Ipê amarelo deve acolher cinzas do escritor Rubem Alves
Morto no sábado, aos 80 anos, o escritor e educador Rubem Alves deve ter suas cinzas espalhadas em torno de um ipê amarelo - como era sua vontade. O corpo do intelectual mineiro foi velado neste fim de semana na Câmara Municipal de Campinas, cidade onde morava, no crematório Primaveras, em Guarulhos. Os restos mortais devem ser cremados nesta segunda-feira, 21.
Durante o velório, o amigo e professor aposentado Carlos Brandão leu uma carta em que Alves se despede de familiares e amigos. "Não terei últimas palavras. O que tinha para dizer, já disse em vida", dizia a carta, segundo informações da Câmara Municipal de Campinas.
Alves deixou um adeus aos filhos e declarou amor à mulher. No final, outro amigo declamou poesia do português Antero de Quental. A pedido dos familiares, o velório ficou aberto para a visitação até a meia-noite de sábado e depois foi reaberto na manhã de ontem.
O educador morreu de falência múltipla dos órgãos depois de nove dias internado no Centro Médico de Campinas. Nascido em Boa Esperança, em Minas, é autor de mais de 120 livros. Era filósofo, teólogo, psicanalista e, como educador, tornou-se uma referência para professores. Era reconhecido por defender uma escola mais livre, ligada à vida do estudante.
A morte do intelectual causou comoção entre os admiradores. "Rubem Alves era um encantador. Em seu texto Sobre a Morte e o Morrer disse que 'permanecemos humanos enquanto existe em nós a esperança da beleza e da alegria'. Foi esta esperança que ele buscou despertar. O mundo perde um pensador brilhante", escreveu a ministra da Cultura, Marta Suplicy.
O educador Tião Rocha também lamentou. "A educação brasileira está de luto! Que sua obra e seu exemplo continuem entre nós, seus eternos aprendizes!"
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.