Petição em prol do rio Tapajós já tem 160 mil assinaturas

Ação é liderada pelo Greenpeace. Relatório da organização afirma que construção de hidrelétricas são ameaça à região.

por Julyanne Forte qua, 13/04/2016 - 14:46
Fábio Nascimento/Divulgação-Greenpeace Lideranças Munduruku fizeram protesto em março contra a construção de barragens no rio Tapajós Fábio Nascimento/Divulgação-Greenpeace

Mais de 160 mil pessoas já assinaram petição on-line em prol do rio Tapajós encabeçada pelo Greenpeace, que é contrária à construção de megaprojetos de usinas hidrelétricas, hidrovias e infraestrutura na região. O rio começa no Mato Grosso e sua correnteza vai em direção ao oeste do Pará, por 800 km, até desaguar no rio Amazonas. Segundo relatório da organização, os projetos do governo federal afetam não só a biodiversidade, mas também o modo de vida dos povos da Amazônia.

O rio Tapajós dita o ritmo de vida dos moradores das cidades banhadas por ele, como Santarém e Itaituba. Seu regime anual de secas e cheias é a principal fonte de recursos para as comunidades. Ele influencia a sobrevivência de milhares de habitantes ribeirinhos e indígenas durante seu longo trajeto.

Considerado, para o Ministério do Meio Ambiente, prioritário para a conservação do bioma amazônico, o rio é um lar para uma grande quantidade de vida, biodiversidade animal e vegetal que são protegidas por um mosaico de 10 unidades de conservação e 19 terras indígenas.

O planejamento do governo federal prevê que 43 grandes hidrelétricas sejam construídas na bacia do Tapajós. A maior delas, São Luíz do Tapajós, é apontada como prioritária. Impactos irreversíveis podem ser gerados na região a partir da construção desses megaprojetos, aponta o Greenpeace, no relatório “Hidrelétricas na Amazônia, um mau negócio para o Brasil e o mundo”. “O Greenpeace se opõe à criação de hidrelétricas em biomas frágeis como a Amazônia, defendendo a execução de energias renováveis verdadeiramente limpas, como o sol e o vento, no Brasil”, defende a organização.

De acordo com o relatório, vários impactos ambientais já podem ser observados na região, entre eles o aumento do desmatamento e do crescimento populacional sem planejamento, a redução da biodiversidade, os deslocamentos forçados de comunidades indígenas e tradicionais, o tráfico de drogas, a prostituição, a escalada da violência, além da abertura de estradas ilegais e a invasão de terras indígenas por mineradores, caçadores e madeireiros criminosos.

Opinião pública - Segundo a jornalista e pesquisadora Ivana Oliveira, doutoranda em Ciências e Desenvolvimento Socioambiental pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da UFPA, o processo de implantação de hidrelétricas na Amazônia tem comprovado a imensa dificuldade de participação popular no processo de tomada de decisões. Ela defende que essa questão precisa ser modificada: “As informações são poucas. E quando chegam ao grande público são somente para ser acatadas”.

“O envolvimento social é limitado, na maioria das vezes inexistente. Mesmo quando há participação popular em processos decisórios, a posição majoritária está nas mãos de empreendedores ou do governo. As informações sobre os impactos não são divulgadas e nem compreendidas na sua totalidade”, analisa Ivana Oliveira, que tem como objeto de estudo no doutorado a implementação de hidrelétricas na região. “E o que tem ajudado a mudar este cenário nos últimos anos é a emergência de um pensamento ecológico e o uso de redes sociais, que tem se tornado uma ferramenta na contracorrente da mídia tradicional”.

Com informações de Thiago Barros.

 

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