Campeão brasileiro aos 15, esgrimista já mira Olimpíada
Nem Marcus Vinicius DAlmeida (16 anos completados em janeiro), nem Hugo Calderano (18 comemorados em junho), muito menos Matheus Santana (fez 18 em abril). O caçula da delegação brasileira nos Jogos do Rio/2016 poderá ser o garoto Alexandre Camargo, que fez 15 em abril e deu, para o blog, a primeira entrevista da sua curta carreira. O curitibano é o atual campeão brasileiro adulto na espada e já pinta como a mais nova esperança de um futuro melhor para a esgrima.
Alexandre, até agora, competia sem pressão. Talento reconhecido, não é o brasileiro de melhores resultados na base. Esse papel cumpre principalmente sua amiga Gabriela Cecchini, que, no ano passado, ganhou bronze no florete no Mundial Cadete, e o também gaúcho Pedro Morostega, melhor do País no Mundial Cadete de 2014. Enquanto os dois estão à beira da maioridade e ano que vem já competem no Juvenil, Alexandre ainda tem outros dois Mundiais Cadetes pela frente. No deste ano, viveu a maior decepção da breve carreira.
"Eu nunca tinha ido para um Mundial e era inexperiente ainda. Sabia que tinha que fazer uma boa poule (fase de ranqueamento). Comecei super bem, fiz uma ótima poule (ficou em terceiro). Fiquei de bye na primeira rodada, peguei um coreano bom e acabei me complicando", conta. A eliminação precoce no Mundial fez Alexandre perder a chance de disputar os Jogos da Juventude, em Nanquim (China). "Fiquei super triste em casa. O tempo passou, treinei dobrado e foquei nos adultos, que foi onde vieram as medalhas", explica.
O primeiro bom resultado surgiu antes ainda da Olimpíada da Juventude. Em agosto, em Barbacena (MG), em etapa do Circuito Nacional, Alexandre ficou com o bronze. Um mês depois, em Porto Alegre (RS), a prata. Faltava mais um degrau, alcançado no Brasileiro, disputado no começo do mês, no Rio.
A vitória na final, por 15 a 12, ainda teve um gosto todo especial. Afinal, foi sobre Athos Schwantes, de 29 anos, que defendeu o Brasil nos Jogos de Londres/2012 e há anos domina a espada brasileira. Mais do que isso: Athos é o exemplo diário para Alexandre, seu colega de treino na Academia Mestre Kato, em Curitiba.
"Ele (Athos) é um dos responsáveis pelo meu resultado. Sua ajuda em sala e seu apoio sempre me fez crescer mais", diz o garoto, que não se vê como rival de Athos. "Me vejo com um cara que está incomodando. Eu vejo ele como um cara que tenho que superar, pois ele é um exemplo de atleta. Mas por enquanto estamos tranquilos. Mais próximo da Olimpíada começa a ficar bem forte essa briga."
Como pode-se perceber, Alexandre já vê os Jogos do Rio como uma meta possível. Se até agosto ele ainda era um menino sonhando em um dia defender o Brasil, a sequência de pódios o fez acreditar que pode estar em uma Olimpíada aos 17 anos. "Meu sonho sempre foi um dia ser campeão olímpico, desde o primeiro dia de esgrima. Se eu conseguir a vaga olímpica, também sei que minhas chances de conquistar meu sonho serão poucas, mas talvez em 2020 seja outra história", avisa.
Se continuar nesse embalo de resultados, Alexandre tem grandes chances de estar na próxima Olimpíada. O Brasil tem direito a oito convites para 2016 e a Confederação Brasileira de Esgrima vai dividi-los igualmente: quatro para os homens, quatro para as mulheres. No masculino, levará a equipe de florete e um atleta da espada (porque Renzo Agresta tem enormes chances de conquistar a vaga por méritos próprios no sabre).
Assim, tanto Athos quanto Alexandre têm a possibilidade de conquistar uma vaga extra a partir dos critérios usuais (dois melhores do continente no ranking, campeão do Pré-Olímpico, sempre excluindo o país que conseguir vaga por equipes - no caso, EUA ou Venezuela). O xadrez das vagas será mais favorável se os EUA ficar entre os quatro melhores por equipes no florete - hoje é quinto. Aí o Brasil entra como melhor da América (disputa com o Canadá) e não precisa mais dos convites nessa arma, liberando três credenciais para a espada.