Mandaloriano” (2019), que teria todas as chances de se destacar, sofre por não ter muita presença na narrativa.

O protagonista Dani Rojas também não possui o melhor desempenho, pois basicamente não possui personalidade ou opiniões que impactam no andamento da história. Em alguns momentos, a narrativa de “Far Cry 6” tenta impactar com a morte de alguns personagens, mas a falta de carisma dessas figuras, faz com que esses ocorridos não sejam sentidos pelos jogadores.

Outro ponto problemático que assombra “Far Cry 6” e outros títulos recentes da Ubisoft, são as fracas expressões faciais, que falham em transmitir o verdadeiro sentimento de uma cena.

 Na sombra de Far Cry 3

Em 2012, a Ubisoft obteve um expressivo sucesso com “Far Cry 3”, que apresentava mecânicas inovadoras para a sua época e personagens carismáticos, entre eles, o insano vilão Vaas Montenegro, que agradou a maioria dos fãs da época.

Desde então, todas as sequências que a franquia recebeu, aparentam viver na sombra de seu terceiro episódio, sem a preocupação de inovar, mas de tentar emular as mesmas sensações que “Far Cry 3” causou em 2012. Nove anos depois, esse mesmo tipo de situação ocorre em “Far Cry 6”.

Embora o título seja competente no que se propõe a fazer, esse seria o momento ideal para a Ubisoft fazer uma pausa nos lançamentos frequentes de “Far Cry” e repensar a franquia, semelhante ao que ocorreu com a saga “Assassins Creed” em 2016.

“Far Cry 6” em termos gerais, é um mais do mesmo, só que com pequenos detalhes adicionais. Essa fórmula, apesar de ser divertida, já não oferece o mesmo impacto que trazia há alguns anos atrás e, se futuros títulos da saga continuarem a seguir por esse caminho, a franquia pode se tornar saturada para seus fãs.

O sexto capítulo da saga está disponível para PC, por R$249,99; e Playstation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series X/S por R$279,90.

COMENTÁRIOS dos leitores