'Senhor Medalha'quer ginasta brasileira no pódio em Tóquio
O treinador do medalhista Arthur Zanetti, Marcos Goto, quer repetir a fórmula de sucesso do masculino e chegar ao pódio inédito com as meninas
Para padronizar o trabalho na ginástica artística masculina e feminina, Marcos Goto foi designado para a coordenação técnica das seleções brasileiras. O treinador do medalhista Arthur Zanetti, que assumiu o cargo há um mês, vislumbra o ciclo olímpico até Tóquio-2020. Sua principal meta é repetir a fórmula de sucesso do masculino e chegar ao pódio inédito com as meninas.
"Um dos objetivos é buscar uma medalha no time feminino, que tem potencial muito grande e meninas em evolução. No masculino, o objetivo é conseguir se manter no cenário internacional com resultados expressivos e brigar pelo maior número de medalhas possível", comentou o técnico. "Lógico que não vai ser igual aos Jogos do Rio porque houve uma redução no número de atletas para a próxima Olimpíada".
A equipe olímpica brasileira passou de cinco para quatro ginastas, o que fez aumentar também a competitividade entre os postulantes. Antes de assumir a nova função, Marcos Goto tornou-se referência como técnico ao liderar Arthur Zanetti na conquista de duas medalhas olímpicas - ouro nas argolas em Londres-2012 e prata no aparelho no Rio-2016 -, e conduzir Diego Hypolito ao pódio em pouco tempo de trabalho com o segundo lugar no solo na última Olimpíada. Para seus comandados, a ordem é ter comprometimento.
A seleção brasileira começará a tomar forma entre os dias 3 e 6 agosto, quando os ginastas participarão da primeira seletiva nacional. Ninguém está garantido ainda. A avaliação será feita no Campeonato Brasileiro, em São Paulo, a partir dos conceitos "excelente", "muito bom" e "bom" para cada aparelho. No total, serão 12 vagas para a equipe masculina e 12 para o time feminino, sendo seis para generalistas (todos os aparelhos), quatro para especialistas (aparelhos determinados) e duas vagas definidas pela comissão técnica.
Outras seletivas serão programadas posteriormente de forma que os atletas que ficarem fora da equipe possam continuar sonhando com uma vaga. "Vamos reformular a seleção. A gente quer fazer uma coisa bem aberta para motivar quem estiver treinando no clube e com critérios bem definidos para os treinadores terem direcionamento de que lado seu atleta deve ir para integrar a seleção nacional", explicou Marcos Goto.
Essa primeira avaliação também definirá a base para o Mundial de Montreal, no Canadá, em outubro. Para melhorar o nível técnico das equipes visando o principal compromisso do ano, o coordenador já tem uma diretriz. "O principal agora é que os atletas e os treinadores tenham em mente que as notas de partida precisam aumentar, temos de nos adequar ao código novo de avaliação".
O código de pontuação foi atualizado neste ciclo olímpico e já tem gerado impacto na nota dos ginastas. "O Europeu deu uma boa baliza para a gente. Agora precisamos ver como nós estamos dentro do mundo", disse Marcos Goto.
O primeiro teste das brasileiras ocorreu no Trofeo Cittá di Jesolo, na Itália, no início de abril. Já a primeira participação da equipe masculina em competições internacionais nesta temporada será nas etapas da Copa do Mundo da Eslovênia e da Croácia, a partir do próximo dia 12. Convocados, Arthur Zanetti, Francisco Barretto Júnior, Lucas Bittencourt, Rebeca Andrade, Flávia Saraiva e a novata Thais Fidelis se reuniram no CT do Rio para os últimos ajustes.
Ausentes nas primeiras etapas da Copa do Mundo, os ginastas brasileiros se colocam de forma tardia no cenário internacional. Segundo Marcos Goto, os atletas não estavam em condições físicas e técnicas de representar o País no início do ano. No entanto, o coordenador reconhece que isso traz prejuízo na preparação para o Mundial e prevê mudanças no calendário nacional.
"Nosso calendário é totalmente contrário, estamos de férias em dezembro e janeiro. No ciclo passado, fizemos a experiência de mandar atletas competirem nas Copas do Mundo em fevereiro e foi um desastre porque eles não estavam preparados. Estamos estudando a possibilidade de mudar o calendário no próximo ano (2018), colocar férias mais cedo e retornar mais cedo também para, em fevereiro, já estar todo mundo em condição de competir no individual geral", defendeu.
A Caixa ainda não confirmou a manutenção do patrocínio à Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) para este ciclo olímpico. À espera, Marcos Goto evita fazer projeções sobre a possível redução de investimento na modalidade. "Os recursos que tivemos para a Olimpíada do Rio não iam ser mantidos. Estamos no primeiro ano (após os Jogos do Rio-2016), ainda não dá para sentir o impacto. Ano que vem, vamos conseguir enxergar melhor o cenário".