Lala K: 15 anos de carreira da primeira DJ pernambucana

DJ estreia novo projeto e vê seu primogênito premiado em São Paulo

por Maira Baracho sab, 18/08/2012 - 00:48
Marionaldo Júnior/LeiaJá Imagens Lala se reiventa e é um dos maiores nomes da cultura pernambucana na atualidade Marionaldo Júnior/LeiaJá Imagens

Lala K foi a primeira mulher de Pernambuco a se identificar como DJ. Já passou pelas baladas mais importantes do Recife, conquistou um público próprio, foi premiada em São Paulo e hoje, 15 anos depois, se reinventa num movimento natural e se firma como a maior DJ de Pernambuco. Comemorando a terceira indicação da primogênita Sem Loção à melhor balada de São Paulo e estreando um novo projeto, a Boulevard Gang, Lala recebeu o LeiaJá na sua casa para uma conversa.

Antes de começar a carreira de DJ, você fazia o que?

Eu estudava Engenharia Cartográfica e dava aulas. Um dia, numa festa aqui em casa, um amigo trouxe uns discos, eu já tinha outros e ficamos tocando. No final, Joana Lira me chamou para tocar numa festa na casa dela e eu aceitei. Fui sendo chamada para os lugares e fui levando meus discos, quando começou a sair nota em cima de nota, falando de "Lala"; foi aí que produzi a minha primeira festa, A Festa do Cabelo, com Paulo Cabral e Saulo de Tarso. Paulo fez uma surpresa e colocou no cartaz DJ "Lala Ka", foi quando ganhei este apelido. Depois eu joguei o "a" fora.

E quando foi que jogou a engenharia fora?

A faculdade era de manhã e eu já chegava dormindo. Comecei a pagar umas cadeiras de Jornalismo, depois passei para Rádio e TV, mas aí desisti de tudo.

Encarar a música como profissão exige muita responsabilidade e organização. Quando você decidiu que era isso o que queria fazer, como foi o processo? 

Fui pesquisar. Meti a cara no computador, comprei revistas, livros e fui me informar. Aí eu fui para Barcelona e lá fui para o melhor festival de música eletrônica da Europa, o Sónar, um grande aprendizado. Lá, eu vi um DJ gringo fechando um set de música eletrônica com Balança a Pema, eu gostei daquilo. Uma vez tocando no Festival de Inverno de Garanhuns, no meio de um set, joguei Chico Science e Nação Zumbi, e todo mundo amou. Foi uma loucura.

Ser DJ não é montar um setlist e colocar para tocar, isso é uma coisa que qualquer pessoa pode fazer. Você é uma DJ profissional, qual é a diferença?

Existe DJ e existe tocador de cd, de música. Quando eu comecei as pessoas diziam "Lala é DJ" e eu nem sabia o que era isso. Teve uma época que fiquei bem confusa. Aí eu vi uma matéria com Mark Makers, que já foi eleito um dos melhores DJs do mundo, em que ele dizia: "O que é que adianta a pessoa ter técnica, um monte de discos com nomes impronunciáveis, se a pista está vazia?"

Então também tem isso, não adianta ter equipamentos, os últimos lançamentos e a pista ficar vazia, você acaba não sendo nem DJ, nem tocador de música. Hoje tem também o produtor musical, que faz as bases ou um remix, então ele acaba sendo as duas coisas, produtor e DJ. O DJ é a pessoa que tá tocando ali, tem a técnica para fazer a coisa na hora, ou como a gente faz na Odara, que é botar uma música e tirar outra, às vezes tá um samba e você solta o vocal de outra música, vai brincando mesmo, mas mantendo a pista.

A Sem Loção é a sua primogênita e uma marca forte do teu trabalho. Como foi que ela começou a acontecer?

Passei seis meses em São Paulo e voltei com a ideia de fazer. Foi um marco mesmo, acontecia a cada 15 dias e ficou dois anos e meio assim. Um sucesso, não tinha isso aqui em Recife. Levamos para São Paulo e, já no primeiro ano, ganhou uma votação como a melhor balada da cidade.

Como é o processo criativo dos teus projetos?

É engraçado, geralmente eu viajo e volto com uma ideia. A Sem Loção foi assim e a Odara também, eu passei uns meses no Rio de Janeiro e fazia tempo que não tinha festa a tarde por lá, aí a Zero Zero fez a Num e eu achei incrível. Voltei com a ideia de fazer alguma coisa aqui à tarde também.Conversei com o pessoal da Golarrolê e aí surgiu a ideia de fazer uma de música brasileira. Tem dado super certo, estamos chegando à nona edição e, na última, tinham 1.600 pessoas.

Neste sábado você está estreando um novo projeto, também em parceria com a Golarrolê, a Boulevard Gang. Como surgiu essa ideia?

Foi numa Sem Loção, já de manhã, a gente tava conversando, eu, Felipe Machado, Allana Marques e Lucas Logiovine e, de repente, surgiu tudo: a festa, a ideia de ser black tie e o nome. Tudo. Aí o Aeroplane, da Bélgica, estava vindo para o Brasil e aproveitamos para fazer com ele.

Como é o mercado aqui no Recife? Tem espaço, tem concorrência?

Todos nós somos concorrentes, mas tem espaço. Cada um faz o seu, mas para ficar tem que ser bom, você tem que segurar a sua história. Nesses 15 anos eu vi muita gente entrar e sair, arrumar confusão. Eu sou muito na minha.

O que é imprescindível para você nesta profissão? O que a pessoa tem que saber?

Tem que andar muito, ver o que acontece na cidade, quem está fazendo o que, o estilo do que está rolando. É importante propor coisas novas.

Serviço

Boulevard Gang com Aeroplane (Bélgica) e Lúcio Morais (SP)

Sábado (18), 00h

Barrozo (Rua da Aurora, 1225 Santo Amaro)

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