Exposição ressalta herança e influência dos judeus em PE

Mostra chega ao Cais do Sertão neste fim de semana

qua, 10/05/2023 - 19:12
Divulgação Exposição no Cais do Sertão ressalta herança e influência dos judeus em Pernambuco Divulgação

O Bairro do Recife será palco agora para a exposição Israel - Ontem, Hoje e Amanhã - as marcas e contribuições deixadas em Pernambuco e no Recife. O local escolhido para receber a mostra foi o Museu Cais do Sertão, na Sala São Francisco, a partir deste domingo, 14 de maio, às 14h. A mostra seguirá até 30 de junho.

A exposição coletiva é uma realização da Organização Glória em Vez de Cinza, fundada há 15 anos em Auschwitz, na Polônia, com sede também no Brasil, com patrocínio da Câmara de Comércio Pernambuco-Israel e apoio do Governo do Estado, por meio da Empetur e do Cais do Sertão. São apoiadores ainda a FE Fundações Especiais, FlyBr, Fenasp Pernambuco, igrejas Rhema, Apascentar, Família 61 e Guimarães Thomas Advogados. Na ocasião da abertura, o Grupo de Dança Judaica Família 61 fará uma apresentação.

Em 2020, o Instituto Glória em Vez de Cinza em parceria com o Instituto Portal do Avivamento Recife doou à capital pernambucana o monumento de uma tonelada e cinco metros de altura instalado no Cais do Apolo, idealizado por Graça Lacerda e seu filho Thiago Lacerda. A obra integra uma série de ações, incluindo a exposição no Cais do Sertão, em prol do resgate da memória e do legado do povo judeu que viveu em Pernambuco durante a ocupação holandesa e foi expulso pelos portugueses no século XVII.

Idealizada pelo escritor e artista Charrier Bernardes, que vive no Reino Unido, a mostra reúne mais de 30 peças entre pinturas, esculturas, painéis luminosos, objetos e vídeos. O público poderá conferir painéis cedidos pelo maior museu do Holocausto em Jerusalém, o Yad Vashem.

Intitulados Como foi humanamente possível?, os painéis recontam em fotos e informações a história da Guerra. Aliás, a exposição é dividida em quatro atos: Nascimento da Nação Israel e Os Benefícios Entregues ao Mundo; Destruição, Diáspora, Perseguições e Massacre; Holocausto; Retorno e Renascimento de Israel.

Esculturas em pedra dos Dez Mandamentos serão expostas em tamanho 50 X 80 cm. Uma Estrela de Davi, hexagrama símbolo de proteção, e um Menorá, o candelabro de sete pontas que igualmente representa a essência de Israel, também integram a exposição e estarão dispostos próximos também a um oratório, que remeterá ao romance O Segredo do Oratório, da escritora Luize Valente, descendente de cristãos-novos, que reconta as influências judaicas no Sertão nordestino.

O livro foi uma das fontes de inspiração para a exposição assim como histórias contadas por sertanejos, gente simples e até famosas como o cantador Santanna. O músico não esconde suas origens e relata com orgulho influências presentes na cultura e identidade local até hoje. Como exemplo, o famoso chapéu de cangaceiro, que traz a Estrela de Davi, assim como o quipá, peça de vestuário usada na cabeça dos judeus como forma de proteção. O chapéu ainda é chamado por muitos no interior pernambucano de kipper.

"A ideia da exposição nasceu a partir do Memorial Judaico instalado na Praça Tiradentes. Pernambuco foi o portal onde tudo isso começou, vê-se por aqui uma forte herança e marcas deixadas pelo povo judeu como legado cultural, urbanístico, econômico e uma história riquíssima que sentimos necessidade de reavivar. Hoje a comunidade atual, proveniente do Leste Europeu, está em sua segunda e terceira geração, mas as marcas ainda são muito evidentes", afirma Charrier.

Uma das telas que chamam atenção na exposição é a representação de um antigo mapa-múndi, criado por um alemão, que coloca Jerusalém no centro, em conexão com a Europa, a África e a Ásia. Outra tela traz a representação sobre como a Nação de Israel nasceu da abertura do Mar Vermelho com Moisés.

Igualmente marcante é uma obra em acrílico, que ao ser iluminada, acende as estrelas e remete à história de Abraão na Bíblia em que Deus o mostra o quanto o número de descendentes seria imenso, O Patriarca de Israel. Já o Painel do Arco de Titus relembra a comemoração dos romanos na destruição de Jerusalém. Além disso, em uma releitura a fotos históricas do tempo do Holocausto, telas que já foram expostas em conferências na Polônia foram trazidas especialmente para a mostra. Haverá ainda projeção de vídeos, retratando temas como O mistério dos Judeus, Holocausto e o Renascimento de Israel.

Da assessoria

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