Os desafios das pessoas com deficiência no mercado

Neste sábado (21) é comemorado o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência

por Bruna Oliveira sab, 21/09/2019 - 15:40
Júlio Gomes/LeiaJáImagens Eliane Costa é portadora de deficiência e trabalha como assistente de recebimento de contas Júlio Gomes/LeiaJáImagens

Neste sábado (21) é comemorado o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. A data tem como objetivo conscientizar sobre a importância do desenvolvimento de meios de inclusão das pessoas portadoras de deficiência na sociedade, já que, segundo o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 45 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência, o que equivale a 23,9% da população total do país.

Quando o assunto é mercado de trabalho, a Lei 8213/91 determina que se uma empresa possui de cem a duzentos funcionários, 2% dos empregados que ocupam o quadro devem ser portadores de deficiência. Já se a empresa possui de duzentos e um a quinhentos empregados, o número sobe para 3%. De quinhentos e um a mil empregados, a empresa deve oferecer 4% de seus cargos e quando ultrapassar mais de mil funcionários deve destinar 5%.

De acordo com a superintende do Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa Com Deficiência (IDBB), Teresa Costa d'Amaral, ainda há uma dificuldade muito grande por parte das empresas em respeitar a Lei. “Todos esses anos nós não conseguimos ter as empresas engajadas no processo. Algumas se engajam depois desistem, algumas permanecem, mas ainda é um processo muito difícil por parte das instituições compreenderem essa questão”, declara.

Últimos dados divulgados pela Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), que é gerida pelo Ministério do Trabalho, mostram que de 2010 ao ano de 2017, houve um aumento no número de pessoas com deficiência inseridas no mercado de trabalho. No entanto, se relacionar estas pessoas com a população que não possui deficiência, o número não alcança sequer 1%.

Exemplo

Quando Eliane Costa, 36 anos, que teve a perna direita amputada ainda criança em detrimento de um câncer, decidiu conquistar seu primeiro emprego, encontrou dificuldades. “As empresas abriam vagas e informavam que existiam oportunidades para deficientes também, mas quando fazíamos a seleção não nos chamavam. Já fiz até exames admissionais para uma corporação, mas nunca fui chamada por ela”, desabafa.

Mesmo diante do preconceito, Eliane não desistiu e atualmente está no seu terceiro emprego, no qual atua como assistente de contas a receber. “Iniciei no mercado do trabalho em 2006 e passei 10 anos no meu primeiro emprego. Ele foi a minha maior experiência profissional e hoje me ajuda a conseguir outras oportunidades”, conta.

Júlio Gomes/LeiaJáimagens

Empresas que recrutam pessoas com deficiência

De acordo com a empresa de telefonia TIM Brasil, a companhia busca realizar movimentos de forma com foco no recrutamento de pessoas com deficiência, seja por meio de Feiras de Oportunidades, em parcerias com associações, ONGs e órgãos públicos. Além disso, na empresa não há vagas específicas para pessoas com deficiência porque as oportunidades de trabalho disponibilizadas são abertas à todos.

 “Não temos um programa de carreira criado especificamente para as pessoas com deficiência, pois sabemos que eles têm competência para ingressar nos mesmos programas destinados a todos os empregados e o resultado tem nos mostrado que estamos no caminho certo, já que conseguimos revelar grandes talentos”, explica a gerente de RH da TIM Nordeste e Centro-Norte, Renata Pimentel.

Para o Grupo Ser Educacional, empresa no ramo da educação com instituições espalhadas por todo Brasil, é importante que o funcionário que possui algum tipo de deficiência, se sinta acolhido, abraçado e confortável dentro do local de trabalho. 

Segundo a Analista de RH da empresa, Uilma Lima, o Grupo proporciona um ambiente adaptável para que o funcionário portador de deficiência faça a entrega de seu trabalho como qualquer outro. “Se é preciso que ele atue em um setor que não possui as condições necessárias para ele fazer o trabalho, a empresa faz os ajustes adequados para que ele se sinta familiarizado e adaptável ao ambiente”, conta.

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