Conferências internacionais marcam o dia no Porto Musical

Com shows e palestras, festival está chegando a sua reta final e levanta discussões sobre a produção cultural

por Tarcísio Acioli sex, 01/02/2013 - 22:05

O Porto Musical 2013, que começou na última quarta-feira (30), segue com sua série de conferências e palestras sobre música, mercado e tecnologia. Nesta sexta (1º), as palestras de Lewis Robinson e Luciane Gorgulho encheram os teatros Apolo e Hermilo. Voltadas para a produção artística, a primeira mostrou uma cena independente que vê na internet sua plataforma de divulgação e apoio, e a outra exemplos de financiamentos do Governo Federal para a produção cultural e artística.

Com o título Mais um gringo lançando a música brasileira internacionalmente, Lewis Robinson discutiu a produção musical brasileira da cena independente, falando de artistas que, sem o apoio de grandes gravadoras, conseguiram atingir seu público e ganhar notoriedade. Ele, que é idealizador da agência internacional de música brasileira Mais um Gringo, entrou em contato com a música nacional através de um programa de rádio no Reino Unido e, desde então, se interessou e começou a pesquisar mais sobre a produção artística contemporânea brasileira.

Para Lewis, os músicos precisam usar o Google – “Google is your friend”, diz ele – pois é através deste mecanismo de busca que eles podem entrar em contato com outros músicos, locais e produções diferentes. Para ele, o artista deve pensar que tem que alcançar o máximo possível, por isso o uso da rede mundial pode e deve ser aproveitado por quem deseja ver seu trabalho ganhando o mundo.

Filipe Barros, músico da Bande Dessinée, acredita que a palestra foi bastante interessante para quem buscava entender como funciona o mercado europeu para a música brasileira, como um artista pode se lançar nesse mercado e distribuir sua música. Apesar da luz mostrada por Robinson, Filipe diz que as perspectivas não são muito animadoras. “É muito difícil o mercado, é muito difícil circular, mas ele (Lewis Robinson) passou todas essas manhas pra gente”, afirma o músico.

Enquanto isso, no Hermilo Borba Filho, Luciane Gorgulho – chefe do Departamento de Cultura, Entretenimento e Turismo do BNDES – dissertava sobre as políticas de incentivo e financiamento do BNDES para a produção cultural. Luciane destacou em sua palestra o baixo valor investido pelo banco na área musical, especialmente quando comparado com outras expressões artísticas. Ela afirma que a reestruturação no mercado musical causada pela queda do número de venda de discos e a facilidade de acesso à internet trouxe uma mudança no setor, em que os músicos independentes começaram a ganhar cada vez mais espaço. Luciane deixou claro a vontade do BNDES em conhecer novos modelos de negócio para poder investir mais na música. 

“A nossa linha de financiamento pode financiar desde a própria produção das obras fonográficas, como a distribuição, divulgação, comercialização no país ou no exterior e a aquisição de direitos”, explicou durante a palestra Financiando a economia da cultura – a atuação pioneira do BNDES. O Porto Musical realiza ainda mais um dia de mesas-redondas, palestras, conferências e shows gratuitos na Praça do Arsenal neste sábado (2).

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