Encontro discute memórias, identidades e patrimônio
Preservação arquitetônica esteve entre os assuntos tratados em roda de conversa no quinto dia de programação da 25ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, em Belém
“Patrimônio edificado: presente vivido, passado lembrado” foi o primeiro assunto abordado na roda de conversa realizada no espaço das Vozes da Cultura Popular, na 25ª Feira do Livro e das Multivozes, em Belém. O encontro contou com a presença da arquiteta Paula Caluff Rodrigues, da psicóloga Andréa Mártyres e teve mediação da Karyna Moriya, do Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (DPHAC).
A preservação do patrimônio percorre todo o conjunto que faz parte do bem material como referência, importância e significado para as pessoas e regiões. O Cemitério da Soledade, assunto de estudo da arquiteta Paula Rodrigues no livro "Duas faces da morte: corpo e alma do cemitério Soledade", reúne todos esses elementos a partir das devoções populares existentes no espaço. Paula falou do processo de tombamento do cemitério e de suas referências culturais e históricas.
“Eu comecei a conversar com os frequentadores do Cemitério Soledade, com as pessoas que fazem as devoções às almas, que sempre vão às segundas-feiras. Ficou um banco de dados que ajudou imensamente a entender como era esse processo do mesmo bem ser apropriado de diversas maneiras, tanto pela riqueza imaterial, que são as devoções populares, quanto pela riqueza material, que é um cemitério do século XIX, com uma arte característica da época, que retrata muito dessa sociedade”, observou Paula Caluff.
Atenta ao amor pela conservação e perpetuação da memória, Andréa Mártyres colocou no papel a história do Hotel Farol, localizado em Mosqueiro. Ela destaca que ouvir relatos sobre o espaço foi seu incentivo para escrever sobre suas memórias e memórias de sua família que, até hoje, cuida do Hotel. “A ideia é de que a gente pudesse juntar os relatos dessas pessoas, assim como os relatos deixados pela minha avó, que viveu 100 anos, e poder registrar no livro. Além disso, a ideia é que o livro pudesse servir como fonte de pesquisa, sobre Mosqueiro, sobre a Ponta do Farol, e que pudesse estar compartilhando todas essas histórias e essas memórias”, relatou.
Andréa Martyres falou sobre a experiência da construção da obra "Hotel Farol: história e memórias". “O projeto do livro durou oito anos. Foi uma coisa que levou bastante tempo, com muita dedicação, muito trabalho e muita superação também. E foi também um processo de autoconhecimento pra mim como neta, de entrar em contato com a história da minha família”, concluiu.
Por Amanda Martins, Clóvis de Senna, Giovanna Cunha e Igor Oliveira (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).