EUA querem boicotar resolução que incentiva amamentação
A resolução afirma que o leite materno é mais saudável para as crianças. Por isso, o texto recomenda que os governos limitem o marketing impreciso ou enganoso de métodos substitutivos da amamentação
Os Estados Unidos estão sendo acusados de tentar boicotar uma resolução da Assembléia Mundial da Saúde, das Organizações das Nações Unidas (ONU), que incentiva a amamentação. É o que revela uma reportagem do jornal "The New York Times" publicada neste domingo (8). Segundo a publicação, os EUA chegaram a ameaçar alguns países para conseguir o boicote.
A resolução afirma que o leite materno é mais saudável para as crianças. Por isso, o texto recomenda que os governos limitem o marketing impreciso ou enganoso de métodos substitutivos da amamentação. As autoridades americanas tentaram tirar a recomendação do texto final da resolução. A indústria de alimentos para bebês é dominada por empresas americanas e europeias e movimenta cerca de US$ 70 bilhões.
Eles também tentaram modificar a parte que diz que os governos tem que "proteger, promover e apoiar a amamentação". A delegação também quis tirar a passagem que pedia aos legisladores que restringissem a promoção de produtos alimentícios que muitos especialistas dizem ter efeitos negativos em bebês. Os diplomatas do país ainda ameaçaram impor sanções comerciais às nações que apoiassem a medida.
"Ficamos espantados, chocados e também tristes", disse em entrevista ao O GLOBO Patti Rundall, diretora de política do grupo britânico Baby Milk Action, favorável à amamentação. "O que aconteceu foi o mesmo que chantagem, com os EUA mantendo o mundo como refém e tentando derrubar quase 40 anos de consenso sobre a melhor maneira de proteger a saúde de bebês e crianças pequenas", completou. O Departamento de Estado dos EUA não quis se pronunciar, dizendo que não poderia discutir conversas diplomáticas privadas.