Parques: para ver, viver e aprender

| ter, 01/11/2011 - 10:11
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Tecnologia, informação a todo segundo, em qualquer lugar. Prédios, concreto, calor, poluição. Pois é, a vida moderna é cansativa, agitada, não sobra tempo. Os livros são substituídos pela internet. As salas de aula, por chats.  Mesmo diante de uma realidade tão agitada e coberta de inovações, existem pessoas que ainda visitam e utilizam os parques como lugares para a construção de conhecimento.

Em alguns deles, é comum notar que há passeios escolares, pessoas sentadas observando a movimentação ou lendo e alunos que elegem o local para reunir grupos de estudo ou preferem estudar por ali, pois moram distante demais para voltar para casa no intervalo entre as aulas.


Sentada sozinha em um dos bancos do Parque 13 de maio, com bolsa e caderno na mão. Foi assim que Thaíza França, 15, estava. Ela sorri e afirma que aquele é o local mais calmo para estudar. Mais calmo ainda que sua casa. “Estudar aqui é tranqüilo. Todos da escola vêm para cá. Muita gente mora longe, fica complicado se encontrar e estudar”, conta ela. Não demora muito e Thaíza já não está mais sozinha. Natália Silvestre,16, outra aluna da mesma escola, chega e logo começa a explicar o porquê de estudar no parque. “Aqui tem sombra, é ventilado. Já conhecemos todo mundo, torna-se seguro. Além de ficar perto da escola”, diz.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Os parques não são apenas ponto de encontro para estudantes e leitores. Em outro lugar da cidade fica o Parque Dois irmãos. Escolas de vários lugares do estado, ou até mesmo de fora, o utilizam como uma forma prática de ensinar sobre ecologia.

Ao entrar no parque, a sensação de que não estamos mais na cidade é grande. É como se fosse um pedaço da natureza perdido. O cheiro, o ar, vozes, crianças correndo e vários grupos andando juntos, normalmente vindos de alguma escola, tudo dá um ar familiar ao parque. O local ainda é um dos poucos (mesmo com problemas de infraestrutura) que mantém uma programação voltada para educação e preservação do meio ambiente.

No espaço funciona o Centro Ambiental Vasconcelos Sobrinho, que promove atividades voltadas para crianças e adultos nas áreas de ciências biológicas, veterinária, zootecnia e educação ambiental. Lá, os visitantes podem ver de perto a fauna e flora local. Taciana Lauriano, coordenadora de educação do centro, explica o funcionamento do parque: “Nós trabalhamos com o lema, ‘conhecer para preservar’, ou seja, mostramos com visitas guiadas e trilhas interpretativas um pedacinho da unidade de preservação da mata atlântica ao qual o parque está inserido. Ensinando na prática, a importância de se preservar a mata para a vida do planeta como um todo”.

No parque, é fácil notar a grande quantidade de crianças. Olhares curiosos, risadas, e porque não, medo. Por alguns momentos todas as atenções voltam-se para Nichele Oliveira, monitora do centro que passeia com uma cobra enrolada nos braços. Divididas entre tocar a serpente ou observar de longe, os pequeninos ficam eufóricos. Uma diversão ver a reação de cada um. “Quando fazemos trilhas com crianças de 5 a 6 anos, surgem perguntas bem engraçadas. Já chegaram a perguntar se salsicha dava em árvore ou o motivo de determinado animal ter pena e outro não. É bem interessante”, conta ela.

Diante de tanta empolgação e curiosidade, professoras e coordenadoras de colégios que fazem parte das trilhas também ficam agitadas, mas garantem que é de extrema importância passar esse tipo de informação para os alunos. Letícia Ruiz saiu do Rio Grande do Norte com os alunos para visitar a reserva. “Lá, não existem parques assim. Os meninos adoraram poder ver tantas espécies de animais, de perto. Foi um ótimo passeio”, conta.

Descansar, jogar bola, namorar, fazer caminhada, brincar, ler, estudar, aprender. São tantas coisas possíveis de se fazer dentro de um parque que fica difícil descrever. A maioria desses espaços faz parte da história ou até mesmo se confundem com a vida das pessoas que por ali passaram. Sim, o mundo moderno tirou um pouco do brilho dos parques. Mas eles continuam ali, sendo palco de momentos simples e importantes, como o de uma criança aprendendo a importância da educação e do conhecimento através da vida.

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