Muito pop na primeira noite do Coquetel Molotov

Siba foi o show mais aplaudido da noite, que ainda contou com Rain Machine e lançamentos de Os Sertões e Lucas Santtana

por Marina Suassuna sab, 22/09/2012 - 14:02

Quando o pernambucano Clayton Barros subiu ao palco do Teatro da UFPE, na última sexta-feira (21), para abrir a primeira noite do festival No Ar Coquetel Molotov 2012, muitas pessoas ainda chegavam no local. Não demorou muito para que o teatro ficasse bem preenchido, ainda que não lotado, para conferir a estreia de Os Sertões, nova banda de Clayton após o final do Cordel do Fogo Encantado. O show trouxe o repertório do disco A Idade dos Metais, que explora um rock ensolarado e melódico, de caráter pop e com influências do dub, ska, rock retrô, drum'bass.

O resultado foi uma apresentação empolgante e multimídia, com projeções e painel da capa do novo disco, que faz uma releitura do Sgt. Peppers Lonely Heart Club Band dos Beatles. Elementos de orquestras tomam conta do novo trabalho que, segundo Clayton, teve como referência máxima o disco As Coisas, de Moacir Santos. "Este show é uma ode à música dos ventos, que propaga dos metais. É uma ode ao sopro", disse o vocalista em entrevista ao LeiaJá. Bem aceito pelo público, Os Sertões souberam deixar o recado e mandaram bem para uma noite de lançamento.

O baiano Lucas Santtana também presenteou o público recifense com show de lançamento. O quinto disco do músico, O Deus que Devasta Mas Também Cura foi apresentado em ritmo energético e enxuto. Durante os 40 minutos que esteve em cima do palco, Lucas expressou toda a inquietude que permeia seu novo trabalho, interpretando músicas como Jogos Madrugais, Músico, Dia de furar onda no mar, Se Pá Ska SP e É sempre bom se lembrar, não permitindo que as pessaos ficassem paradas. "Entretanto, várias canções do novo disco ficaram de fora, inclusive a que dá nome ao álbum. Sucessos anteriores do músico como Amor em Jacumã, Cira, Regina e Nana, Lycra Limão e Who Can Say Wich Way entraram no repertório.

Um dos melhores momentos foi quando Lucas tocou um carimbó instrumental  e convidou a plateia para subir no palco. Quase ninguém atendeu, mas as poucas meninas que encararam o convite chamaram atenção e deixaram o show ainda mais instigante. A amizade do baiano com os músicos pernambucanos reforça uma relação já estreita e significativa de Lucas com o Recife, que já virou destino certo no calendário do artista. "Todos os discos que eu lanço eu trago para o Recife e com esse não poderia ser diferente. A cidade tem um público grande, que vem de um universo sonoro bastante rico" explicou ao LeiaJá. "O Deus que devasta... é um show mais explosivo, eletrizante, é uma catarse. Foi um desafio trazer ele pra o teatro, pois inicialmente ele foi pensado para as pessoas assistirem em pé", completou.

O integrante do TV on The Radio, Kyp Malone, deixou a plateia admirada ao apresentar seu trabalho solo com a banda Rain Machine. O grande destaque é o alcançe vocal do americano, que hipnotiza qualquer um junto com suas guitarras. A apresentação é apropriado para o teatro, onde o público pôde experimentar, em doses homeopáticas, um novo formato de show, mais concentrado e de acústicas vocais mais intensas. Considerada uma versão lo-fi e experimental do TV on The Radio, a banda apresenta uma bela dinâmica em palco e conquistou a plateia, apesar das músicas muito extensas e parecida entre si.

O som pernambucano voltou a preencher o teatro no final da noite, quando Siba encerrou a programação do dia com o repertório de seu elogiado CD Avante. A pegada mais pop do novo trabalho combinou com a sonoridade proposta pelo primeiro dia do festival. Já conhecido do público recifense, Avante adquiriu outras dimensões dentro do Teatro UFPE, que favoreceu o som da guitarra, instrumento retomado por Siba no recente trabalho e sobre o qual demonstra domínio familiar. Sentindo-se em casa, o músico enfatizou a recepção do público várias vezes. "É maravilhoso ver gente cantando músicas que você fez sozinho em um quarto de hotel", comentou.

Durante toda a apresentação, a plateia poupou as cadeiras do teatro e aglomerou-se na frente do palco para prestigiar o conterrâneo. Canções como A Bagaceira, Canoa Furada, Ariana e Preparando o Salto  deram o clima de festa ao show, que foi o mais aplaudido da noite por uma plateia fiel e conectada ao novo trabalho do artista. Siba ainda relembrou os tempos do Mestre Ambrósio, cantando Mestre Guia e convidou o guitarrista e produtor do disco Fernando Catatau para acompanhá-lo durante três músicas.

A primeira noite do No Ar Coquetel Molotov 2012 ainda contou com shows gratuitos, que começaram a partir das 17h, na Sala Cine UFPE. Os pernambucanos da The First Corinthians e a instrumental mineira Galanga deram início à programação na sala. Os paulistas do Garotas Suecas trouxeram repertório do disco elogiado Escaldante Banda. Quem se destacou foram os suecos da Mary Onettes com seu indie rock dos anos 80 e 90 que atraiu um bom público para a Sala Cine.

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