Estudantes realizam cerimônia de formatura no Minecraft

O evento transmitido ao vivo nas plataformas Youtube e Twitch, contou com a presença dos familiares, amigos e parentes próximos dos formandos

por Ruan Reis ter, 26/05/2020 - 18:09

Devido à pandemia do novo coronavírus, o isolamento social tem sido a medida mais efetiva no combate à doença. Por conta disso, o mundo está tendo que se reorganizar e se adaptar às novas mudanças. Pensando nisso, a cerimônia de colação de grau dos estudantes dos cursos de Computação da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) chamou atenção pela organização, originalidade e, acima de tudo, pela criatividade.

A tradicional festa de encerramento do curso foi realizada no ambiente virtual do jogo Minecraft. A iniciativa partiu dos estudantes do Centro Acadêmico de Computação (CACOMP) e da Atlética Trojan da UFMT. Um dos organizadores do evento informou que a ideia chegou como uma brincadeira, mas que logo se tornou uma realidade.

“Tudo começou por uma brincadeira de um dos formandos me enviando uma mensagem e falando a seguinte frase ‘Hey, cadê a minha cerimônia de formatura no servidor do Minecraft do Instituto de Computação?’. Achei uma ideia bem legal e como membro do Centro Acadêmico (CA) e da Atlética Trojan, levei a ideia para os dois”, conta o estudante Vitor Manoel. Ele ainda diz: “a cerimônia foi no próprio servidor do Minecraft que a Trojan já possuía e entramos em contato com os professores para saber se eles estariam dispostos a participar, e, por incrível que pareça, aceitaram”, diz.

Os docentes dos cursos de Ciência da Computação e Sistemas de Informação aceitaram participar da proposta e os estudantes planejaram todo o evento, desde a criação do espaço no servidor ao script da cerimônia. “O evento foi muito lindo. Estava visível todo o esforço que os estudantes colocaram na construção dos cenários e organização da cerimônia. A colação de grau em si foi bem emocionante e animada, nos divertimos com as novas formas de interação da plataforma do jogo”, comentou a professora do Instituto de Computação Karen Ribeiro.

Formado em ciência da computação, Caio Meirelles relembra o dia. “Eu achei a ideia sensacional. O Minecraft já reúne um mundo com possibilidade de construção e cada pessoa tem um avatar. Assim que os estudantes criaram o salão, que na minha opinião ficou lindo, escolheram as becas e criaram o item ‘canudo do diploma’. Foi uma forma de nós estarmos juntos mesmo que a distância.” 

Não se pode negar que umas das preocupações quando se trata de uma cerimônia de conclusão de curso é saber qual a roupa ideal para usar no evento. Mesmo não acontecendo de forma presencial, os estudantes puderam criar seus trajes no jogo para a cerimônia. “Os participantes foram colocados nos seus lugares e tiveram seus avatares todos modificados para ter um vestido bonito ou um terno elegante”, fala Vitor, um dos organizadores.

O cerimônia contabilizou a participação de 70 avatares no jogo, sendo eles 12 professores, 15 formandos de computação e 11 de sistema da informação, porém o número foi muito maior de telespectadores. O evento transmitido ao vivo nas plataformas Youtube e Twitch, contou com a presença dos familiares, amigos e parentes próximos dos formandos.

“Meus amigos e familiares viram pela live do YouTube. Meus pais estavam no quarto comigo, deixei o minecraft em uma tela e a live na outra, pois o ponto de vista da live era melhor do que o meu em primeira pessoa, então eles participaram bem de perto. Ainda deu para minha prima, que mora em São Paulo, participar da minha colação. Ela não poderia vir nem se não tivesse o isolamento social, mas ela pôde estar comigo nesse momento”, conta Caio Meirelles.

A cerimônia mesmo sendo inovadora, contou com a tradição. Os formandos tiveram discursos de patronos, assistente cerimonial, oradores, o tradicional juramento e a entrega do canudo, ou seja, tudo como estava no script. Além disso, ainda teve a entrega das premiações, como a de Aluno Destaque Sociedade Brasileira de Computação – SBC dos cursos de Ciência da Computação e Sistemas de Informação.

A professora Karen Ribeiro conta: “Como representante institucional da Sociedade Brasileira de Computação (SBC), eu sempre participo de todas as colações de grau, pois entregamos uma premiação para os estudantes de cada curso chamada ‘Aluno Destaque SBC’. Fiquei animada com a possibilidade de realizar esta entrega em uma cerimônia virtual, senão isso aconteceria apenas por e-mail e perderia um pouco o brilho do acontecimento.”

Relembrando os momentos mais divertidos, a professora Karen ainda relata mais detalhes: “confesso que foi um desafio para os professores terem que baixar o jogo para entrar na cerimônia. Muitos nunca tinham utilizado a plataforma e tiveram algumas dificuldades, mas tudo virou motivo de descontração na hora de conseguir se posicionar nos lugares, escolher uma roupa para a cerimônia, etc. Eu que não tive dificuldades por já conheço a plataforma, acabei perdendo a conexão com a internet por um tempo e perdendo uns 10 minutos da cerimônia. Então tem todos esses desafios tecnológicos.”

Caio Meirelles relembra os momentos mais cômicos da cerimônia para ele. “O lado engraçado foi o fato de uma boa parte da turma nunca tinha jogado Minecraft e quase nenhum professor, e depois de logar no servidor, as pessoas ficavam tentando aprender a jogar. Tinha um professor que não entendeu bem o conceito de andar com o teclado e ficou caindo da mesa”, conclui.

Toda cerimônia tem aquele momento mais sentimental de conclusão, e mesmo não sendo presencial, o sentimento continuou o mesmo. “Me senti muito feliz e emocionada pelos estudantes, pois há muita gratidão envolvida ao ver nossos estudantes se formando como profissionais para continuarem suas carreiras. Nesse ponto posso dizer que a emoção foi a mesma ou até um pouco mais divertida. Porém uma parte importante também é o contato físico, os abraços, os olhares, compartilhar a emoção com as famílias dos formandos, o que ficou de fora por causa do meio digital. Os familiares participaram bastante, mas a gente não conseguia ter a mesma interação que no presencial. Mesmo com tudo isso, com certeza foi melhor do que perder totalmente a possibilidade de comemorar. Os nossos formandos mereciam demais uma celebração”, finaliza.

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