Banda Fresno fala sobre o atual projeto “INVentário”
Vocalista da banda explica sobre a concepção de setlists dos shows, inspirações para as novas músicas e processo de produção durante a pandemia
Os anos 2000 trouxeram grandes reviravoltas para a cena do rock nacional, pois nessa época um novo subgênero ganhava força no Brasil, o emocore, melodias com instrumentais pesados, mas com letras que retratavam as amarguras da vida romântica. O estilo foi responsável por popularizar diversos grupos musicais, que continuam com seus trabalhos até os dias de hoje e ainda movem legiões de fãs, entre eles, a banda Fresno.
O conjunto musical surgiu em 1999 e atualmente é composto por Lucas Silveira nos vocais e guitarra, Gustavo Mantovani (Vavo) na guitarra e Thiago Guerra na bateria. Ao longo da carreira musical, a Fresno já lançou oito álbuns de estúdio, dois Extended play (EP) e quatro discos ao vivo.
Com mais de 20 anos de carreira, o grupo coleciona diversos hits, entre eles, "Desde Quando Você Se Foi" (2008), "Milonga" (2008), "Infinito" (2012) e outros sucessos que o público anseia por ouvir nos shows. “Isso acaba nos deixando muito livres para fazer os lançamentos sem o compromisso de ‘como tocaremos aquilo ao vivo’”, explica Lucas.
Entre os diversos formatos de shows, a Fresno já realizou apresentações focadas em trabalhos antigos, em um único disco ou com prioridades em lançamentos. “Na última turnê, voltamos a tocar “Absolutamente Nada” (2006) que é uma música que tem 15 anos”, lembra Lucas.
Além disso, o músico evidencia que existem canções antigas que quase sempre marcam presença nos setlists de shows, como “Quebra as Correntes” (2006) e “Cada Poça dessa rua tem um pouco de minhas lágrimas” (2006). “Isso é muito maleável, temos um repertório enorme e quando vamos nos preparar para uma turnê, pensamos num show que seja coeso, acabamos não mudando muito ele de um lugar para outro porque a gente pensa o show como uma coisa só”, enfatiza Lucas.
Longe do compromisso do ao vivo, o projeto mais atual do grupo, a playlist “INVentário”, que já conta com oito faixas é, segundo Lucas, um formato livre de composição e de produção. “Obviamente somos capazes de tocar qualquer coisa que quisermos ao vivo. No entanto, quando lançamos um álbum ou um projeto, a maneira com que essas músicas vão performando nas redes sociais e nos players de música, nos diz muito do que precisa ou não ir para o show”, afirma.
De acordo com Lucas, existem situações em que determinadas músicas, por possuírem uma agitação, se adequam muito bem aos shows, mesmo que não sejam as favoritas do público, ao mesmo tempo que grandes sucessos, por serem baladas, podem quebrar o ritmo do espetáculo. “O show se torna uma mídia completamente diferente”, aponta.
Para as canções disponibilizadas no “INVentário”, Lucas buscou referências no gênero hyperpop e, em bandas diversificadas como Royal Blood, Muse, Anberlin, My Chemical Romance, Bon Iver e Los Hermanos. “Acho que já cheguei num lugar de compositor em que acabo não tendo grandes referências na hora de compor uma música, mas já na hora de produzir, que é encontrar uma sonoridade para representar aquela composição, aí sim”, descreve.
A pandemia do coronavírus (Covid-19) obrigou diversos músicos a adaptarem suas rotinas de trabalho para o ambiente remoto mas, segundo Lucas, antes da crise sanitária, o grupo já realizava suas composições e gravações a distância. “O Guerra já tem um estúdio dele, então nós já gravávamos remotamente desde antes da pandemia e nos juntamos mais para fazer shows e ensaiar”, comenta.
Lucas revela que muitas músicas do “INVentário” foram compostas muito antes da pandemia, algumas coisas possuem 10 anos, mas só foram concluídas agora. “A forma de composição não muda, mas a forma de produção sim, ela é mais a distância, mais indireta, mas isso também deixa o processo muito mais livre, porque não precisamos nos preocupar em tocar ela junto ou corretamente. A gente meio que deixa ela se fazer sozinha”, ressalta.
Lançamentos em Plataformas Digitais
Com o avanço dos streamings de áudio, muitos artistas não se preocupam mais em lançar álbuns e priorizam o lançamento de singles periódicos. Mas,Lucas diz não se preocupar muito com essas questões. “Esse formato é muito ditado para o bem das plataformas e não necessariamente para o bem dos artistas”, afirma. Para o vocalista, a rotina de ter que criar canções, clipes ou singles o tempo inteiro tem escravizado muitos artistas.
Por outro lado, na visão do músico, um álbum representa uma aposta alta, já que possui um conjunto de 10 ou 20 músicas, além de tempo e dinheiro investidos. “Acredito que pelo menos o nosso público ainda enxerga o álbum com outra importância, é uma coisa muito maior do que soltar um single ou outro”, descreve.
Segundo Lucas, o álbum é algo que marca uma fase, um retrato novo da banda e, devido a isso, ele esclarece que nunca abandonará esse formato. “Apesar de às vezes você querer lançar um single por ter a vontade de lançar um negócio novo, experimentar, querer fazer um EP temático de um jeito diferente, então vai lá e faz. Mas, o álbum é álbum e nunca vai deixar de ser”, define.
No momento, a Fresno trabalha nas canções da playlist “INVentário”, que já conta com 8 faixas. Acompanhe http://https://fresno.lnk.to/INV .