Praça da Várzea ganha cor e vida depois do Recifusion
Grafiteiros nacionais e internacionais encheram os muros do entorno da praça com muita cor e arte
O bairro da Várzea, Zona Oeste do Recife, ficou mais colorido depois da sexta edição do Recifusion, festival recifense de artes visuais com foco no graffiti e cuja programação encerra neste domingo (30). Cerca de 300 grafiteiros, entre convidados nacionais e internacionais, ao lado de crews de todo o País, participam do encontro desde sábado passado (29), com uma intervenção de grafitagem realizada em vários pontos no entorno da Praça da Várzea.
A programação de destaque do Recifusion, neste domingo (30), envolve, além dos grafiteiros, várias atrações musicais a exemplo da banda Devotos e da Batalha da Escadaria - movimento de MCs recifenses. “O Recifusion é, hoje, um encontro multicultural, e não apenas voltado só para o graffiti. Ele se transformou com o tempo numa coisa maior e que já atrai outros públicos, e isso fica claro durante a programação quando pessoas de vários estilos interagem entre si. Até porque este tipo de arte de rua não abrange apenas quem faz parte da cena, ele está em galerias, em residências e tudo mais”, comenta Junior Eu, grafiteiro e coordenador geral do evento, em entrevista ao LeiaJá.
Reunião de grafiteiros
Os mais de 300 grafiteiros, convidados pela produção do Recifusion para participar desta edição, grafitaram os muros de um quarteirão composto pelas vias rua Dona Maria Lacerda, av. Afonso Olindense, rua Mendes Martins e rua Sarandi. Um dos convidados é o grafiteiro Sino, do Rio de Janeiro, integrante da crew CRC. “Participei uma vez do Bombardeio Recife, evento que também é voltado para o graffiti, e acabei sendo visto pela produção do Recifusion. Enviei um material meu para o pessoal e a galera gostou muito. Daí surgiu o convite”, comenta Sino.
Outros coletivos de grafitagem, como a Nova Desordem, da Bahia, vieram ao Recife para participar do festival por conta própria. “Vivo o graffiti todos os dias e esse evento pra mim é como se fosse uma pelada de futebol com os amigos e outros caras que fazem a arte de rua acontecer. Já frequento o Recife há sete anos, mas essa é a minha primeira vez no Recifusion e é a primeira vez também que toda a crew Nova Desordem veio completa para o festival”, explica Julio Costa, integrante do coletivo. “Gosto muito do Recifusion, do evento em si. Não tenho nada pra dizer sobre a parte artística da história, e isso deixo aos críticos. Mas em relação à articulação e produção do festival, a galera está de parabéns”, complementa.
Recifusion colore mais uma vez o Recife com grafitagens
Johny Cavalcanti, um dos organizadores do festival, explica como funciona o processo de escolha dos muros por parte dos grupos autônomos. “A galera que veio por conta própria atuou em vários muros no entorno da Praça da Várzea. A crew Nova Desordem, por exemplo, solicitou à direção da Escola Estadual Cândido Duarte o muro da instituição para fazer seus ‘trampos’. A única coisa que a diretoria pediu em troca foi que os graffitis seguissem a temática da educação, mas sem limitar muito o processo criativo dos artistas”, revela o organizador do Recifusion.
Moradores do bairro da Várzea aprovaram a iniciativa, que encheu de cor muros que até então estavam sujos e abandonados. “Adorei a proposta do festival e nunca tinha visto alguém fazer um graffiti ao vivo, só via os desenhos já prontos pela cidade. Acho bem bonito e foi um trabalho que deu uma nova cara pra Praça da Várzea, que estava bem suja e sem vida”, comemora Luiz Monteiro, morador da Várzea há 44 anos.