Entrevista exclusiva: Tonho Crocco
Confira entrevista com o músico gaúcho Tonho Crocco
No dia 21 de dezembro de 2010, 36 deputados estaduais do Rio Grande do Sul votaram a favor do aumento de 73% em seus próprios salários. Em menos de um dia, o músico e compositor gaúcho Tonho Crocco havia publicado na web seu rap, o “Gangue da Matriz”, mencionando o nome dos mesmos deputados, fato que o levou à lista de assuntos mais comentados do twitter e o fez receber a acusação de “crimes contra a honra” dos referidos. Dia 8 de agosto, o processo foi arquivado.
Quem já o conhecia (ele foi integrante da banda de rock Ultramen nos anos 1990), revoltou-se. Quem não o conhecia, passou a conhecer. E a revoltar-se também. Tanto que, nesta segunda-feira (22), dia em que iria acontecer a audiência, está marcado um protesto na Praça da Matriz, na capital gaúcha, a favor da liberdade de expressão e contra o referido aumento. Confira o rap e conheça um pouco mais do trabalho do músico nesta entrevista concedida ao repórter Luiz Mendes, do portal LeiaJá.
LeiaJá - Conta um pouco da tua cerreira. A banda Ultramen foi teu primeiro trabalho ou houve outros antes?
Tonho Crocco - A Ultramen foi minha primeira banda, começamos em 1991. Antes disso só estudava música e cantava no coral da escola.
LeiaJá - Como foi a decisão de fazer esse trabalho solo?
TC - Depois de 18 anos juntos, a banda decidiu parar por tempo indeterminado. O trabalho próprio veio naturalmente.
LeiaJá - No seu trabalho “O Lado brilhante da Lua” tem várias referências de samba-rock, rap e jazz. Essas são as maiores influências ou tem outros gêneros que te inspiram?
TC - Estou nessa fase musical: Afrobeat, Soul, Samba de raiz... Mas gosto de tudo. De A a Z. De ABBA a ZZ TOP.
LeiaJá - O que é que está tocando no teu player enquanto você responde este email-entrevista?
TC - Estou ouvindo a Voz do Brasil. Sério.
LeiaJá - Você nunca tocou aqui em Recife. Alguma previsão de quando fará shows por aqui e o que você acha/conhece da música pernambucana?
TC - Tentamos muito com a Ultramen tocar aí. Até passagem a banda conseguiu.Mas acho que alguns produtores não curtem nosso trampo.
É meu sonho tocar em Recife e Olinda. Pra mim, a música Pernambucana é a mais rica do Brasil, terra de Spok, Mombojó, Nação Zumbi, China, Frevo e Maracatu. Eddie também é foda.
LeiaJá - Não tem como não citar a polêmica sobre o processo devido a música “Gangue da Matriz”. Conta como surgiu a ideia de fazer o vídeo? Você fez a letra no mesmo dia que soube do aumento dos salários dos parlamentares?
TC - Isso. Os caras aumentaram o próprio salário em 73% no dia 21 de dezembro de 2010. Em menos de um dia, já estava na rede meu protesto.
LeiaJá - Você sente falta desse engajamento político nos artistas atualmente? Há muito tempo não víamos esse tipo de polêmica política provocada por um músico.
TC - Sinto falta dos artistas e do público se posicionando. É engraçado, para falar da novela e do BBB tem de sobra.
LeiaJá - Toda essa história fez com que você permanecesse um bom tempo no “Trends Topics” {assunto mais comentado} do Twitter. Você atualmente tem 10.576 seguidores no microblog. Como é a tua relação com as redes sociais e com a internet? E como isso funciona no teu trabalho?
TC - Não podemos deixar censurarem a internet. As redes sociais, principalmente o twitter, são formas alternativas de informação e manifestação.
LeiaJá - Recentemente, a obrigatoriedade do registro na Ordem dos Músicos do Brasil caiu. Isso vai ajudar muito os artistas independentes no País?
TC - O problema não é existir uma Ordem ou Sindicato de músicos. O problema é não fazerem nada por nós. Deveriam fiscalizar os bares, o Ecad. Pelo contrário, só multavam os músicos.
Leiajá - Deixo esse espaço aberto para você deixar seu recado para o público de Pernambuco:
Informações do trampo em www.tonhocrocco.com, e pensamentos filosóficos, poéticos e políticos em @tonhocrocco no twitter.