Depois do câncer, veio a demissão

Professora teria sido demitida após licença médica, segundo Sindicato dos Professores

por Nathan Santos seg, 09/01/2012 - 18:55

Uma doença que causou sofrimento e acarretou em uma licença médica para a recuperação. Esse é o drama da professora de história Zuleide Elisa Almeida Moreira, 52, que há 23 anos é educadora. Em outubro do ano de 2010, ela descobriu que tinha um câncer na bexiga e teve que se submeter a um tratamento cirúrgico para retirar o tumor maligno. Após a cirurgia, Zuleide, que durante nove anos de profissão atuou no Colégio Damas, zona norte do Recife, tirou uma licença de um ano para se recuperar da doença.

O que parecia ser o fim de um problema, se tornou mais uma batalha para a professora. De acordo com o Sindicato dos Professores em Pernambuco (Sinpro-PE), após voltar da licença, a profissional foi deslocada para outras funções, como atender telefone e cumprir carga horária na sala dos professores. Ainda segundo o Sinpro, Zuleide não aceitou a situação, o que acabou gerando a demissão da funcionária. “Eles ainda me acusaram da autuação que a escola sofreu em 2010 quando, após denúncia, o Ministério do Trabalho e Emprego convocou a escola para esclarecimentos por falta de recolhimento do FGTS. E ainda me ameaçaram dizendo que se eu não entregasse a sala de aula até tal dia iam me demitir”, relatou a professora, em depoimento presente no comunicado oficial do Sinpro.

O advogado do Sinpro em Pernambuco, Paulo Azevedo, contou que na quinta-feira da semana passada a profissional deu entrada ao processo de homologação da demissão. No entanto, a ação foi suspensa por oito dias, para que fosse feita uma análise mais aprofundada da questão e possíveis adoções de medidas judiciais. Ainda segundo o advogado, “além disso, será acionado o Poder Judiciário, já que a escola não está cumprindo com a Constituição Federal no princípio que garante o respeito à dignidade humana. É inadmissível que uma pessoa portadora de uma doença grave como esta seja demitida”, afirma Azevedo.

Paulo Azevedo ainda disse que o Sindicato vai entrar na justiça pedindo danos morais e o valor da solicitação pode chegar a R$ 200 mil. “Estamos com uma ação pesada. Também pedimos a reintegração da professora e não admitimos casos de preconceito. Na próxima segunda-feira, daremos início ao processo, com o pedido de danos morais e o valor de R$ 200 mil”, comentou o advogado.

A professora não quis comentar o caso, para não expor sua imagem. A reportagem do Portal LeiaJá tentou entrar em contato com ela, mas quem falou foi um familiar, que preferiu não divulgar a sua identidade. Segundo ele, Zuleide continua lecionando em outras instituições, inclusive de nível superior e de grande importância no cenário educacional do Estado.

Confira abaixo o comunicado oficial emitido pela assessoria do Colégio Damas:

O COLÉGIO DAMAS esclarece que são inverídicas as afirmações veiculadas pelo Sindicato dos Professores do Estado de Pernambuco (Sinpro-PE) no que diz respeito à relação envolvendo a professora Zuleide Elisa Almeida Moreira e esta Instituição de Ensino.

A referida funcionária foi submetida a processo de demissão como ato normal da relação de emprego, sem que, em nenhum momento ou ocasião, houvesse qualquer violação às normas jurídicas em vigor, em especial àquelas que defendem a dignidade da pessoa humana, sendo as informações em sentido contrário fruto de leviandade inconcebível.

O COLÉGIO DAMAS DA INSTRUÇÃO CRISTÃ, firme na convicção do acerto de seus procedimentos, está à disposição para outros e quaisquer esclarecimentos sobre o assunto, dentro ou fora do Poder Judiciário.

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