Trabalhadores são resgatados em condições de escravos
Em Roraima, eles atuavam com extração de madeira em região de mata fechada
Uma operação do Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) da Secretaria do Trabalho do Ministério da Economia, realizada nesta quinta-feira (21), resgatou seis trabalhadores em condição análoga à de escravo no sul de Roraima. Eles atuavam com extração de madeira em região de mata fechada no município São João da Baliza.
De acordo com Ministério da Economia, os trabalhadores foram encontrados em locais sem condições mínimas de dignidade e sem registro profissional. Eles estavam em barracos de madeira com cobertura plástica, fazendo suas necessidades fisiológicas no meio da vegetação. No local onde os trabalhadores tinham que dormir não havia energia elétrica, nem iluminação artificial.
O MTE acentua que, pelas condições a que submeteu os trabalhadores, o proprietário teve de arcar com verbas rescisórias no valor total de R$ 30.760,00. Ele também teve de firmar Termo de Compromisso para pagamento de danos morais individuais aos trabalhadores no valor total de R$ 15.380,00. Todos os resgatados têm garantido o direito a receber três parcelas de Seguro-Desemprego.
A operação ocorreu também em estabelecimentos de beneficiamento e processamento de madeiras (serrarias) nos municípios de Rorainópolis e São Luiz. Houve ainda ações nos distritos de Nova Colina e Equador. Ao todo, foram emitidos 36 autos de infração em decorrência do descumprimento de obrigações trabalhistas e de segurança do trabalho. Nas ações foram identificados 102 trabalhadores brasileiros e venezuelanos em situação de informalidade, entre eles dois jovens abaixo de 18 anos, que atuavam no setor de marcenaria de uma serraria e foram afastados imediatamente das suas funções.
Foram verificadas situações de atraso no pagamento de salário, numa soma de R$ 107.879,89. “Um total de 110 empregados não havia recebido o salário de janeiro, sendo que muitos deles foram demitidos em fevereiro sem receber o salário atrasado”, informa a auditora-fiscal do Trabalho Andrea Donin, coordenadora da ação.
Três estabelecimentos que se ocupavam do beneficiamento primário da madeira e que também exploravam atividades de carpintaria e queima de madeira para a produção de carvão foram autuados pela fiscalização. “No momento em que chegamos, as atividades produtivas estavam paralisadas em decorrência de interdição determinada pelo Ibama. Mais de 100 trabalhadores estavam sem a formalização dos vínculos de trabalho, tendo os empregadores firmado Termo de Compromisso para pagamento das rescisões contratuais e dos salários atrasados desse grupo de trabalhadores”, ressalta a auditora.
A operação coordenada pelo GEFM ocorreu entre os dias de 11 a 22 de fevereiro e contou com a participação de integrantes do Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Federal, da Defensoria Pública da União, Universidade Federal de Roraima e da Polícia Rodoviária Federal.
*Com informações do Ministério da Economia