CD 'Baú da Dona Ivone' reúne artistas de várias gerações

Beth Carvalho, Monarco, Caetano Veloso, Nelson Sargento e Diogo Nogueira estão do CD que homenageia compositora fundamental do samba

Agência Estadopor Felipe Mendes qua, 25/07/2012 - 21:09

Caetano, Bethânia, Beth Carvalho, Monarco, Nei Lopes, Nelson Sargento, Sombrinha, Diogo Nogueira, Áurea Martins, Luiza Dionizio, Delcio Carvalho, André Lara, Juninho Thybau. Artistas de gerações distintas, dos 25 aos 88 anos, amigos, parceiros e/ou devotos de Dona Ivone Lara, eles atenderam ao chamado do samba e registraram em CD composições pescadas em seu baú - gavetas, caixas e pastas com cadernos, rascunhos soltos e fitas guardadas havia pelo menos quatro décadas, além de composições mais recentes.

O "Baú da Dona Ivone" tem 12 faixas; entre as mais antigas, parcerias com Delcio Carvalho, o letrista preferencial há 38 anos. "Não É Miragem" é uma rara mensagem política no cancioneiro dos dois. De 1981, ainda na ditadura militar, fala que "nosso povo quer mudar/ a voz de quem sofreu/ não pode mais calar". À época, ninguém se animou a gravá-la. Agora, ficou com Beth, uma espécie de curadora do CD, conforme conta o produtor e compositor Bruno Castro.

"Beth tinha muito coisa, é uma pesquisadora organizada. Logo disse que queria cantar essa e também me deu À Procura da Felicidade (só de Dona Ivone, e entregue ao pagodeiro Juninho Thybau, sobrinho de Zeca Pagodinho)", conta Bruno, antigo cavaquinista de Dona Ivone e seu parceiro em seis faixas.

Em outras duas da dupla Ivone/Delcio, "Vento da Tarde" (na voz de Nelson Sargento) e "Sombras na Parede" (de Monarco), mais recentes, o neto músico André Lara (um dos sete integrantes do grupo DNA do Samba, com outros herdeiros de bambas, como um neto de Silas de Oliveira e outro de Martinho da Vila), acrescentou sua assinatura. "Minha avó já fez a parte dela. Hoje, eu componho a melodia, levo para ela, que me explica o caminho certo. Aí o Delcio escreve a letra", explica André, que fez também, e canta, a biográfica "Luta Imperiana" ("pisei nesse barro que a vó pisou/ no terreiro que abrigou o amor e a saudade") .

O clima é de homenagem à baluarte de 91 anos, a quem os tributos vêm se sucedendo. No CD, Caetano a saúda como "a coisa mais linda do Brasil"; Nelson Sargento pontifica que "se a música tivesse forma humana, seria Dona Ivone Lara".

Dona Ivone não vai arriscar as músicas novas no show de lançamento, nesta quarta, às 19h30, no Teatro Rival. Só deve ser vista no palco ao fim, momento dos clássicos maiores da carreira. Já estão confirmadas participações de Nelson, Monarco, Delcio, Bruno, André, Juninho, Luiza e Áurea. Todos os presentes ganharão o CD, que ainda não tem comercialização e distribuição garantidas.

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