Papão celebra 51 anos da histórica vitória sobre o Peñarol

Bicolores golearam o time uruguaio por 3 a 0. O triunfo se tornou um dos mais importantes da história do clube e virou até marchinha.

ter, 19/07/2016 - 20:17

O Paysandu viveu uma década 60 esplendorosa. Sete vezes campeão paraense nas temporadas 1961,1962,1963,1965,1966,1967 e 1969. Além da vitória sobre a forte seleção da Romênia em 1968. Mas a principal façanha da agremiação naquele período foi o triunfo sobre o Peñarol, considerada uma das melhores equipes do futebol mundial naquela época.

O time uruguaio tinha no currículo dois títulos da Libertadores, um Mundial de Clubes, dois campeonatos nacionais e a base da seleção celeste na Copa de 1970. Realizava uma excursão pelo Brasil e não havia perdido nenhum jogo. No entanto, os uruguaios tiveram uma grande surpresa quando chegaram em Belém para enfrentar o Papão, na Curuzu, no dia 18 de julho de 1965.

Os bicolores tiveram um desempenho magnífico e venceram os uruguaios pelo placar de 3 a 0. Ércio, Pau Preto e Milton Dias marcaram os gols do Paysandu. Na mesma semana, um combinado de Paysandu e Tuna conseguiu empatar contra o mesmo Peñarol por 1 a 1. O triunfo repercutiu mundialmente. Inspirou até o cronista Nelson Rodrigues a escrever sobre o feito bicolor – intitulado “O Peñarol saiu com as orelhas a meio pau”. 

Houve jornais os quais disseram que o Papão “vingou” o “Macaranazo” de 1950 – quando a seleção Uruguaia superou o Brasil na final da Copa do Mundo, no Maracanã com mais de 100 mil torcedores, por 2 a 1. Até porque o goleiro titular do Paysandu, Castillo, era reserva de Barbosa naquela ocasião. E o treinador do Peñarol, Roque Máspoli, atuou como titular na meta da seleção celeste.

A vitória fez com o que o compositor Pires Cavalcanti criasse a marchinha “uma listra branca e outra listra azul, essas são as cores do Papão da Curuzu. O nosso time joga pra valer, até o Peñarol veio aqui pra padecer”, que, famosa, tornou-se o hino não oficial do clube – o verdadeiro foi feito em 1914 pelo maestro Manoel Luiz da Paiva.

Grandes jogadores da história do Paysandu estavam em campo naquele dia. Quarentinha, considerado o melhor atleta da história do clube. Ércio, que marcou mais de 100 gols com a camisa bicolor, e Beto, protagonista nas conquistas do Papão na década de 60. Nove deles ainda estão vivos. Um deles é o ex-volante Beto. Ele confessou que não houve uma preparação especial para o confronto. E que isso fez o Paysandu entrar seguro no jogo. “Ninguém se preparou. Nós não os conhecíamos para que tivéssemos uma preparação psicológica para jogar contra uma equipe bicampeã do mundo. Hoje eu sei da importância, o que significou aquela vitória de 18 de julho de 1965”, admitiu.

Segundo ele, a equipe do Paysandu entrou relaxada em campo, mas sem desrespeito ao Peñarol e relatou que alguns tentaram ofuscar a façanha dos paraenses. “Alguém para tirar o brio da nossa vitória disse que estava muito quente. Tava para todo mundo. Falavam que eles deixavam a bola para beber água porque eles estavam com camisa da manga comprida, o que não é verdade. Ninguém acreditava, mas aconteceu”, disse Beto.

Paysandu e Peñarol voltaram a se enfrentar 27 anos depois. Em outro amistoso disputado em 1992, no Mangueirão, os bicolores voltaram a golear os uruguaios, que não carregava todo o prestígio de outrora, por 4 a 0. Os gols foram feitos por Oberdan, Vitor Hugo e Cacaio (2x).

Ficha técnica

Paysandu: Castilho, Oliveira, Abel, Jota Alves, Carlinhos, Beto, Quarentinha, Pau Preto (Milton Marabá), Édson Piola (Vila), Milton Dias (Laércio), Ércio. Técnico: Juan Antônio Alvarez.

Peñarol: Marzurkiewcz, Forlan, Lescano, Varela, Caetano, Dávila, Pedro Rocha, Abadie (Flores), Silva, Spencer (Resnick), Jóia. Treinador: Roque Máspoli.

Por Mateus Miranda.

 

COMENTÁRIOS dos leitores