Setembro Amarelo: o olhar de quem dedica a vida pela vida

Especialistas descrevem o sentimento de trabalhar ajudando pessoas com dores emocionais

por Marcele Lima ter, 17/09/2019 - 18:47
Freepik Setembro é o mês de conscientização para a prevenção ao suicídio Freepik

O mês de setembro é dedicado a uma campanha de conscientização mundial em prol do combate ao suicídio. Lançado em 2014 no Brasil pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), junto com o Conselho Federal de Medicina e em parceria com o Centro de Valorização à Vida (CVV), o ‘Setembro Amarelo’ estimula a empatia com quem sofre de problemas psíquicos e emocionais, e principalmente, que as ações e campanhas promovidas no período sejam realizadas durante todo o ano. De frente nesta luta estão os profissionais da saúde mental. Para eles, falar sobre o assunto é um ponto essencial para evitar a perda precoce de vidas. 

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam o suicídio como a segunda causa da morte de jovens entre 15 a 29 anos, perdendo somente para os acidentes de trânsito. Contar com a ajuda de psicólogos, psiquiatras e psicopedagogos para perceber algum tipo de comportamento fora do comum pode ser primeiro passo. E esses profissionais, sempre dispostos a ouvir relatos, muitas vezes tristes, como se sentem a cada atendimento realizado? O LeiaJá conversou com alguns deles para entender como é cuidar de outras pessoas e trazer para elas novas possibilidades de vida. 

Para o psicoterapeuta Alessandro Rocha, conseguir tratar uma pessoa com depressão, por exemplo, lhe traz uma sensação de leveza, de contribuição. “É marcar ou se deixar marcar pela aquela pessoa. Cuidar das emoções, da saúde emocional, da saúde psicológica é uma necessidade de todos. A gente procura fazer de forma imparcial, mas de alguma maneira a gente fica envolvido na emoção”. 

Já Rosemeri Souza atua como psicopedagoga. Seu consultório recebe mães e pais preocupados com o desempenho escolar dos filhos. Ela busca primeiro entender como as relações familiares podem estar afetando o aprendizado, antes mesmo de partir para a indicação de um tratamento psicológico. “É bem gratificante, faz valer o nosso trabalho, os estudos de anos. Na verdade a profissão da gente é um chamado, para cuidar do outro, trazer esse olhar com o coração. Muitas vezes a criança chega no consultório e ela precisa ir além do terapêutico, ela precisa que a gente chegue naquela necessidade afetiva que ela tem. É um trabalho de parceria com os pais também. Tem somado muito. Pessoalmente eu me sinto enriquecida”, contou.

A psiquiatra Adriana Zenaide atende pacientes em Recife e em Caruaru, Agreste de Pernambuco, auxiliando na busca da qualidade de vida ou a cura dos indivíduos. De acordo com ela, sua função é diagnosticar e tratar de forma correta, orientando para a necessidade de tratamentos multidisciplinares, muito em busca do alívio dos sofrimentos alheios. “Eu sou apaixonada pelo que eu faço. Você devolver o sorriso de uma pessoa é a coisa mais gratificante que existe. Essa é uma missão que a gente abraça e leva para vida, que muita gente acha pesado, mas é recompensador quando a gente vê o resultado final. Eu sou muito realizada com o que faço”, encerrou a médica. 

Ajuda especializada a baixo custo

Falar de problemas psicológicos, como dito pelos especialistas, é muito importante. Contudo, mesmo sendo indicado procurar alguém de confiança para desabafar, pessoas em sofrimento emocional e psíquico precisam buscar ajuda especializada. Diversas entidades, sobretudo as universidades, que formam novos profissionais para o mercado de trabalho, possuem clínicas escolas com atendimento a baixo custo, algumas até de graça.

Uma dessas instituições é a UNINASSAU-Centro Universitário Maurício de Nassau. A clínica atende alunos e funcionários, porém também está aberta ao público externo, e com preços acessíveis. Os atendimentos são realizados de segunda a sexta-feira, das 08h às 22h. Os valores são de R$ 13 para a comunidade em geral, e R$ 6 para alunos da casa. Funcionários não pagam.

Há duas modalidades de acompanhamento. A primeira é o plantão, gratuito, destinado a pacientes que estejam precisando de cuidados imediatos.  Após esse primeiro contato, é possível agendar até duas consultas por mês. A segunda modalidade é a demanda sistemática, procedida por agendamento semanal.

O responsável técnico da clínica é o professor Isaac Alencar Pinto, que fez questão de enfatizar que o trabalho é feito com dedicação de toda uma equipe. “A gente trabalha dando supervisão, eu acompanhando enquanto supervisor, todos os atendimentos que os estagiários fazem. É muito importante porque a gente está colaborando na construção de um profissional de psicologia ético, comprometido com a escuta do outro, com o acolhimento oferecido ao outro. É muito satisfatório porque a gente tem a possibilidade de a partir da nossa ferramenta principal de trabalho, que é a escuta e e a fala, poder oferecer algum tipo de alívio para esse sofrimento”, explicou o professor. 

Junto com a psicóloga clínica Tatiana Nunes Cavalcanti, professora atuante na clínica escola, Isaac Alencar conta como é trabalhar dedicando-se ao próximo. Assista:

Para mais informações sobre o atendimento da clínica escola ligue para  (81) 3412-6371. O espaço fica na Rua Ana Angélica, 45, bairro do Derby, área central do Recife.

 

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