Alunos do ProJovem Urbano não recebem bolsa há 3 meses

Estudantes reclamam que o auxílio de R$ 100 está atrasado e não sabem quando vão receber

por Camilla de Assis sex, 06/03/2015 - 13:42
Nathan Santos/LeiaJáImagens Alunos não sabem quando receberão o auxílio Nathan Santos/LeiaJáImagens

Para muitos jovens que não tiveram a oportunidade de completar o ensino fundamental, o ProJovem Urbano é uma chance de aprendizado e inserção no mercado de trabalho. O programa federal oferece aos jovens de 18 a 29 anos a oportunidade de estudar as disciplinas do ensino fundamental e ainda aprender uma especialização na área de saúde, administração ou turismo e hospitalidade. Mas, o que tem feito muitos jovens se desmotivarem para encarar as aulas, que acontecem de segunda a sexta-feira, das 18h30 às 22h, é o atrasado no estímulo financeiro. Por conta de demora no repasse da verba do Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação (FNDE/MEC), os R$ 100 que eram para ser mensais já estão atrasados há três meses.

A estudante Maria da Conceição, 21, participa do ProJovem Urbano desde 2013 e confessou que sua única fonte de renda vem da bolsa oferecida pelo programa. “Os coordenadores dizem para esperar porque o repasse de verbas ainda não aconteceu, mas eu só tenho esse dinheiro para me sustentar”, contou.

A situação de Maria da Conceição é muito comum. Muitos estudantes precisam do dinheiro para se manter e conseguir pagar suas contas. A aluna Estela Fenelon de Albuquerque, 29, também não tem outra fonte de renda além da bolsa-auxílio. “Eu quero receber minha bolsa, mas dizem para esperar. O que eu posso fazer? Fora isso, o ensino é muito bom, estou aprendendo tudo”, disse.

Apesar das dificuldades, outros alunos reforçam que a perspectiva é acabar os estudos. O aluno Rodrigo Barbosa da Silva trabalha como estoquista e a bolsa-auxílio é um complemento na renda. Apesar do atraso no recebimento do dinheiro, o jovem não deixou de frequentar as aulas. “O foco é tentar terminar os estudos. A bolsa é uma ajuda e um estímulo, então eu tenho que continuar frequentando as aulas mesmo sem receber, porque o importante são meus estudos”, revelou.

A professora de inglês Zelízia Soares está dando aulas pela primeira vez no programa ProJovem Urbano. Desde 2013, a educadora leciona para os alunos e revela que a maioria é muito disciplinada e participativa. “Com o atraso na bolsa, alguns deixaram de frequentar as aulas, mas grande parte continua indo.” Ela ainda acrescenta que entende o lado dos alunos, mas que insiste para que eles não deixem de frequentar as aulas. “Muitos deles fizeram despesas maiores por causa da bolsa e alguns já estão desesperados. Infelizmente é um déficit no aprendizado, tanto que eu e outros professores já chegamos a ligar para que eles viessem para a aula”, contou. A docente e os outros personagens desta matéria estudam numa escola municipal localizada no bairro da Iputinga, Zona Oeste do Recife.

Segundo a Secretaria de Educação do Recife, desde o início do programa, em 2008, até 2015, mais de 28 mil alunos devem passar pelos cursos destinadas ao ProJovem Urbano. A expectativa para este ano é que 1.750 novos alunos se matriculem no programa. Em relação aos professores, mais de 70 são preparados, por ano, para ensinar aos alunos.

Atualmente, para a edição 2013/2015, que termina em maio, 11 escolas estão recebendo os estudantes. Para a próxima edição, 2015/2016, a ser iniciada no final deste mês, dez escolas da Rede Municipal do Recife atendem às turmas do ProJovem Urbano. As instituições são escolhidas por terem espaços e mobiliários adequados para atender jovens e adultos. Sobre os atrasos das bolsas, o Ministério da Educação (MEC) informou que o pagamento já está em fase de processamento. A regularização deve ocorrer nos próximos dias.

 

 

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