Universidade também é lugar de empreender
Crescimento no número de empresas juniores reforça o empreendedorismo ainda na graduação
Com o propósito de aliar o conteúdo teórico desenvolvido na graduação e a prática no mercado, as empresas juniores são exemplos de empreendedorismo ainda dentro da universidade. O movimento apresenta um crescimento considerável nos últimos anos, tornando-se uma ótima oportunidade para graduandos obterem um diferencial antes da conquista do diploma.
Formadas por estudantes, as empresas assumem diferentes aplicações, variando de acordo com a sua equipe, oferecendo serviços e consultorias para outras empresas. Engenharia, saúde, gestão, negócios, agronomia, tecnologia são alguns exemplos das áreas de atuação. De acordo com dados da Confederação Brasileira de Empresas Juniores, o número de empresas saiu de 444 no início do ano passado para 600 atualmente. Dessas, 316 são consideradas de Alto Crescimento, aquelas que cresceram mais de 30% comparadas ao ano interior.
“O movimento surge para oferecer aos estudantes uma oportunidade de vivência e aprendizagem empresarial nos mais diversos segmentos. Com o dia a dia na empresa, ele vai conhecer mais sobre empreendedorismo, gestão, gerenciamento de pessoas e projetos. O maior objetivo é formar lideranças, para formar um país com mais ideias empreendedoras e acelerar a economia brasileira”, pontua Iago Maciel, presidente da Brasil Júnior.
A abrangência das empresas juniores chega em 113 universidades. Ao total, são mais de 15 mil empresários juniores em todo o país. Com um faturamento de mais de R$ 21 milhões, em 2017, o movimento fechou mais de 11 mil projetos para empresas e microempreendedores a nível nacional. “Esse serviço é uma ótima oportunidade para driblar a crise. Os empresários buscam nossas empresas por ter um baixo custo, algo em torno de 70% mais barato que o mercado tradicional”, explica Iago.
Crescimento no Estado
Em Pernambuco, só no ano passado foram realizados 358 projetos, gerando R$ 1,2 milhões de reais investidos na educação dos próprios participantes. “O funcionamento de uma empresa júnior se configura dessa forma: os interessados são voluntários, o trabalho desenvolvimento para outras empresas serve como aprendizado. O lucro colhido é revertido em ações internas, como realização de cursos, workshops e afins”, destaca Pedro Affonso, presidente da Federação das Empresas Juniores do Estado de Pernambuco (FEJEPE).
Ao todo, existem 20 empresas juniores no Estado, distribuídas nas cidades de Recife, Caruaru e Petrolina. A A.C.E. Consultoria é uma empresa júnior da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), atuante no mercado desde 1993. Formada por estudantes do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA), oferece serviços na área de marketing, recursos humanos, estratégia, logística, qualidade e finanças.
Como uma das mais influentes no cenário pernambucano, a A.C.E. em 2017 desenvolveu 34 projetos, para microempresas, empresas e empreendedores do Estado. Segundo o presidente da organização, Caio Lion, o histórico de consultorias realizadas conta com grandes empresas, como a Saida. Formada por 41 estudantes, a estrutura da empresa júnior é semelhante a de empresas tradicionais. Cargos como os de consultores, gestores e diretores são distribuídos. Os próprios estudantes são os responsáveis pela execução e definição de estratégias para cada caso, sob orientação de professores da UFPE.
Com o número crescente das empresas juniores no estado, a Integrar Consultoria Júnior, empresa formada por estudantes da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), retoma as suas ações neste ano, depois de um período fechada. O presidente da empresa acredita que esse é o momento certo para investir em consultoria organizacional e novas estratégias de mercado. “Estamos buscando aplicar nossos serviços em um novo nicho. Vamos realizar a prospecção ativa e atender restaurantes e bares que desejam reestruturar a sua visão”, pontua Bruno Henrique, estudante de administração e presidente do empreendimento.
Com sete componentes, a Integrar é formada por estudantes das áreas de ciências econômicas, economia doméstica e administração e atua com serviços de gestão, qualidade, marketing e finanças. Neste ano, a empresa pretende atender até 12 novos estabelecimentos.
Motivação
Participar de um movimento como esse requer muita disciplina e comprometimento. Os participantes, em sua maioria, são muito engajados e defendem a ideia da empresa júnior como um meio de mudança para a realidade brasileira. “Transformar a realidade para algo mais tangível, meu desejo é mudar a realidade que eu vivo através das minhas atividades. Acredito que essas ações impactam a vida em sociedade”, destaca Bruno, da Integrar.
Além de proporcionar um transformação social, os estudantes acreditam na mudança interna como um fator de engrandecimento nesse processo. “Tenho a certeza que isso soma muito para a construção da minha vida profissional. Além do mais, a vida já saio da universidade com um fator diferenciado dos outros. Tenho já a vivência dentro de uma organização”, explica Igor Anadias, analista de gente e gestão da Poli Júnior Engenharia, da Universidade de Pernambuco.
Outros fatores também contribuem para o engajamento da causa. “Dentro de uma empresa júnior tenho a oportunidade estabelecer uma boa rede de contatos, estar ao lado de grandes gestores e profissionais na área pode contribuir para formar meu nome no mercado e se tornar visto”, pontua Ailton Oliveira, gestor da A.C.E.
Reconhecimento
Buscando atrair novas empresas, ações são desenvolvidas para expandir o olhar sobre os empreendimentos juniores no Estado. A “Contrate uma Empresa Júnior”, iniciativa da FEJEPE, será realizada nesta semana no Recife. “É importante marcar a presença e mostrar nossos serviços para essas organizações. Eles contam com um serviço de qualidade e a baixo custo. Muitos desconhecem, por isso essa ação”, conta Pedro Affonso.
Na programação, ações na Sala do Empreendedor da Prefeitura do Recife, nesta quarta-feira (25), com palestra voltada para educação financeira direcionada ao público de microempresários. Já nesta quinta-feira (26), a Fábrica DECA, no Cabo de Santo Agostinho, recebe os representantes das empresas juniores para uma conversa com diretores e gestores da companhia. Para encerrar, na sexta-feira (27), no Porto Digital, às 18h30, haverá uma palestra voltada para a área de tecnologia e rodada de diagnósticos gratuitos contemplam o público formado por startups. Para mais informações, acesse o Facebook da Federação.
Interesse em atuação
Os interessados em fazer parte de uma empresa júnior podem entrar em contato com as instituições que possuem o programa. A A.C.E está com processo seletivo aberto e segue até o dia 7 de junho, através da internet. Podem participar estudantes do CCSA. Já a Integrar Consultoria Júnior recruta interessados através do e-mail: consultoria.integrarjr@gmail.com.