Neozelandês é preso em Mianmar por propaganda com Buda
Juiz considerou que Philip Blackwood, gerente do bar VGastro, "quis insultar intencionalmente as crenças religiosas"
Um neozelandês e seus dois colegas birmaneses foram condenados nesta terça-feira (17) em Mianmar a dois anos e meio de prisão com trabalhos forçados por insultarem intencionalmente as crenças religiosas, ao usarem uma imagem de Buda para fazer propaganda de seu bar.
O juiz considerou que o neozelandês Philip Blackwood, gerente do bar VGastro, "quis insultar intencionalmente as crenças religiosas" com a imagem publicada no Facebook de um Buda com fones de DJ. A imagem provocou reações iradas nas redes sociais, em um país que está vivendo a ascensão do nacionalismo budista.
Desde 2012, ao menos 250 pessoas morreram em uma série de incidentes entre budistas radicais e muçulmanos, e dezenas de milhares de pessoas foram obrigadas a se deslocar, em sua maioria muçulmanas.
Os três acusados, detidos desde dezembro em uma prisão de Yangun, foram condenados a dois anos de prisão por insulto à religião e a outros seis meses por perturbação da ordem pública, já que ocorreram manifestações perto do bar. As duas penas contam com trabalhos forçados. O juiz declarou que eles poderão apelar da decisão.
O gerente neozelandês do local, de 32 anos e pai de uma menina de sete meses, não fez nenhum comentário após a sentença, e foi levado em um veículo da polícia.
Durante o julgamento, os três homens negaram qualquer intenção de insultar a religião. Foram detidos depois de uma denúncia apresentada por um funcionário do departamento de assuntos religiosos, após a qual o bar foi fechado.
Os pais do neozelandês, entrevistados pela agência de notícia Fairfax Media, disseram que estavam muito surpresos com a sentença. "Esperávamos que o senso comum se impusesse e que ele fosse declarado inocente, porque não foi um ato mal intencionado", disse seu pai.