Festival Pré AMP escolhe seus vencedores

Babi Jaques e os Sicilianos foi a primeira colocada e vai receber R$ 15 mil para gravar SMD

por Felipe Mendes sex, 03/02/2012 - 16:20 Atualizado em: sex, 03/02/2012 - 20:25
Marcelo Soares/PCR Babi Jaques e os Sicilianos Marcelo Soares/PCR

*fotos desta matéria: Clélio Tomaz/PCR

Nesta quinta (2), na Rua da Moeda, Recife Antigo, uma amostragem da nova cena musical autoral do Recife foi colocada à prova na final do festival Pré AMP. Seis finalistas - escolhidas entre dezoito semifinalistas pinçados de mais uma centena de inscritos - tiveram trinta minutos cada para convencer a comissão julgadora do festival e ficar entre as três mais bem avaliadas.

Quem abriu a noite foi Babi Jaques e os Sicilianos. O Grupo, formado pela cantora Bárbara Jaques, o baterista Alexandre Barros, Thiago Lasserre no baixo e Well na guitarra vem crescendo musical e profissionalmente e teve um 2011 bastante produtivo, tocando em várias partes do Brasil participando - e ganhando - em diversos festivais.

Investindo em um figurino, aspectos cênicos e narrativos que emulam a atmosfera da máfia italiana. O grupo apresentou um show redondo, com banda entrosada e faturou a primeira colocação do festival.

Babi Jaques e os Sicilianos recebem como prêmio a gravação de um disco SMD no valor de R$ 15 mil, além de uma apresentação remunerada no Carnaval do Recife. Confira entrevista com os vencedores:

Em seguida, subiu ao palco a única banda instrumental da final, a Euqrop. O som cheio de texturas e experimentalismo não foi ajudado pelo som. Quase não se ouvia o violão e o teclado.
Terceira na ordem de apresentações, a Aliados CP mandou seu rap direto e instigante, com direito a roda de B'Boys na frente do palco e troca de figurino durante o show. Faturaram o segundo lugar do festival, garantindo um show remunerado no Pátio de São Pedro durante o carnaval. "A gente se sente vencedor, também, pelo hip hop, pois pela primeira vez um grupo de rap é premiado no Pré AMP", afirma Pulga MC, do Aliados.

Clélio Tomaz/PCRDe maneira um tanto surpreendente (já que as atrações principais costumam fechar as noites), o festival fez uma pausa na competição para a apresentação do cantor e violonista Zé Manoel, vencedor da edição passada. À essa altura, a Rua da Moeda já estava cheia e o músico veio bem acompanhado de ótimos músicos. A apresentação ainda contou com a participação especial de Mavi Pugliesi, parceiro musical de Zé.

O cantor também executou músicas em um tom mais intimista e acompanhado apenas do próprio teclado. Uma delas foi a releitura de Mon amour, meu bem, ma femme, do Rei do Brega, Reginaldo Rossi.

De volta às bandas finalistas, a Sagaranna continuou a programação. O grupo, que revisita a sonoridade de diversas tradições musicais e folguedos do Estado como coco, cavalo marinho e forró, mostrou porque chegou à final pelo voto popular, sendo muito aplaudida e colocando muita gente para bater o pé no chão.


O porém da noite foram os problemas na apresentação da quinta concorrente, a indie Team.Radio. Logo no início do show, uma das guitarras e a voz principal simplesmente não estavam saindo, desconcentrando a banda. O clima começou a ficar tenso quando um dos guitarristas da banda foi ao microfone durante a música dizer que "cortaram a guitarra" e se tornou insustentável quando a outra guitarra também parou de funcionar.

A banda não soube lidar com os problemas técnicos e interrompeu a apresentação, anunciando sua desistência do concurso. A vocalista Marina S. chegou a afirmar: "Nossas coisas estão desligando, se a produção não deixa a gente tocar...", antes de deixar o palco. Bom ressaltar que problemas de som foram comuns no festival, certamente pela falta de passagem de som prévia e pelo grande número de atrações por noite. O próprio Zé Manoel - único a passar o som - foi atrapalhado por algumas microfonias e problemas técnicos durante sua apresentação, mas soube contorná-los e seguir seu show.

A produção do evento, então, avisou que um amplificador de guitarra tinha queimado e que a Team. Radio iria voltar e refazer seu show do início, o que, de fato, aconteceu, depois de longos minutos de espera.

A banda responsável por fechar a noite do Pré AMP acabou ficando em terceiro lugar na competição, apesar do atraso causado pela quebra do equipamento. Eram mais de duas e meia da manhã quando a Araçá Blu começou a tocar. Mesmo assim, muita gente ainda estava na Rua da Moeda a despeito do evento ocorrer numa quinta-feira. Com fãs fiéis e animados, o grupo renovou as energias do palco com seu som pop de arranjos bem bolados e composições interessantes. A presença de duas cantoras de vermelho trouxe também um elemento cênico diferencial, além dos arranjos vocais.
Clélio Tomaz/PCR
Marcelo Rangel, vocalista e violonista do grupo, afirmou à reportagem do LeiaJá que a banda "se inscreveu sem pretensão de nada. Independente de qualquer coisa, queríamos tocar". Ele também disse que o grupo foi procurar ouvir as outras bandas selecionadas e acharam o nível muito bom.

Proposta - Com atrações esteticamente tão diversas, o Pré AMP reforçou a ideia de que a cena musical autoral pernambucana não segue estilos ou formatos e abriga as mais diferentes musicalidades - regional, rock, eletrônico, hip hop, pop e experimentalismo. "A grande sacada do festival é o ecletismo", afirmou Niltinho, experiente músico, líder do grupo Pandeiro do Mestre. Ele também tocou nesta edição do festival, se apresentando na semifinal com o grupo Sid3, o Sacrifício da Fé, e pondera: "Todo mundo, ganhando ou não, teve a oportunidade de conquistar público".

O secretário de Cultura do Recife, Renato L., esteve na Rua da Moeda para prestigiar o evento, que é patrocinado pela prefeitura. A transformação do Pré Amp em um festival competitivo ocorreu no início de sua gestão, quando se percebeu que "havia a carência de um festival na cidade para bandas iniciantes". O secretário ainda reforçou a necessidade de criar espaços de renovação da cena musical.   

Fred Caiçara, representante da prefeitura na coordenação do festival, lembra que "o Pré AMP também atua na cadeia produtiva com atividades formativas", se referindo às oficinas realizadas dentro da programação do Festival. O festival é uma realização da Articulação Musical Pernambucana - AMP em parceria com a Prefeitura do Recife. A AMP é uma entidade e atua durante todo o ano, tendo no festival sua ação de maior visibilidade.

Tarciana Enes, produtora executiva do festival, avisa que "todos os músicos participantes do Pré AMP e os alunos das oficinas oferecidas foram convidadas a participar da AMP". A importância da participação dos músicos também foi ressaltada por Pablo Romero, coordenador da AMP.

Confira depoimentos de Pablo Romero, coordenador da AMP, e do músico Zé Manoel, vencedor da edição de 2011:

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