Academia do Peixe Frito será tema de palestra na Espanha
Em homenagem aos 100 anos da Semana de Arte Moderna, o poeta e professor Paulo Nunes, da UNAMA, vai destacar a Amazônia a partir da literatura paraense
A convite da Faculdade de Letras da Universidade de Sevilla, na Espanha, o poeta e professor Paulo Nunes, do curso de Letras e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Linguagens e Cultura (PPGCLC) da UNAMA - Universidade da Amazônia, vai proferir palestra, na quinta-feira (11), em homenagem ao centenário da Semana da Arte Moderna de 1922, realizada em São Paulo, no Brasil, entre os dias 13 e 17 de fevereiro daquele ano. O objetivo é destacar a Amazônia, a partir das ações da Academia do Peixe Frito, movimento literário e cultural organizado por jovens escritores, jornalistas e artistas paraenses, em Belém, durante os anos de 1920 a 1950.
Para o professor, o destaque para a Academia do Peixe Frito na programação desmonta a falsa ideia de que a Amazônia é um lugar ilhado, isolado. “Mostrar parte de nossa literatura pulsante numa universidade europeia importa porque ajuda a superar os preconceitos para conosco”, afirma.
Paulo Nunes vai mostrar que desde o início do século XX os autores da nossa região, que se reuniam no Mercado de Ferro do Ver-o-Peso para falar de literatura, estão antenados com as indicações políticas, estéticas e sociais da humanidade. “Os nossos modernistas mostram, através das artes, com destaque à literatura, as reivindicações mais verdadeiras, como o respeito à diversidade de credos e às diferenças etnicorraciais”, acrescenta.
A palestra ainda pretende contribuir para o reconhecimento da Amazônia como um centro de produção cultural, não reconhecido nem mesmo pelos amazônidas. “As pesquisas realizadas nas universidades de toda a Amazônia brasileira constituem uma chance de mudarmos a ideia de uma ‘Amazônia invisível e exótica’”, diz.
O professor vai enfatizar a Academia do Peixe Frito como um grupo que, além de colocar a Amazônia na ponta de lança das inovações estéticas, propunha acabar com a saudade melancólica da Belle Époque, fazendo com que as vozes das periferias de Belém tivessem espaço em textos jornalísticos e literários.
“Em um tempo de excessiva europeização, parte significativa dos peixefritanos colocava em xeque as colonialidades. Bruno de Menezes (escritor e poeta paraense) tinha orgulho de ser preto, e reúne em torno de si um grupo afinado com a diversidade e a ‘nova beleza’”, ressalta.
As expectativas de Paulo Nunes para a sua participação são de divulgação das nossas culturas e de abrir mais espaços para o diálogo sobre a literatura da Amazônia na Europa.
Conheça mais sobre a Academia do Peixe Frito:
https://www.youtube.com/watch?v=QWhV5xpegPU
Por Isabella Cordeiro.