A tensão de quem prestou o segundo dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023, neste domingo (12), foi compartilhada pelos acompanhantes de diversos candidatos, que passaram a tarde do lado de fora dos locais de prova aguardando a finalização das avaliações. Os participantes realizaram as provas de Matemática e suas Tecnologias e Ciências da Natureza e suas Tecnologias.
Para o mecânico José Alexandre, morador do bairro de Casa Amarela, na zona Norte do Recife, a espera por seu filho, Alan Alexandre, de 19 anos, foi tranquila nos dois dias de prova. “Ele disse que está indeciso ainda das coisas que vai querer”, comentou. Mesmo realizando a prova como treineiro, eles chegaram ao local de aplicação por volta das 9h, três horas antes da abertura dos portões.
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Além do seu pai, Alan também contou com o apoio da sua mãe, Nilda da Conceição, que sabe a importância de dar suporte ao filho neste momento da vida. “Eu acho que é muito importante para o futuro dele, que hoje em dia a gente tem que recorrer aos estudos para ter um futuro melhor. Nessa expectativa, eu não sei nem como ele deve sair”, disse Nilda. Ela sabe, no entanto, que ele deve ficar até o final da prova, para aproveitar todo o tempo disponível para responder a todas as questões.
Mães presentes no aguardo dos filhos
Dentre os acompanhantes mais comuns que aguardam os jovens aplicantes, estão as mães, como é o caso de Shirlene Negreiros, de 48 anos, moradora do bairro de Casa Amarela, que trouxe sua filha Maria Júlia de Santana, 17. Apesar de esta não ser a primeira vez que Júlia participa do Enem, tendo feito no ano passado como treineira, na edição de 2023 ela quer tentar entrar no curso de cinema.
Shirlene Negreiros, no aguardo da filha, Ana Júlia. Foto: Rachel Andrade/LeiaJá
Mãe e filha chegaram por volta das 11h, para evitar ficarem presas no trânsito, no caminho de Casa Amarela até a Universidade Católica de Pernambuco, no bairro da Boa Vista, no centro da cidade. Shirlene comenta como está se sentindo no aguardo da saída de Júlia. “Na tensão, euforia. Mas no final é para o sucesso dela, então eu venho, com muita vitalidade, espero demais. Fico aqui o dia todo”, afirmou.
“Ela me disse que achava que não, que ia sair um pouquinho mais cedo. Ela estava mais preocupada com a redação, aí por isso ela ficou até o final na semana passada, mas hoje, daqui a pouco ela tá saindo”, continuou Shirlene, animada.
O reencontro que alivia as tensões
A descontração pós prova é grande quando aplicantes se reencontram com seus acompanhantes depois de passarem dos muros do local de aplicação. Foram as reações das amigas, e irmãs de consideração, Manuela, de 16 anos, e Julia Araújo, de 15, ao se juntarem às suas respectivas mães, Cristiane de Andrade, e Luciana Lins, amigas há anos, e que foram juntas dar suporte às filhas na primeira prova delas, mesmo sendo apenas um teste.
(Esq.) Luciana, Julia, Cristiane e Manuela, mães acolhem filhas após a prova. Foto: Rachel Andrade/LeiaJá
Cristiane e Luciana contaram com a cumplicidade da amizade para dar suporte uma à outra nas horas de espera pelas filhas. “Uma emoção, apesar de não estarem fazendo pra valer, mas a gente sentiu como se fosse. Ao ver a emoção dos outros também, das outras mães, dos outros meninos, me senti como se estivesse participando de verdade, fazendo a prova pra valer”, comentou Luciana.
“A gente vai lembrando da época da gente. Agora que estamos com nossas filhas, tudo é diferente, é outra fase”, refletiu Cristiane.
Participantes comentam as provas
Para Julia, estudante do 9º ano do Ensino Fundamental, é a primeira vez realizando o exame, mas ainda como treineira, para se familiarizar com o ritmo e formato das questões. “A maioria das minhas amizades são do ensino médio, e tá todo mundo fazendo, e eu queria saber para chegar no ensino médio já tendo uma ciência de como é a pressão, como é lá dentro [do local de prova], sabendo de tudo”, explicou.
Mesmo sendo apenas um teste, sem validade oficial da nota, Julia foi categórica ao afirmar que gostou mais de ter realizado as provas do segundo dia do que as do primeiro, que contou ainda com a elaboração da redação. “A outra foi muito cansativa. Bateu duas horas de prova, já tava estourando [de dor] a cabeça, muito texto, ficava com dor escrevendo a redação, eu preferi mil vezes essa”, opinou a adolescente, que pretende fazer o curso de medicina no futuro.
Manuela, por sua vez, que também realizou o exame como treineira, mas que já está no 1º ano do ensino médio, gostou mais de ter feito as provas de Linguagens e suas Tecnologias e de Ciências Humanas e suas Tecnologias, aplicadas no último domingo (5). “Eu prefiro as outras áreas, e eu passo muito tempo fazendo conta”, ponderou a jovem, que também pretende seguir a carreira de medicina.
No entanto, ela se sentiu aliviada por ter conseguido responder a tantas questões. “Química eu consegui fazer questão que tinha Mol. Física algumas fórmulas eu lembrava. E matemática, eu consegui fazer a maioria, porque não exigia muita dificuldade. Eram mais questões básicas, como média, modo, mediana, subtração, divisão, aí eu consegui fazer direitinho”, relembrou a estudante.