Empresas terceirizadas lideram denúncias médicas em SP
Sindicato dos Médicos diz que sete em cada dez queixas envolvem problemas com instituições desse modelo
Sete em cada dez denúncias recebidas pelo Sindicato dos Médicos de São Paulo, entre maio de 2017 e maio de 2018, envolvem problemas com empresas terceirizadas que administram unidades municipais e estaduais de saúde.
“Nós recebemos denúncias de falta de materiais e insumos para adequada prática da medicina e diversas denúncias que têm a ver com a relação de trabalho entre o médico e seu contratante, que são empresas terceirizadas a partir do poder público”, afirmou o diretor do Sindicato dos Médicos de São Paulo, Gerson Salvador.
Nesta semana, após denúncias de irregularidades no atendimento prestado à população, a Prefeitura de Guarulhos rompeu o contrato com a empresa Gerir que até então era responsável por administrar o Hospital Municipal de Urgências (HMU) e o Hospital Municipal da Criança e Adolescente (HMCA). As unidades passaram a ser administradas por outras duas empresas terceirizadas, a Santa Casa de Birigui e o Instituto de Desenvolvimento de Gestão, Tecnologia e Pesquisa em Saúde e Assistência Social (IDGT).
O desempregado João Antônio Ferreira Santos buscou o HMU na madrugada da última quinta-feira (23) com suspeita de pedra nos rins e até o período da tarde não tinha sido atendido. “Nem abriram ficha ainda. Passei na triagem e a menina falou que não tem médico”, afirmou.
Outros pacientes também relatam que falta material para cirurgia e sonda. “É um caso de calamidade mesmo. Não tem material e meu pai está fazendo xixi em uma garrafa de soro”, explicou a dona de casa Amanda Miranda.
A administração do município informou em nota que o HMU atende com 14 médicos e que não faltam medicamentos e insumos necessários. Já o Instituto Gerir afirmou também em nota que o dinheiro repassado pela prefeitura não era suficiente para cobrir os custos e que pediu o rompimento de contrato por não suportar mais os prejuízos.
A nova gestora do hospital, a Santa Casa de Birigui, informou que está realizando uma avaliação para definir o que precisa ser feito na unidade.