Empresas terceirizadas lideram denúncias médicas em SP

Sindicato dos Médicos diz que sete em cada dez queixas envolvem problemas com instituições desse modelo

por Nataly Simões sex, 24/08/2018 - 16:29

Sete em cada dez denúncias recebidas pelo Sindicato dos Médicos de São Paulo, entre maio de 2017 e maio de 2018, envolvem problemas com empresas terceirizadas que administram unidades municipais e estaduais de saúde.

“Nós recebemos denúncias de falta de materiais e insumos para adequada prática da medicina e diversas denúncias que têm a ver com a relação de trabalho entre o médico e seu contratante, que são empresas terceirizadas a partir do poder público”, afirmou o diretor do Sindicato dos Médicos de São Paulo, Gerson Salvador.

Nesta semana, após denúncias de irregularidades no atendimento prestado à população, a Prefeitura de Guarulhos rompeu o contrato com a empresa Gerir que até então era responsável por administrar o Hospital Municipal de Urgências (HMU) e o Hospital Municipal da Criança e Adolescente (HMCA). As unidades passaram a ser administradas por outras duas empresas terceirizadas, a Santa Casa de Birigui e o Instituto de Desenvolvimento de Gestão, Tecnologia e Pesquisa em Saúde e Assistência Social (IDGT).

O desempregado João Antônio Ferreira Santos buscou o HMU na madrugada da última quinta-feira (23) com suspeita de pedra nos rins e até o período da tarde não tinha sido atendido. “Nem abriram ficha ainda. Passei na triagem e a menina falou que não tem médico”, afirmou.

Outros pacientes também relatam que falta material para cirurgia e sonda. “É um caso de calamidade mesmo. Não tem material e meu pai está fazendo xixi em uma garrafa de soro”, explicou a dona de casa Amanda Miranda.

A administração do município informou em nota que o HMU atende com 14 médicos e que não faltam medicamentos e insumos necessários. Já o Instituto Gerir afirmou também em nota que o dinheiro repassado pela prefeitura não era suficiente para cobrir os custos e que pediu o rompimento de contrato por não suportar mais os prejuízos.

A nova gestora do hospital, a Santa Casa de Birigui, informou que está realizando uma avaliação para definir o que precisa ser feito na unidade.

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