Elba Ramalho canta Gonzagão e Afins em noite emocionante
Cantora é destaque de “Cordas, Gonzaga e Afins” e gravou DVD do projeto na noite de ontem
É ela quem canta, anda pelo palco, troca de figurino três vezes, recita textos e interage com o público. A intimidade com o palco prevalece nas apresentações de Elba Ramalho e ontem não foi diferente. A cantora, juntamente com o grupo SaGrama, o quarteto de cordas Encore, o baterista Tostão Queiroga e os sanfoneiros Beto Hortis e Marcelo Caldi gravaram o DVD do projeto Cordas, Gonzagas e Afins na última quinta-feira (26) no Chevrolet Hall, em Olinda. O show, que estreou em Salvador no dia 23 de agosto, leva o universo do Rei do Baião para o palco, onde o público é levado em uma viagem do sertão ao mar, sendo guiado pela voz da cantora…. para assim tudo acabar numa festa de São João.
Temos uma Elba Ramalho concentrada, atenta aos detalhes necessários para a dramaticidade da obra, mas sem esquecer do charme habitual da cantora que o Brasil ama. Mas em Gozanga, Cordas e Afins, Elba vai além. Com produção musical de Sérgio Campelo, do SaGrama, o espetáculo traz belas canções do Mestre Lua e também algumas relacionadas que casam com a proposta do trabalho em novos arranjos feitos pelo grupo, que surpreendeu e agradou o público.
“Gonzaga deixou frutos incríveis e continuará rendendo frutos por toda a eternidade” falou Elba.
De início a cantora sai do meio da platéia em direção ao palco, uma chegada logo coroada com duas músicas de Gonzaga (Pau de Arara e Algodão) e um grande sucesso antigo Não sonho mais. O show já estava ganho daí, com a cantora e os músicos sendo aplaudidos ao final de cada música.
O show tem cerca de 20 canções e mesmo sendo uma gravação de DVD, o conjunto trabalhou com perfeição e poucas canções precisavam ser repetidas, algo que o público não se importou, claro. Também há a declamação de textos de Newton Moreno, diretor de teatro pernambucano que trabalha em São Paulo e de João Cabral de Melo Neto. O destaque é o trecho da obra Morte e Vida Severina das ciganas, texto que Elba conhece há décadas e interpreta com segurança e entrega.
Entre as canções do show, Súplica Cearense, Assum Branco, O Ciúme, Prece Sertaneja, Irmão das Almas, A Violeira, Tomara e Braia Dengosa (maracatu feito por Gonzaga). A canção Chão de Giz, perto do final do show foi o ápice para o público, que se emocionou e cantou mais alto. Domingo no Parque e Sabiá. Além de Gonzaga, outros músicos também foram homenageados. Accioly Neto com A natureza das coisas, Dominguinhos com Sanfona Sentida e Toinho Alves, com Sete Meninas.
João Cabral de Melo Neto é uma presença constante no espetáculo, tanto por ser um grande interlocutor da vida do sertão e também por fazer parte da história da carreira de Elba, que começou a carreira como atriz na Paraíba e foi ao Rio de Janeiro se apresentar como cantora a convite do grupo Quinteto Violado.
Um espetáculo que emocionou o público e que mais uma vez reafirmou a importância de Luiz Gonzaga para a cultura nordeste e o Brasil. Viva o Cordão Encarnado!
Turnê
Depois, o espetáculo segue na estrada para Curitiba (31/10), Belo Horizonte (21/11) e São Paulo (25 e 26/11).