Entre sonhos e ansiedade, Enem começa neste domingo (3)

Estudantes de todo o Brasil serão colocados em prova. Exame é canal de acesso às universidades brasileiras

por Lara Tôrres sab, 02/11/2019 - 08:00
Rafael Bandeira/LeiaJáImagens/Arquivo Candidatos iniciam o Enem neste domingo (3) Rafael Bandeira/LeiaJáImagens/Arquivo

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) começa neste domingo (3). Tão perto do grande dia, os sonhos, a ansiedade e o nervosismo se tornam mais latentes entre candidatos e professores.

A estudante Larissa Cordeiro tem 23 anos e fará o Enem pela quarta vez em 2019. Ela deseja cursar design ou ciência do consumo e contou que a ansiedade tem sido difícil de conter. “Fico nervosa e me sentindo muito pressionada. Estudei o ano todo, mas mesmo assim não me sinto preparada. Tenho pesadelos, sonho perdendo o horário da prova, os documentos e faz mais ou menos uma semana que não consigo aprender o que estudo”, disse a jovem. 

Larissa afirmou que tenta ao máximo se distrair, relaxar e pensar menos no Enem. Ela também mencionou que já contou com o apoio de uma psicóloga que trabalhava no curso preparatório onde ela estuda, até o momento em que a profissional precisou se afastar por motivos de saúde. Segundo a estudante, o apoio profissional ajudava muito não apenas a ela, mas vários alunos. 

Sandra Mendes é professora universitária na área de biologia e há cerca de um ano e meio se dedica ao sonho de entrar no curso de medicina. Ela revela que está ansiosa e sente medo, mas também satisfação pelo caminho trilhado até aqui.

Retornar aos estudos para o vestibular foi uma dificuldade, assim como segue sendo complicado estudar e trabalhar ao mesmo tempo. Apesar disso, ela está firme no propósito da aprovação. “Eu olho lá atrás, no início do ano, e vejo o quanto cresci e amadureci. Isso já é uma conquista, a aprovação é consequência de um trabalho feito com dedicação e persistência. Estou construindo um sonho e esse fato já me deixa feliz!”, disse ela. 

Em busca de mais calma e equilíbrio emocional antes da prova, Sandra mantém uma rotina de revisões e meios de relaxamento. “Tenho uma rotina de estudo planejada e sigo um cronograma de estudos semanal. É preciso maturidade para manter a integridade intelectual nessas horas. Não é fácil, mas tenho tentado com meditação e descanso, fazendo revisões tranquilas e conscientes”, contou a estudante. 

Sandra explicou que, entre outras atividades, tem praticado meditação porque ela “traz benefícios multifatoriais: paz interior, eleva minha autoestima, autoconfiança, me faz internalizar que eu sou mais que uma prova, me fazendo entender que se não der esse ano, tudo bem, faz parte do processo”.

Elaine Raiza de Oliveira tem 26 anos e uma filha pequena. Fazendo Enem pela quarta vez, ela deseja entrar em uma universidade pública para cursar fisioterapia ou letras/inglês. A jovem contou que se sente muito ansiosa pelas provas por saber que, no próximo ano, não poderá se dedicar apenas aos estudos outra vez.

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“Quando terminei o ensino médio consegui uma bolsa para o curso de pedagogia, mas não consegui conciliar trabalho e estudos e optei pelo emprego, era a minha renda. No final do ano passado fiquei desempregada, comecei a fazer laços decorativos para crianças para me manter e decidi me dedicar a estudar e conseguir uma vaga na universidade pública. Não vou ter a mesma oportunidade de estudar no próximo ano, terei que conseguir um emprego, por isso me cobro tanto”, relatou a candidata.

Conversar com amigas que estão passando pela mesma tensão, confeccionar os laços que faz para vender e cuidar de sua filha são as atividades que Elaine busca para pensar menos na prova e aliviar o estresse. “Raramente eu fico calma e confiante, a maior parte do tempo eu fico com medo e insegura. Eu queria ter mais tempo para estudar. Converso com minhas amigas, elas estão da mesma maneira. Faço laços, que é o que mais me ajuda, e cuido da minha filha, Maria Fernanda, que é um dos meus maiores incentivos. Quero ser um exemplo para ela”, afirmou ela.

Já o estudante Samuel Lemos, de 22 anos, deseja cursar fisioterapia. Ele se diz otimista para as provas do Exame Nacional do Ensino Médio. “Estou preparado, tranquilo. Acredito que a ansiedade é o pior inimigo na reta final. Vou fazer tudo que eu vim estudando ao longo deste ano”, disse ele. 

Criação de laços e torcida

Os professores também sentem a aproximação da prova como um momento de muito trabalho, ansiedade, torcida pelos alunos e emoções à flor da pele. A professora de redação e Linguagens Josicleide Guilhermino afirmou que é preciso se manter em equilíbrio para poder ajudar os estudantes nesse momento delicado e conta que busca atividades como meditação para se acalmar. 

“Eu sou budista, então a meditação diária já é parte de minha rotina, além disso o cuidado com a alimentação balanceada e a atividade física, no meu caso pedalando, faz toda diferença, já que o sono nem sempre é garantido na rotina, o cuidado com as outras áreas ajuda a manter o equilíbrio”, disse a professora.  

Josicleide também contou que orienta seus alunos a avaliar se a ansiedade que estão sentindo está dentro do normal ou excede o esperado. “Quando o aluno não está conseguindo dormir, está comendo demais ou de menos, ultrapassou o limite. Se isso ocorrer é interessante caminhar, andar de bike, dançar, qualquer atividade que movimente o corpo ajuda a liberar energia e controlar melhor a ansiedade”, aconselhou a educadora.

Eduardo Pereira também é professor de redação e Linguagens e citou a criação de laços afetivos com os estudantes como uma razão da ansiedade dos professores pela chegada da prova. “Ficamos numa expectativa muito grande, a relação de professor e aluno acaba virando como uma relação de pai e filho. A gente acaba torcendo por todo mundo, a alegria e o sucesso do aluno acabam sendo um pouquinho do professor, porque a gente viveu com esse menino o tempo de preparação, ajudou nas dores, viramos torcida”, disse ele. 

O professor destacou a importância de os alunos confiarem no processo de aprendizado e preparação para a prova do Enem desenvolvido durante o ano inteiro. “Os pontos de insegurança são fortes, muitas vezes a gente desenvolve certas crenças com base em experiências ou em notas baixas tiradas, mas o mais importante é o aluno ter confiança e procurar elementos que possam relaxar. Todo o processo de construção foi feito ao longo do ano”, disse o professor. 

Josivaldo Lins é professor de química e orienta os estudantes a buscarem serenidade. “É nesse momento que nós, professores, junto a pais, colegas, amigos e demais pessoas que tenham verdadeira importância na vida do fera, devemos contribuir de forma extremamente positiva”, disse ele. 

O professor também lembra que nos últimos dias é necessário fazer revisões, mas de forma moderada e suave. “As dicas de última hora não devem ser deixadas de lado, mas devemos partir para algo mais lúdico, algo que os faça relaxar e, com isso, diminuir a tensão que antecede o Exame”, explicou o professor.

Neste domingo, os candidatos enfrentam questões de Ciências Humanas, Linguagens e redação. Já no dia 10 de novembro, a prova terá quesitos de Ciências da Natureza e matemática.

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