Constança de Almeida Prado e o legado musical de seu pai

Violinista, filha do pianista Almeida Prado, realiza concerto de abertura do IX Virtuosi Brasil, que começa nesta sexta (14) no Recife

por Swã Medeiros qua, 12/06/2013 - 10:39
Divulgação Constança de Almeida Prado abre a nona edição do Virtuosi Brasil nesta sexta (14) Divulgação

Filha de pianistas, Maria Constança de Almeida Prado Moreno começou a carreira musical ainda pequena. A música erudita sempre esteve presente na sua casa e a musicista foi influenciada pelos pais, principalmente o pai - o compositor Almeida Prado. Constança é uma das artistas que se apresenta na IX Virtuosi Brasil neste final de semana no Recife, fazendo uma homenagem aos 70 anos de nascimento do seu pai. O festival ainda homenageia os 150 anos de Ernesto Nazareth.

Premiada com a Bolsa de Estudos da CAPES/Brasília, programa Apartes, Constança Moreno concluiu em 2001 o Mestrado em Violino-Performance na Manhattan School of Music – New York. De 2001 a 2006, assumiu a classe de violino de Eugenia Popova na ECA/USP. Tem realizado inúmeros recitais e concertos com orquestra, homenageando seu pai. Após a morte dele em 2010, ela idealizou, junto a Carlos Moreno, a criação do Almeida Prado Ensemble, que teve sua première em abril de 2011.

Constança conversou com o LeiaJá e falou sobre a relação com o pai e sua participação no IX Virtuosi Brasil.

Como a música interferia na sua relação com seu pai?

A vida dele sempre foi um mergulho na arte da composição. A vida dele foi a música, ele sempre abraçou a música como tudo para ele desde muito pequeno. Ele descobriu seu talento com seis anos de idade. A seriedade e o amor que ele tinha pela música era uma coisa muito impressionante para mim. Ele compunha com tanta facilidade que chegava a fazer uma sonata em três dias. Ele sempre explicou para gente a maneira como ele fazia: escrevia direto no papel, não apagava nada e, quando nascia a obra, ela já estava pronta.

Você, além de ser violinista, compõe?

Como eu fiz faculdade de música, tive algumas oportunidades para compor. Mas para mim era exatamente ao contrário do meu pai. Era um dificuldade absurda. Eu fazia uma linha, apagava tudo e fazia de novo. Não é minha praia, definitivamente. É por isso que admiro muito quem faz, pois é uma arte muito especifica, muito especial.

Quais são suas influências musicais?

É uma grande honra na minha vida ter nascido em uma família musical. Isso para mim foi um presente de Deus porque cresci ouvindo muita música. Meu pai e minha mãe são grandes pianistas. Então tive essa benção de crescer ouvindo muita música erudita, de Mozart a Beethoven e Bach. Sempre acompanhei a dedicação e os estudos dos meus pais que sempre foram muito dedicados à música. No caso da minha mãe, ela sempre foi muita dedicada ao piano. Ela estudava muitas horas por dia e deixava eu e minha irmã, que é um ano mais velha do que eu, ouvir os ensaios nos estúdios. A gente adorava aquilo.

Você já conhecia o Festival Virtuosi?

Eu sempre ouvir falar muito bem porque recebo as divulgações e admiro muito o trabalho da professora e pianista Ana Lúcia Altino e do maestro Rafael Garcia. Quando você pensa na nossa realidade, a música erudita ainda é muito precário no nosso país. E é muito admirável quando a gente ver um trabalho assim de alto nível. São essas pessoas que têm levantado a bandeira da música erudita. Eu acho uns verdadeiros heróis.  

Como é participar de um festival que tem como homenageado seu pai? Você já participou de outros festivais tendo seu pai como homenageado?

Em 2003, quando meu pai fez 60 anos, ele recebeu uma homanegam no Festival Eleazar de Carvalho. Foi muito especial porque ele ainda estava vivo e, com isso, participou, deu muitas aulas, e realizou palestras sobre a sua própria obra. Além disso, eu pude participar com ele tocando e realizando recitais. Foi muito lindo! Já do Virtuosi, é a primeira fez que participo. Estou muito honrada de poder homenagear meu pai, esse grande gênio. Além de ser a primeira vez que toco no Recife.

O que o público pode esperar do concerto de abertura do festival que você fará com Ingrid Baranconski em homenagem ao seu pai?

A Ingrid é uma grande intérprete da obra do meu pai. Foi ele que me apresentou a ela na ocasião de uma bienal que ocorreu em Cuiabá. Nos apresentamos juntas e estreamos mundialmente a Sonata n.4 – obra que vamos tocar no Recife – e foi maravilhoso porque ela é uma pessoa incrível. Já em relação ao concerto de abertura, nós vamos iniciar com uma obra muito meditativa que é a Cantiga da Amizade. Em seguida, vamos fazer a sonata Primavera, de Beethoven – que, como o próprio nome diz, é uma obra muito encantadora. E finalizaremos com a sonata da Ressureição. São duas sonatas que têm nomes muito belos e realmente as obras estão à altura desses nomes de batismo.

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