Remake de 'Pokémon' reproduz a experiência dos originais
“Brilliant Diamond & Shining Pearl” não acrescenta muitas novidades se comparado aos originais, além de optar por um estilo gráfico questionável; acompanhe a resenha
Os remakes já se consolidaram como tradição na franquia "Pokémon", já que as gerações de um a três receberam suas devidas releituras, em diferentes gerações de consoles. Por conta disso, os fãs sabiam que era só questão de tempo para que a 4º geração de 2006, “Diamond” e “Pearl” recebesse a sua reimaginação.
Após muitos rumores e expectativas, "Pokémon Brilliant Diamond & Shining Pearl” foi anunciado no início do ano e lançado exclusivamente para o Nintendo Switch, em 19 de novembro de 2021.
Porém, desde seu anúncio inicial, os remakes trouxeram consigo algumas polêmicas que desagradaram muitos fãs, principalmente devido aos seus gráficos, que adotaram um estilo artístico semelhante aos Buddy Poke, da falecida rede social Orkut (2004-2014).
Os antigos gráficos 2D foram convertidos para 3D, porém a escolha artística desagradou muitos fãs, principalmente ao considerarem que o Nintendo Switch teve em 2018, os remakes “Let's Go, Pikachu & Eevee” e em 2019 “Sword & Shield”, que apresentavam gráficos satisfatórios. Muitos imaginavam que uma repaginação da quarta geração manteria o mesmo nível visual.
A polêmica gráfica se intensifica ainda mais quando o jogador coloca um de seus Pokémon para segui-lo pelo mapa. Com monstrinhos pequenos não fica muito evidente, mas o problema se intensifica com as criaturas gigantes, como o poderoso rei dos mares Gyarados ou a serpente de pedra Onix, que ficam semelhantes a minhoquinhas no cenário, um claro problema de proporção.
Enquanto o cenário do mapa mundo ocasionou algumas polêmicas, o cenário de batalha recebeu um capricho maior. Aqui, tanto os treinadores e os Pokémon aparecem com uma proporção mais realista e os efeitos de batalhas não deixam a desejar.
Assim como outros jogos da franquia, cada geração recebe dois jogos quase idênticos, que se diferenciam por possuírem alguns Pokémon exclusivos, por exemplo, em “Brilliant Diamond” é possível encontrar Growlithe, Electabuzz e Dialga; já em “Shining Pearl”, o jogador terá acesso a monstrinhos como Vulpix, Magmar e Palkia.
Essa prática de dois jogos por geração é adotada desde o primeiro lançamento da franquia em 1996, como um incentivo de fazer com que os jogadores troquem seus monstrinhos um com os outros, a princípio por meio do cabo link do Game Boy e, nos dias de hoje, pela rede online do Nintendo Switch.
Contudo, essa tradição que há tempos recebe críticas por parte dos jogadores, parece que deixará de existir em futuros jogos da franquia, já que o próximo grande lançamento “Pokémon Legends: Arceus” terá apenas uma versão. Para muitos, esse tipo de prática é apenas uma estratégia para aumentar o número de cópias vendidas.
Remake x Original
Uma característica que sempre marcou os remakes de “Pokémon” era a ideia de atualizar jogos antigos com mecânicas atuais, além de renovar toda a Pokédex (lista de monstrinhos). Porém, “Brilliant Diamond & Shining Pearl” vai na contramão desta ideia e traz exatamente o mesmo game, sem grandes diferenças, além de claro, a mudança dos gráficos 2D para 3D.
A estrutura de cenário foi mantida, assim como a posição dos objetos, diálogos entre os personagens e, até mesmo, alguns bugs da versão original. “Brilliant Diamond & Shining Pearl” são jogos com apelo nostálgico, para quem quer viver a exata mesma experiência do passado, portanto, não espere grandes renovações nesses títulos.
O gameplay também foi mantido, contudo, algumas melhorias foram feitas, entre elas, o sistema de ganho de experiência, que agora é distribuído automaticamente para todos os Pokémon do grupo, o que otimiza o processo de fortalecimento do time. O gerenciamento de monstrinhos também ficou mais simples e agora é possível montar seu time em qualquer área aberta, sem a necessidade de acessar um computador em algum centro Pokémon.
Outra melhoria muito bem vinda, foi a utilização dos HMs, aquelas habilidades que os Pokémon aprendem e que permite ao jogador avançar no mapa, como nadar, quebrar pedras e cortar pequenos galhos que bloqueiam o caminho. Neste remake, o jogador não precisa ocupar um slot de técnica para poder utilizá-las, assim como também não precisa ter o Pokémon com a devida habilidade em seu time, para poder usufruir da habilidade.
Vale a pena?
Como dito antes, “Brilliant Diamond & Shining Pearl” é um produto que, na maior parte do tempo, apela para emular uma experiência nostálgica e não uma aventura renovada. Sua história segue a mesma estrutura dos demais jogos, onde a criança aventureira sai de sua casa com a missão de juntar oito insígnias e vencer a liga Pokémon; além de claro, derrotar super-vilões no caminho e capturar o máximo possível de monstrinhos.
Para os que já estão enjoados da receita de bolo que a franquia segue à risca, não será “Brilliant Diamond & Shining Pearl” que mudará essa visão. Além disso, a falta de novidades, somada ao preço de R$299,00 deve afastar muitos jogadores, que podem preferir reservar seu dinheiro para “Pokémon Legends: Arceus”, que chegará em 28 de janeiro de 2022.