As multifacetas de Joãosinho Trinta

Livro e documentário sobre o artista foram lançados ainda em vida, rememorando a trajetória do artista

por Raquel Monteath sab, 17/12/2011 - 13:08
Divulgação Carreira do artista foi marcada por polêmicas ao longo dos desfiles e samba-enredos cariocas Divulgação

O histórico é grande e salpicado por confetes, serpentinas e de muito amor pelo trabalho. Na manhã deste sábado (17), a triste notícia de que João Clemente Jorge Trinta, mais conhecido como Joãosinho Trinta, havia falecido devido a uma insuficiência respiratória e renal, aos 78 anos, em São Luís, no Maranhão (sua cidade natal), causou grande repercussão nas redes sociais, especialmente no microblog twitter, onde entrou como TrendTops (lista de assuntos mais comentados) e nos perfis de alguns famosos, como o de Preta Gil.

“A raça síntese de Joãosinho Trinta” é o nome do documentário, lançado em 2009, e dirigido por Paulo Machline e Giuliano Cedroni. O título resume bem a trajetória do artista plástico, dançarino e carnavalesco maranhense, que de 1973 a 2005 assinou importantes - e polêmicos – desfiles carnavalescos, passando por escolas de samba como o Salgueiro, Viradouro, Grande Rio e a Beija-Flor, esta última considerada como sua “casa” e a escola na qual dedicou grande parte do seu criativo trabalho.

Na sua trajetória, estão ainda os polêmicos temas de samba-enredo, escolhidos por Trinta e levados à frente por toda a equipe que acreditava em seu profissionalismo, como o de 1989, com a Beija Flor de Nilópolis, na qual uma imagem de um Cristo mendigo foi impedida de entrar no sambódromo sob o tema do ano da escola, “Ratos e Urubus, larguem minha fantasia”. A solução do problema foi envolver a imagem em um plástico preto, com uma faixa escrito: “Mesmo proibido, olhai por nós”.

Outra polêmica marcante foi no ano de 2004, sob o tema “Vamos Vestir a Camisinha, Meu Amor…”, baseado na obra Kama Sutra (manual indiano de posições sexuais). Dois carros doram encobertos por recomendação da Promotoria de Infância e Juventude de Duque de Caxias (região metropolitana do Rio), deixando a escola em décima colocação neste ano. Foi demitido da escola de samba horas antes da apuração oficial, por "insatisfação com a concepção do enredo".

Em 2006, o artista sofreu dois AVC’s (Acidente Vascular Cerebral), que paralisaram os membros do lado direito de seu corpo. No mesmo ano, mudou-se para Brasília onde foi agraciado com o título de Cidadão Honorário de Brasília. Atualmente, Trinta estava no Maranhão trabalhando em projetos da Secretaria da Cultura para a comemoração dos 400 anos de São Luís, em 2012. 

 

FILME, LIVRO E SAMBA-ENREDO – Além do já citado documentário de 2009 e de ter virado samba-enredo, um livro sobre a forte personalidade de Joãosinho Trinta também fora lançado no mesmo ano. “O Brasil é um Luxo - Trinta Carnavais de Joãosinho Trinta" é dividido em 30 capítulos e traz um compilado de fotos dos desfiles que consagraram Joãosinho no carnaval carioca.

O filme fala sobre as inspirações e referências de Joãosinho Trinta, durante a construção de um enredo para uma das escolas de samba em que trabalhou ao longo de sua carreira.

 

 

 

 

 

Assista, abaixo, o teaser do documentário  "O Brasil é um Luxo - Trinta Carnavais de Joãosinho Trinta":