Parlamento UE acusa Fifa de ter corrupção 'sistêmica'

O texto lamenta ainda a "falta de transparência" que caracterizou a escolha do país árabe como sede do torneio em 2010

qui, 24/11/2022 - 11:51
KARIM JAAFAR / AFP Presidente da Fifa e o emir do Catar Tamim bin Hamad KARIM JAAFAR / AFP

O Parlamento Europeu aprovou uma resolução por aclamação nesta quinta-feira (24) em que condena a morte de milhares de migrantes no Catar durante os preparativos para a Copa do Mundo de 2022 e diz que a Fifa tem uma corrupção "desenfreada, sistêmica e profundamente enraizada".

O texto lamenta ainda a "falta de transparência" que caracterizou a escolha do país árabe como sede do torneio em 2010 e que a Fifa "subestimou seriamente os danos à imagem e à integridade do futebol global". com a escolha.

O Parlamento pede ainda que os Estados-membros da União Europeia, em especial, Alemanha, França, Itália e Espanha, façam pressão na UEFA e na Fifa para que sejam realizadas reformas para a escolha das sedes da Copa do Mundo.

"Isso incluiria procedimentos democráticos e transparentes nas escolhas dos Mundiais e na implementação séria dos direitos humanos e de critérios de sustentabilidade para os países-sede. Para proteger atletas e fãs e colocar um fim no 'sportswashing' [quando o esporte é usado para melhorar a imagem de um país ou órgão que comete ações inadequadas], os eventos internacionais não devem ser dados a países onde os direitos humanos fundamentais são violados, e onde a violência sistemática de gênero prevalece", diz ainda o texto.

Os eurodeputados pedem que seja ampliado o fundo previsto pelo governo do Catar para ressarcimentos e que sejam incluídas todas as vítimas desde o início dos trabalhos relacionados à Copa de 2022, incluindo todos os casos de falecimentos e outras violações dos direitos humanos. Pedem também que a Fifa contribua com um programa de ressarcimento completo para as famílias dos trabalhadores, como as indenizações pelas condições de trabalho oferecidas.

Ao fim do documento, os eurodeputados ainda "deploram" os constantes "abusos perpetrados pelas autoridades do país contra a comunidade LGBTQIA+".

Isso inclui o uso de leis domésticas que permitem a detenção provisória sem uma acusação ou um processo por seis meses. Essa resolução também pede urgência ao Catar para reforçar medidas de igualdade de gênero, incluindo a abolição da remanescente lei de guardiões para as mulheres, enquanto dá passos para os esforços de ampliar a representação das mulheres no mercado de trabalho formal", finaliza.

A Fifa se aliou às autoridades do Catar ao proibir que as seleções usassem a braçadeira de capitão com as cores da bandeira LGBTQIA+, ameaçando punições esportivas aos jogadores.

Da Ansa

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