Seleção brasileira de handebol faz críticas à confederação

Em carta, atletas cobram o fim do jogo político e denunciam desamparo

por Alex Dinarte qui, 05/11/2020 - 16:44
Reprodução Instagram Publicação de uma carta aberta expôs a crise entre CBHb e COB, que prejudica os atletas Reprodução Instagram

Após a Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) cancelar uma temporada de treinos em Portugal, o elenco convocado para representar o Brasil nas competições masculinas declarou guerra aos atuais gestores da modalidade.

Por meio de uma carta, atletas como César Bombom, Diogo Hubner, Felipe Borges e o capitão Thiago Petrus protestaram contra o que chamaram de desamparo por parte dos atuais mandatários.

Assim como diversas modalidades olímpicas, o time participaria da Missão Europa, fase de treinamento programada pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) em alguns países daquele continente. De acordo com o manifesto dos atletas, a seleção brasileira foi excluída da temporada preparatória quando o COB puniu a CBHb com o corte de verbas. O motivo foi a permanência de Ricardo Souza, o Ricardinho, no cargo de presidente da confederação. O mandatário foi suspenso pelo Comitê de Ética do COB por assédio sexual e moral contra uma funcionária da CBHb.

Já a gestora do handebol brasileiro alega que desistiu do período de treinos nos exterior devido ao aumento dos casos de Covid-19 em Portugal. A revolta dos atletas se dá pela insistência de Ricardinho em se manter na presidência. A suspensão de dois anos do mandatário também afasta o investimento do COB na modalidade.

A íntegra do manifesto publicado pelos atletas. Imagem: reprodução Instagram

De acordo com o manifesto, não há projeto esportivo na confederação, apenas de poder. “A ambição pessoal dos atores políticos da nossa Confederação chegou ao nível da completa abdicação do fundamento da existência da instituição, que é o desenvolvimento da nossa modalidade em nosso país, sem esboçar sequer incômodo com isso. A Seleção é a maior representação desta razão de ser e encontra-se desamparada sem nenhum constrangimento”, cita a carta compartilhada nos perfis dos atletas nas mídias sociais.

Além das críticas ao modus operandi da gestão, os jogadores também se manifestaram no âmbito desportivo e técnico da modalidade. A equipe que usaria os treinos da Missão Europa para entrosar o time na disputa do Mundial do Egito, que acontece em janeiro de 2021, vai sofrer as consequências nas quadras.

“A política está completamente judicializada, enquanto a parte técnica, que deveria atender apenas a critérios puramente esportivos, está totalmente subordinada à instabilidade política da instituição”, ressalta o comunicado.

A versão da CBHb

De acordo com a reportagem do blog Olimpíada Todo Dia, a CBHb não quis comentar a manifestação dos jogadores. Na matéria, a confederação garante que a decisão de não ir à Missão Europa partiu dela e não do COB, além de assegurar que há documentos comprobatórios do risco de contaminação pelo Coronavírus.

Amanhã (6), a Assembleia Geral Extraordinária da CBHb se reúne em uma conferência virtual com as federações estaduais de handebol. A junta pode decidir a antecipação das eleições da instituição. A reunião é um dos recursos que podem definir nova data para a escolha do próximo presidente, que vai tentar salvar a modalidade da crise antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio.

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