Estudo comprova força do Polo do Agreste de PE

Região já possui mais de 18 mil unidades produtivas do setor de moda e movimenta R$ 1.100 bilhão anualmente

por Nathan Santos ter, 07/05/2013 - 17:28
Divulgação

Um total de 18.803 unidades produtivas, geração de ocupação e renda para mais de 107 mil pessoas, além da movimentação anual de R$ 1,1 bilhão. Esses dados mostram a realidade do Polo de Confecções do Agreste de Pernambuco, por meio do estudo divulgado na tarde desta terça-feira (7), pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), na sede da instituição, localizada no bairro da Ilha do Retiro, no Recife.

O trabalho envolveu as cidades de Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe, Toritama, Brejo da Madre de Deus, Taquaritinga do Norte, Surubim, Riacho das Almas, Vertentes, Agrestina e Cupira. Denominado “Estudo Econômico do Arranjo Produtivo Local do Polo de Confecções do Agreste de Pernambuco”, a pesquisa tem como base o ano passado e mostra o cenário econômico dos municípios que movimentam o segmento de moda no Estado.

De acordo com a pesquisa, a contagem das empresas foi realizada por meio da consulta a vários endereços que possuem relação com a produção de roupas. Foram 123 mil endereços de pequenas indústrias nessas localidades. A última realização do estudo foi no ano de 2002, quando apenas as cidades de Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe e Toritama foram avaliadas.

“Esse é um estudo que o Sebrae faz com muita responsabilidade a cada dez anos. Por meio dele, podemos vislumbrar a importância do Polo e sua relevância para todo o Estado. O segmento está crescendo cada vez mais e os números mostram isso. O estudo também serve como inspiração de medidas e redirecionamentos para melhorar o setor”, comentou o superintendente do Sebrae em Pernambuco, Roberto Castelo Branco.

Sobre o perfil dos entrevistados, o estudo revelou que no em relação às atuações dos empreendimentos, 93,9% são proprietários ou sócios, e as empresas, em sua maioria, são comandadas por mulheres (62%). A maior concentração de unidades produtivas fica na cidade de Santa Cruz do Capibaribe, com 7.169 empresas. Esse município, Caruaru e Toritama concentram a maior quantidade de unidades produtoras, com 77%.

Ainda de acordo com o estudo, os empreendimentos complementares (que não vendem os produtos diretamente aos consumidores, e sim apenas produzem partes de peças de roupas, como forros de bolsos) representam uma fração expressiva dos estabelecimentos: 8.060 do total de 18.803 unidades produtivas



Criação dos produtos



A pesquisa também mostra que 53% das empresas fazem cópias de produtos, geralmente, inspirados nas produções audiovisuais das folhetins nacionais. A maioria são peças de roupas parecidas com as de personagens das novelas. No âmbito dos empreendimentos complementares, 22% fazem cópias.

Fazem criações próprias 59% das empresas e 4% dos empreendimentos complementares. Já utilizam designer contratado ou criação de estilista 7% das empresas e 1% dos complementares. Ainda nessa ordem, 24% e 1% utilizam pesquisas em livros e revistas técnicas, respectivamente. Além disso, 17% das empresas usam a internet para criar os produtos e nenhum dos empreendimentos complementares utilizam a grande rede para gerar novas peças.



Pontos negativos

Como ponto negativo, o estudo constatou que a informalidade ainda é forte. Das 18.803 unidades pesquisadas, 10.1743 empresas são informais, bem como 8.060 não têm formalidade. Além disso, a pesquisa destaca como pontos fracos a má formação da mão de obra, falta de trabalhadores qualificados, escassez de profissionalismo, alta carga tributária para os empresários formalizados, além da questão ambiental.

A imagem de que o Polo do Agreste tem produtos de qualidade baixa também é apontado como ponto negativo do estudo. Os empreendedores também destacam a falta de segurança, tanto para eles, quanto para os clientes, além da invasão de produtos chineses não legalizados, que acirra uma concorrência desleal.

Pontos positivos

Os entrevistados apontaram como aspectos fortes os preços baixos dos produtos, mão de obra barata, capacidade empreendedora, adequação à mudanças e capacidade produtiva alta. Eles também destacam a localização do Polo, que permite a expansão comercial para outras regiões nordestinas (Bahia é o estado que consome os produtos do Agreste pernambucano, com 74,9% dos clientes), bem como a alta concentração das empresas em pequeno espaço.

O estudo

A pesquisa foi feita através da aplicação de 1.235 questionários, tendo como fonte grupos fiscais, as próprias empresas, entrevistas pessoais, dados secundários, entre outros.  O objetivo principal é descrever, de forma quantitativa o Polo de Confecções do Agreste, além de analisar a dinâmica econômica da região. Toda a pesquisa será publicada no Portal do Sebrae Pernambuco no início da manhã desta quarta-feira (8).

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