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O País registrou uma taxa de informalidade de 39,4% no mercado de trabalho no trimestre até setembro de 2022. Havia 39,145 milhões de trabalhadores atuando na informalidade no período, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), apurada pelo Instituto Brasileiro de Economia e Estatística (IBGE).

Em um trimestre, 142 mil pessoas deixaram de atuar como trabalhadores informais. A geração de vagas no período totalizou 1,000 milhão, ou seja, foi composta por ocupações formais.

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"A expansão da ocupação veio fundamentalmente da formalidade", afirmou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE. "De fato, se observa um crescimento de parcelas da formalidade."

A queda na informalidade em um trimestre foi de 0,4%, variação considerada estatisticamente não significativa, ou seja, dentro da margem de erro da pesquisa. Em relação a um ano antes, o contingente de trabalhadores informais cresceu 3,8%, 1,436 milhão de pessoas a mais atuando nessa condição.

A pesquisadora disse que a geração de vagas com carteira assinada no setor privado e a abertura de postos de trabalho no setor público contribuem para o aumento da formalidade no mercado de trabalho.

O setor privado abriu 482 vagas com carteira assinada em apenas um trimestre. O setor público absorveu 291 mil trabalhadores, alcançando um recorde de 12,156 milhões de ocupados.

Adriana Beringuy lembra que o setor público vinha de perdas de trabalhadores na área de educação, "bastante afetada durante a pandemia".

Segundo ela, diante de um represamento na demanda, houve recentemente uma recomposição da estrutura necessária para oferecer saúde e educação públicas. No entanto, houve elevação nas contratações também de funcionários para a administração pública em si, além de admissões temporárias de recenseadores pelo IBGE, para atuarem na coleta do Censo Demográfico 2022. "Então o IBGE está dando sua contribuição no processo de expansão da ocupação", disse a pesquisadora. "São milhares de pessoas envolvidas (no Censo), mexeu no indicador sim."

O vínculo que mais cresceu no setor público foi o que trabalho sem carteira assinada, porém também não estatutário.

"Ele (recenseador) não é estatutário nem é celetista, ele tem um enquadramento específico, tem lei específica que determina a forma da contratação", explicou Adriana Beringuy.

A geração de vagas por atividades econômicas mostrou 315 mil trabalhadores a mais atuando no setor de Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais em apenas um trimestre. O segmento abrange também a educação e saúde privadas. "O que ajuda bastante no crescimento da formalidade é esse movimento da administração pública, saúde e educação. Tanto a parte pública quanto o setor privado para saúde e educação", acrescentou.

Carteira assinada

Segundo IBGE, o trimestre encerrado em setembro de 2022 mostrou uma abertura de 482 mil vagas com carteira assinada no setor privado em relação ao trimestre encerrado em junho. Na comparação com o mesmo trimestre de 2021, 2,757 milhões de vagas com carteira assinada foram criadas no setor privado.

O total de pessoas trabalhando com carteira assinada no setor privado foi de 36,265 milhões no trimestre até setembro, enquanto as que atuavam sem carteira assinada alcançaram um recorde de 13,212 milhões, 169 mil a mais que no trimestre anterior. Em relação ao trimestre até setembro de 2021, foram criadas 1,521 milhão de vagas sem carteira no setor privado.

O trabalho por conta própria perdeu 30 mil pessoas em um trimestre, para um total de 25,684 milhões. O resultado significa 223 mil pessoas a mais atuando nessa condição em relação a um ano antes.

O número de empregadores aumentou em 115 mil em um trimestre. Em relação a setembro de 2021, o total de empregadores é 550 mil superior.

O País teve um aumento de 33 mil pessoas no trabalho doméstico em um trimestre, para um total de 5,889 milhões de pessoas. Esse contingente é 532 mil pessoas maior que no ano anterior.

O setor público teve 291 mil ocupados a mais no trimestre terminado em setembro ante o trimestre encerrado em junho. Na comparação com o trimestre até setembro de 2021, foram abertas 989 mil vagas. O setor público somou um recorde de 12,156 milhões de trabalhadores no trimestre até setembro.

Embora o peso dos empregos informais no avanço da ocupação tenha sido menor no trimestre móvel encerrado em novembro de 2021, o contingente de trabalhadores em ocupações tidas como informais se aproximou do recorde registrado no fim de 2019, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta sexta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Economia e Estatística (IBGE).

No trimestre até novembro de 2021, o País tinha 38,578 milhões de trabalhadores informais, ante 38,845 milhões em igual período de 2019. Com isso, a taxa de informalidade ficou em 40,6%, ante 40,7% em igual trimestre móvel de 2019.

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Na comparação com o trimestre móvel encerrado em agosto de 2021, foram criadas 1,372 milhão de vagas informais, um avanço de 3,7%. Em relação a igual trimestre móvel de 2020, são 5,037 milhões a mais de ocupados em vagas informais. Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, as ocupações informais responderam por 43% do total da expansão da ocupação.

O número de trabalhadores por conta própria, que normalmente trabalham na informalidade, ficou em 25,841 milhões de pessoas, renovando o recorde da série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012, segundo Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Na comparação com o trimestre móvel imediatamente anterior, o número de ocupados por conta própria cresceu em 588 mil pessoas, avanço de 2,3%. Na comparação com o trimestre móvel até novembro de 2020, são 3,232 milhões de trabalhadores por conta própria a mais, alta de 14,3%.

Beringuy destacou que os empregos informais tiveram papel crucial na recuperação da ocupação durante a pandemia, puxando a geração de vagas, especialmente nos primeiros meses após o impacto inicial da covid-19. Agora, nos trimestres móveis do fim de 2021, a geração de ocupações formais ganhou força.

"Após o impacto inicial, nos primeiros trimestres de 2020, a ocupação informal era que estava realmente puxando a recuperação. Agora, já percebemos que há uma participação maior também do emprego com carteira, que passou por uma certa inércia no início, mas, ultimamente, vem crescendo", afirmou Beringuy.

Em resumo, a pesquisadora do IBGE destacou que o mercado de trabalho ainda não atingiu a situação anterior à pandemia completamente, por exemplo, quando se analisa o contingente de trabalhadores com carteira assinada ou o total de ocupados em algumas atividades específicas, como alojamento e alimentação. Mesmo assim, o fim de 2021 foi marcado por uma "consolidação" da recuperação do mercado de trabalho, com criação de vagas generalizada entre as atividades econômicas e também de empregos formais.

Carteira assinada

Também segundo o IBGE, o total de trabalhadores com carteira assinada ficou em 34,224 milhões de pessoas no trimestre móvel encerrado em novembro de 2021. A variação da população ocupada nessas condições aponta para a criação de 1,330 milhão de vagas no setor privado com carteira em um trimestre, avanço de 4,0% ante o trimestre móvel encerrado em agosto.

Segundo Adriana Beringuy, é a maior alta em relação ao trimestre móvel imediatamente anterior da série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012. Na comparação com um ano antes, são 2,645 milhões de trabalhadores com carteira assinada a mais, alta de 8,4%.

Os dados são diferentes, tanto em termos de metodologia quanto de período de referência, das informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), registro administrativo de responsabilidade do recém-recriado Ministério do Trabalho, previstos para serem divulgados na próxima semana. Conforme pesquisa do Projeções Broadcast, a mediana das estimativas de analistas para o saldo entre admissões e demissões, em dezembro de 2021, é negativa em 171 mil postos. Com isso, conforme a mediana, 2021 deverá fechar com a criação de 2,868 milhões de vagas.

De qualquer forma, ela destacou que a criação de vagas com carteira assinada já está puxando a expansão da ocupação. Em um trimestre, as vagas tidas como informais responderam por 43% da expansão total da população ocupada. Nos primeiros meses da retomada do mercado de trabalho, a participação dos postos informais na expansão da ocupação chegou a ficar entre 70% e 80%, disse a pesquisadora do IBGE.

Ainda conforme Adriana Beringuy, a expansão do emprego com carteira foi puxada pela indústria, pelo comércio e pela atividade de alojamento e alimentação, um dos mais atingidos pela crise causada pela covid-19 e, portanto, um dos últimos setores a se recuperar.

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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, em 14 de fevereiro, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) que apontam o crescente nível de trabalhadores no mercado informal no Brasil. O Estado do Pará lidera o ranking com 62,4%, ultrapassando a média nacional de 41,1%.

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De cada dez trabalhadores brasileiros, quatro estão inseridos no setor informal. Ou seja, trabalham sem qualquer vínculo empregatício ou registro oficial.

Apesar de o desemprego ter diminuído no último trimestre de 2019, muitas pessoas ainda buscam outras opções de trabalho, seja por necessidade, seja por decisão própria. Dessa forma, a taxa de informalidade continua sendo maior que a de população ocupada – ou população economicamente ativa no Brasil.

No caso da diarista Silvia Santos, de 48 anos, o desemprego foi o principal fator para que ela buscasse alternativas. “Foi o que me apareceu, eu estava precisando trabalhar e emprego não está fácil”, diz. Ela afirma ainda que não se sente valorizada e acredita não ver vantagens na informalidade por não possuir direitos trabalhistas.

Do ponto de vista jurídico, aqueles que trabalham informalmente não possuem direitos e benefícios garantidos pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), sendo este um dos prejuízos para quem está atuando no mercado informal brasileiro. “Aviso prévio, férias remuneradas, 13º salário, descanso semanal, contribuição para o FGTS, entre outros, são reservados apenas para quem tem carteira assinada”, explica o advogado trabalhista Flávio Guarany.

Porém, mesmo existindo diversos casos em que o emprego informal é considerado uma única salvação, existem algumas vantagens em se arriscar no. “O trabalho informal tem perspectivas diferentes dependendo dos motivos que levam as pessoas a optarem por ele”, afirma o consultor do SEBRAE e administrador Alonso Carvalho dos Santos.

Alonso cita, por exemplo, que o trabalho informal pode ser vantajoso para quem é estudante e deseja adquirir uma experiência no mercado. Outras vantagens consideradas são a liberdade para organizar o horário de trabalho, aprender a se relacionar profissionalmente, entre outros.

“Apesar de muitas pessoas não acreditarem e considerarem como um subemprego, sem esses profissionais, muitos serviços necessários nos faltariam no cotidiano”, acrescenta o consultor.

Por Isabella Cordeiro.

A estudante universitária Dennyse Sousa, 24, mora em Belém (PA) e trabalha desde os 16 anos. Nunca teve a carteira assinada. Ela estagiou, foi babá, atendente em uma gráfica e freelancer em eventos como demonstradora de produtos em supermercados. Há três anos, vende brincos e acessórios artesanais. "Como não conseguia um emprego fixo, com carteira assinada, eu tive que tentar várias maneiras de conseguir alguma renda. Queria aliviar as despesas da família", diz.

A história de Dennyse ilustra a informação divulgada ontem pelo IBGE de que a melhora na qualidade do emprego gerado no País ainda está concentrada em poucos locais, especialmente em São Paulo, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).

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No ano de 2019, a taxa de informalidade alcançou recorde em 19 Estados, além do Distrito Federal. Na média do Brasil, a taxa de informalidade foi de 41,1%, o equivalente a 38,4 milhões de pessoas entre os trabalhadores ocupados. Mas esse porcentual subia a 62,4% no Pará, onde reside Dennyse. No Maranhão, 60,5% dos trabalhadores ocupados eram informais. No Estado de São Paulo, a taxa de informalidade média foi de 32,0% no ano passado, também o nível mais elevado da série iniciada em 2016.

"O ano de 2019 é importante, porque é o terceiro ano seguido com aumento na ocupação. Mas outros indicadores mostram que a qualidade desse trabalho que está sendo gerado ainda carece de uma melhora", ponderou Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Na passagem do terceiro trimestre de 2019 para o quarto trimestre do ano, a taxa de desemprego teve um recuo estatisticamente significativo - ou seja, superou a margem de erro - em apenas nove das 27 Unidades da Federação. Em São Paulo, a taxa de desemprego desceu de 12,0% para 11,5%, movimento semelhante ao da média nacional, que saiu de 11,8% para 11,0% no período.

Foram abertas 593 mil vagas com carteira assinada no setor privado em todo o País no último trimestre do ano passado, sendo mais da metade delas em São Paulo, que gerou 324 mil postos formais a mais no período. Em todo o Brasil, apenas quatro Estados tiveram avanço significativo na carteira assinada no último trimestre do ano: São Paulo, Rondônia, Paraíba e Sergipe.

O Estado de São Paulo abriu 473 mil vagas formais no setor privado no período de um ano. "A gente não vê nenhuma atividade se destacando. Tudo indica que foi uma soma de pequenas reações setoriais. Não foi a indústria que reagiu em São Paulo e começou a contratar com carteira na região. Não parece ser isso", disse Adriana.

No quarto trimestre de 2019, o País ainda tinha 11,632 milhões de desempregados, sendo 2,910 milhões deles em busca de emprego há pelo menos dois anos.

E entre esses desempregados está Dennyse, a estudante do início deste texto, que segue vendendo brincos por ,meio das redes sociais e em eventos. Sem emprego formal são essas vendas que ajudam com as despesas da faculdade, tarifa de transporte público, produtos de higiene, entre outras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Nesta sexta-feira (14), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgou dados apontando recorde de informalidade na maior parte dos estados brasileiros.

Segundo os dados divulgados pelo IBGE, a taxa de informalidade chegou a 41,1%. Os dados são referentes a 2019 e apontam a maior taxa para o índice desde 2016.

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Entres os estados, a informalidade bateu recorde em 20 unidades federativas. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) apontam também que houve queda no desemprego em 16 estados. No entanto, o principal impulso para a queda é a informalidade.

Os trabalhadores informais são aqueles sem carteira assinada, domésticos também sem carteira, auxiliares de família, trabalhadores por conta própria sem CNPJ e empregadores sem CNPJ. Ao todo são 38,4 milhões de trabalhadores informais no Brasil.

Segundo os dados da Pnad, a informalidade atingiu recordes em Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, São Paulo, Sergipe e Tocantins.

Nesse contexto, a taxa de desemprego diminuiu de 12,3% em 2018 para 11,9% em 2019, segundo os dados do IBGE.

Em entrevista ao site do IBGE, a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, explicou que o aumento da informalidade teve impacto significativo na diminuição do desemprego. Segundo ela, dentre as 1,819 milhão de pessoas a mais na taxa de ocupação, pelo menos 1 milhão se tornaram trabalhadoras informais.

“Em praticamente todo o país, quem tem sustentado o crescimento da ocupação é a informalidade”, afirmou Beringuy ao IBGE.

Da Sputnik Brasil

O presidente da ONG Instituto Doméstica Legal, Mario Avelino, distribuiu nesta quinta-feira, 13, nota em resposta ao ministro da Economia, Paulo Guedes, para lembrá-lo de que "nos últimos anos a empregada doméstica passou a ter os mesmos direitos do trabalhador de uma empresa", "o trabalhador doméstico não tem ido à Disney a passeio" e "para chamar atenção para o aumento da informalidade no setor".

Na quarta-feira, Paulo Guedes avaliou como positivo o patamar alto do dólar e, dentre seus argumentos, disse que quando a moeda norte-americana estava num valor mais baixo todo mundo estava indo para Disneylândia, inclusive empregada doméstica, "uma festa danada".

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O instituto diz na nota que a garantia de igualdade de direitos à categoria veio com a aprovação da PEC das Domésticas, que ajudou a diminuir "a cultura escravagista e patriarcal que infelizmente ainda existe" no País.

"Sr. Ministro Paulo Guedes, gostaríamos também de chamar atenção para um equívoco na sua fala. Infelizmente, o trabalhador doméstico não tem ido à Disney a passeio. Muitas trabalhadoras viajam a trabalho, a maioria são babás, com a passagem custeada por seus empregadores, ganhando adicional de viagem, que hoje é garantido por lei. Ficaríamos felizes se essa fosse a realidade de todos os brasileiros", escreve Avelino. A entidade auxilia mais de 50 mil empregadores e 70 mil trabalhadores domésticos no cumprimento de deveres e na garantia dos direitos.

Avelino diz que o setor tem batalhado pela volta da dedução do INSS no Imposto de Renda do empregador doméstico, que foi extinta no ano passado. A dedução foi instituída em 2006 para incentivar a formalização de empregados domésticos e tinha caráter temporário, com validade até 2019, podendo ser prorrogada, mas nem o governo nem o Congresso renovaram o benefício.

Em outubro de 2019, o Senado chegou a aprovar um projeto de lei que estendia o benefício até 2024, mas a proposta não foi votada na Câmara antes do recesso parlamentar - mudanças no Imposto de Renda precisam ser aprovadas no ano anterior para valer no exercício seguinte.

Levantamento do instituto mostra que, somente em 2019, 700 mil empregadores utilizaram o benefício. "Com o fim da dedução, esse empregador perdeu em 2020 aproximadamente R$ 1.250 anuais. A não prorrogação da declaração do INSS no IR pode provocar a demissão de até 100 mil empregados domésticos formais, já que aumentará o custo para o empregador e pior, fazer com que muitos optem pela informalidade", aponta a instituição.

A renúncia fiscal estimada com o benefício era de R$ 674 milhões segundo o Ministério da Economia. Com o fim da dedução, devem entrar R$ 700 milhões adicionais aos cofres do governo este ano.

Em 2018 existiam 6,3 milhões de trabalhadores domésticos no País, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas a taxa de empregados com carteira assinada recuou de 32% para 29% entre 2015 e 2019. "Gostaríamos de contar com a sua ajuda, Sr. Ministro, para reverter esse quadro, estimulando a formalidade dando condições ao empregador doméstico de formalizar sua empregada", escreveu Avelino.

O Brasil alcançou uma taxa de informalidade de 41,4% no mercado de trabalho no trimestre até setembro, patamar recorde da série histórica, iniciada em 2015. São 38,806 milhões de trabalhadores atuando na informalidade, o maior contingente já visto nessa situação, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado foi puxado por recordes tanto na população de trabalhadores atuando por conta própria quanto na de pessoas trabalhando sem carteira assinada no setor privado.

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O trabalho por conta própria alcançou o ápice de 24,434 milhões de brasileiros no trimestre encerrado em setembro. Em apenas um ano, o trabalho por conta própria ganhou a adesão de 1,015 milhão de pessoas. Em um trimestre, foram 293 mil trabalhadores a mais nessa condição.

O trabalho sem carteira assinada no setor privado também cresceu para o patamar recorde de 11,838 milhões de ocupados nessa situação. O emprego sem carteira no setor privado aumentou em 384 mil vagas em um ano. Em um trimestre, foram 338 mil trabalhadores a mais.

O mercado de trabalho fechou 138 mil vagas com carteira assinada no setor privado em relação ao trimestre terminado em junho. Na comparação com o trimestre encerrado em setembro de 2018, foram criadas 166 mil vagas formais no setor privado.

O setor público abriu 22 mil vagas em um trimestre, o trabalho doméstico também absorveu mais 22 mil pessoas em um trimestre.

Até poucos anos atrás, muitos desempregados viviam de "bicos". A gíria traduz o trabalho informal ou temporário que garante uns trocados e a sobrevivência. Em tempos de internet, com as famílias cada vez mais conectadas, acesso às redes sociais e o barateamento do custo para montar uma loja virtual, o "bico 2.0" virou um fenômeno com tendência de crescimento entre os brasileiros.

O movimento rumo à sobrevivência via plataformas online é recente. Entre junho de 2018 e junho deste ano, a abertura de lojas virtuais cresceu quase 40%, segundo pesquisa da empresa de pagamentos online PayPal Brasil. Para se ter ideia do avanço, no período entre 2017 e 2018, o crescimento havia sido de apenas 12,5%.

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No total, o País já tem 930 mil lojas virtuais. A maioria delas, 88,8%, é de pequeno porte, com até 10 mil acessos por mês, e 44,3% não têm funcionários. Ou seja: pertencem a pessoas sozinhas, buscando gerar renda.

Alternativas. Uma das explicações para o crescimento acelerado nos últimos 12 meses é o persistente nível de desemprego, que atingia 12,8 milhões de brasileiros em junho. Mas há outras justificativas além da fila por vagas. Elas vão desde a necessidade de complementar um salário baixo à fuga do dia a dia das grandes empresas. Passam também pela busca de qualidade de vida, com mais tempo para filhos e família.

Haryela Zacharias, por exemplo, é estilista e sempre trabalhou em confecções. Aos 45 anos e com experiência no setor, começou a ter dificuldades de recolocação no setor têxtil - que vive uma crise. "Comecei a perceber um mercado mais complicado há uns cinco anos, com as pessoas sendo ejetadas de suas posições. Comigo não foi diferente", diz ela.

Depois de ser demitida, Haryela trabalhou como freelancer em algumas confecções. Na última, não teve uma boa experiência e foi obrigada a buscar outras alternativas no mercado para conseguir se manter. Decidiu criar uma loja de camisas - sem gênero - na internet: a Zach Studio. "Hoje, além da página, vendo os produtos no Instagram e pelo WhatsApp."

Com estampas descoladas, as camisas são desenvolvidas e costuradas por Haryela, com ajuda de mais uma pessoa. Ela também mantém uma loja colaborativa, na qual divide os custos com outros comerciantes, no bairro de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. "Hoje, ganho mais do que ganhava nas confecções", afirma. "Mas tudo ocorreu numa crescente."

Ela diz que no começo foi tudo muito difícil: "Não vendia nada". Foi aí que decidiu estudar um pouco o mundo digital para entender como funcionava e como as pessoas vendiam pela internet. O primeiro passo foi buscar uma plataforma mais amigável. "Mas é tudo muito dinâmico: é preciso estar sempre atenta para acompanhar as evoluções da internet."

Há motivos práticos para a explosão dos lojistas virtuais. "A facilidade das plataformas de comércio eletrônico, que chegam a ter custo mensal de apenas R$ 9, explica o forte crescimento das lojas virtuais", afirma André Dias, coordenador do grupo de trabalho de métricas da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (câmara-e.net) e diretor executivo da rede de avaliação online Compre & Confie.

De acordo com Dias, outro fator que tem impulsionado as pessoas a tentar empreender na internet é o avanço dos marketplaces, que são grandes centrais para o comércio eletrônico nas quais se juntam milhares de lojistas. O consumidor sabe que encontrará o que busca. Já o vendedor consegue público para suas ofertas.

‘Marketplace’. Exemplo da tendência é a plataforma Nuvemshop, que hospeda cerca de 11 mil lojas virtuais. Segundo Luiz Natal, diretor da plataforma, o número de sites hospedados cresceu 27% do ano passado para cá. Da atual base de clientes, ele calcula que entre 50% e 55% das lojas pertencem a autônomos.

É fácil de entender o motivo dessa expansão acelerada. O custo para criar um comércio eletrônico começa em R$ 49,90. Por esse preço, o empreendedor consegue fazer com que sua loja aceite vários meios de pagamento. Também pode usar ferramentas de marketing e estatísticas para a gestão do negócio. Em várias plataformas, é possível, inclusive, criar uma loja estruturada com meios de pagamento e logística em até 15 minutos.

Tem de tudo. O perfil dos brasileiros que têm decidido se aventurar pelo comércio eletrônico é variado. Há desde os pouco familiarizados com a internet até jovens que dominam com grande intimidade as ferramentas online. Na Elo7, plataforma que inclui 110 mil vendedores, 90% são mulheres e 50% têm entre 25 e 35 anos. "O aumento do número de famílias conectadas elevou o potencial de compra online", afirma Carlos Curioni, presidente da Elo7.

Segundo ele, o crescimento do número de vendedores na plataforma ficou entre 60% e 70% no último ano e o das vendas, em 40%. A maior parte das lojas são voltadas a nichos, como artigos para bebês, casamento e moda. O cenário se repete em outros marketplaces. Os produtos vendidos variam de bijuterias, cosméticos e suplementos de academia.

No portal UOL, cujo plano básico mensal custa R$ 59,99, houve aumento de 30% na criação de páginas de e-commerce em 2018. Para Marcelo Varon, diretor de produtos digitais, o salto se deve tanto aos autônomos que buscam ter uma segunda renda quanto aos brasileiros que estão desempregados e precisando se virar. "Tem um pouco dos dois, um por necessidade e outro que quer ter seu próprio negócio", disse Varon.

Recorde. O fenômeno do "bico 2.0" está em linha com o esforço de trabalhadores que atuam por conta própria e que, de acordo com os dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), do IBGE, chegaram ao recorde de 24,1 milhões de brasileiros em junho. Por definição, essa atividade se refere a quem trabalha explorando o próprio empreendimento, sozinho ou com sócio, sem ter empregado.

É o caso de Andrea Martorelli, de 33 anos. Formado em arquitetura, ele nunca atuou na área e decidiu apostar nas artes. Depois de fazer um curso de marchetaria, abriu uma loja virtual e vende seus produtos na Elo7. "Tenho um ateliê, participo de feiras e agora vendo minhas peças na internet", diz. "O retorno financeiro tem sido bom."

Dias, da câmara-e.net, afirma que, da mesma forma, que o número de lojas virtuais tem crescido, a mortalidade, evidentemente, também é grande. De cada 10 mil lojas abertas, 8 mil não sobrevivem. "O lado bom é que o saldo tem sido positivo."

Emprego fixo vira coisa do passado

Com oito anos de experiência na indústria de produtos lácteos, Daniel Batista não titubeou quando perdeu o trabalho no início do ano passado. Com a fila do desemprego crescendo, preferiu apostar no sonho antigo do negócio próprio e montou em outubro o Cheesebox - loja virtual que vende queijos e frios. "Nem fui atrás de emprego fixo", diz ele. "Investi quase toda minha rescisão nesse novo negócio, que está indo muito bem."

No último mês, Batista decidiu incrementar a empresa e criar um programa de assinaturas, no qual o cliente opta por um plano e recebe todo mês uma cesta de produtos, como queijos, frios e geleias. Desde o lançamento, conseguiu 215 assinaturas. "Sou assinante de clubes de cerveja e vinhos e pensei: por que não fazer algo semelhante com queijos?"

Batista diz que, apesar de o retorno estar sendo bom, teve de abrir mão de algumas coisas para colocar a loja de pé. Tirou do orçamento viagens e diminuiu idas a restaurantes. "Tivemos de dar uma segurada nas contas e fazer alguns sacrifícios", diz. "Afinal, meu rendimento ainda é menor se comparado ao da empresa."

Segundo ele, ainda não foi possível obter o retorno de todo investimento feito. Mas Batista calcula que em mais oito meses terá pago todo o negócio. Sem funcionários, toda a parte operacional e comercial é por conta dele. Mas ele tem a ajuda da mulher, Vivian, para bombar os produtos nas redes sociais. "Por ora, não quero saber de emprego fixo."

Nutricionista se reinventa na rede

Formada há cinco anos em nutrição, Vanderleia Alves teve muita dificuldade para encontrar emprego após deixar a faculdade. Ficou três anos desempregada e teve de recorrer aos bicos em outras áreas para sobreviver e pagar as contas no fim do mês. As vendas pela internet ocorreram por acaso, graças à filha, que se tornou influenciadora digital.

Com muitos seguidores no Instagram, sua filha começou a receber produtos de empresas. Alguns deles eram suplementos alimentares. "Tive a ideia de ligar para uma dessas empresas e comecei a pegar os produtos para revender", diz Vanderleia. Inicialmente, ela vendia apenas para amigos, mas o negócio foi crescendo com a propaganda "boca a boca".

O próximo passo foi criar uma loja virtual, a Bioarcos Nutry. "Em termos financeiros estou começando, mas já penso em incluir outros itens no site, como produtos naturais e linha fitness", afirma Vanderleia. Ela diz que, ao escolher nutrição na faculdade, sabia que era uma área difícil de encontrar emprego.

Imaginava, porém, que conseguiria trabalhar em controle de qualidade. Cursou uma pós-graduação em segurança alimentar e qualidade de alimentos na Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). A realidade, no entanto, foi bem diferente.

"Hoje, pelo menos, eu consigo vender produtos que, de alguma forma, tem a ver com a minha profissão para a qual estudei e me especializei", diz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O fim de semana é o momento mais aguardado por quem deseja um lazer em família e muito descanso. No entanto, existem pessoas que aproveitam esses dias para trabalhar. “Eu vivia no interior com os meus pais e a vida lá era muito sofrida, então eu sempre trabalhei na casa das pessoas para ganhar uns trocados. Hoje, trabalho geralmente no sábado e no domingo porque não tem ninguém para ficar com o meu filho”, conta Juliana Maria da Silva, uma jovem de 26 anos, que trabalha como diarista para complementar as despesas de casa.

De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, de dezembro de 2018, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 40,8% das pessoas de 14 anos ou mais ocupadas estão no mercado informal. Em Pernambuco esse número é ainda maior, chegando aos 52% e a área em que mais se concentra esse tipo de mão de obra é o serviço doméstico, com 70,1% dos trabalhadores atuando, por exemplo como diaristas e babás.

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Outro ponto mostrado na pesquisa é em relação à escolaridade dessas pessoas. Mais da metade de quem vive de "bicos", como muitos chamam, tem nível fundamental incompleto e 49% terminou o antigo primeiro grau, mas por algum motivo eses trabalhadores desistiram do ensino médio. “Eu cheguei a terminar os estudos, mas nunca levei adiante. Cheguei até fazer um curso de informática e fui monitora, mas não fui até o fim”, explica a jovem diarista, que sonha com um futuro mais positivo. “Eu sou feliz, porém quero sim daqui para frente buscar algo para minha melhoria”.

Popularmente, fazer um bico é realizar serviços para garantir uma renda. Não é algo certificado ou que resguarde direito aos trabalhadores. “Você tem de tudo. Tem aquela pessoa que é pedreiro, tem aquela que está fazendo um bolo para botar para vender no final de semana, quem está fazendo quentinha, tem gente em todos os segmentos. A gente viu que com a crise aumentou muito o número desses trabalhadores, muita gente que perdeu o emprego. Muitos voltaram sem carteira e muitos foram trabalhar por conta própria”, explica a técnica de Planejamento e Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Maria Andreia Lameiras.

Sobretudo no Nordeste, os homens são maioria nos serviços domésticos - segmento que reúne o maior percentual de trabalhadores (70,1%) -. Vagas na construção civil e na agropecuária ocupam o segundo e terceiro lugares, respectivamente, nos números de pessoas ocupadas informalmente, com 68,5% e 62,7%. Esse é o caso de Claudemir Freitas, que durante mais de 20 anos trabalhou como porteiro, vigilante, operador de máquina e em diversos outros serviços, mas agora ocupa seus dias em obras residenciais. “O que tiver de fazer a gente faz. O negócio é ganhar o pão”, conta.

Em meio à crise que assola o Brasil há alguns anos, a área da construção civil também foi afetada. As pessoas passaram a economizar e deixar a manutenção das casas para um segundo plano. Para não ficar sem ter o que fazer, Claudemir se adaptou ao momento. “A gente é feito formiga, tem que trabalhar no verão para garantir o inverno. Quando falta serviço não fica muito bom. Hoje em dia a situação não está fácil, nem para mim e nem para ninguém, a gente procura agradar, trabalhar para ajudar, mas não dá para passar necessidade não”.

Mesmo enfrentando algumas intempestividades, o pedreiro, que é especializado em fazer acabamentos, fala com satisfação do trabalho que tem hoje. “Gosto do que eu faço. Acho tão bonito a gente pegar uma casa e entregar ela bem bonita, ser elogiado, dão indicação da gente para os outros. Procuramos fazer o melhor possível”, diz. Claudemir que sempre está na companhia de Paulo Manoel, seu companheiro na hora de construir e reformar os lares dos clientes.

Paulo tinha a carteira assinada, mas há quatro anos se viu desempregado. “Já trabalhei em carga e descarga, operador de produção e hoje como pedreiro. A gente tem que trabalhar com prazer e gostar daquilo que faz. Se não é melhor nem sair de casa. O mais importante é a satisfação do cliente”, afirma.

Paulo faz parte da estatística de quem está fazendo algo para garantir o sustento da família, mas que aguarda uma oportunidade para voltar à formalidade. “Eu tenho uns 20 anos de carteira, aí fiquei parado. Agora só sou pedreiro. Dá para me manter. Não dá para enricar, mas dá para viver. Eu gostaria de voltar a ter carteira assinada porque você tem todo assegurado”, ressalta.

Para o economista Rafael Ramos, os trabalhos informais são muito importantes para a economia, mesmo que não desejáveis quando comparado com os formais. “A população precisa receber uma renda para poder consumir os bens, principalmente os de necessidades básicas, como alimentação, muitas vezes só conseguindo a vaga pela informalidade. Então mesmo que seja um perfil com praticamente nenhum direito trabalhista, é algo desejável quando não se consegue empregos com registro em carteira, principalmente em momentos de crise econômica acentuada, pois acaba comprimindo o setor produtivo e fechando muitos estabelecimentos. Para muitas famílias é a única forma de voltar a ter renda e a de se amenizar as dificuldades criadas”, explica.

Liberdade

Reuter Vieira tem 45 anos e desde os 18 recorre ao que sabe fazer para fugir da desocupação. “Sempre trabalhei muito, mas quando as coisas apertavam meus familiares ajudavam”, diz. Reuter é o tipo de profissional que vai se adaptando e aproveitando as oportunidades que aparecem no caminho. Passou 20 anos atuando em áreas ligadas à segurança eletrônica, instalando câmeras, portões, motores e cercas elétricas. Mas a dinamicidade fez com que também trabalhasse no desmanche de navios para venda de peças. “Desmanchava ele todo, tudo que fosse de ferro velho. Depois saí e voltei para área de segurança eletrônica, e depois fui fazer Uber”, conta.

Um dos motivos alegados por Reuter para viver de trabalhos informais é gostar de ser ‘livre’. Ele aproveita o que lhe aparece e desenvolve bem, virando referência na hora que aparece uma nova chance. Quando estava atuando como motorista de aplicativo encontrou um amigo que lhe chamou para voltar à área de ferro velho. “Não gosto de trabalhar preso em um só lugar. Hoje eu estou fazendo móveis de paletes na área de marcenaria”, concluiu o trabalhador.

Consumo X Informalidade

Nos últimos 3 anos, Pernambuco tem tido saldo negativo na geração de postos de trabalho. Só nos três primeiros meses deste ano foram 20 mil vagas fechadas. São 729 mil pessoas trabalhando na informalidade, fazendo com que muitos cidadãos busquem alternativas para ganhar dinheiro.

“O rendimento médio para um pessoa com carteira no setor privado no último trimestre de 2018 foi de R$ 1.693,00, enquanto que para o trabalhador sem carteira ficou em R$ 877,00. É importante destacar que o saldo negativo no início do ano em Pernambuco é influenciado pelo fim do período de produção das atividades ligadas à cana-de-açúcar, que por questões de safra tem a redução das pessoas ocupadas em fevereiro e março”, afirma o economista Rafael Ramos.

Para a técnica de Planejamento do Ipea Maria Andreia Lameiras, a economia padece com o quadro de falta de oportunidades no Brasil, já que enquanto aumenta a quantidade de pessoas vivendo de bicos, diminui o número de gente disposta a gastar. “Como esse movimento é fruto de uma recessão, ele não é um dado positivo, porque quando você está na informalidade não consegue projetar decisões de consumo, você não sabe ao certo sua renda no mês seguinte e isso faz com que as pessoas acabem segurando o seu consumo, evitando tomar decisões de gastos a longo prazo. E se você segura o consumo o que acontece? Se eu não consumo a indústria não tem como produzir, vai produzir para quem comprar? E se a empresa não produz, ela também não contrata novos trabalhadores, ela não investe e aí eu tenho uma economia que continua patinante. O aumento da informalidade acaba segurando o consumo das famílias”.  

A renda com trabalho informal e a obtida com pensões, aposentadorias e outros benefícios pagos pelo governo estão ganhando peso maior no orçamento das famílias brasileiras, enquanto a contribuição do salário vem encolhendo. No ano passado, quase 40% dos ganhos dos domicílios vieram da informalidade e de benefícios do governo. Em 2014, antes de o País entrar em crise, esses rendimentos respondiam por um terço da renda familiar.

Os números são da consultoria britânica Kantar WorldPanel, que visita semanalmente 11 mil domicílios para radiografar o consumo no País. Uma vez por ano, a consultoria investiga de onde vem a renda do brasileiro para bancar despesas básicas, como alimentação, saúde, habitação e transporte.

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Apesar de a economia ter voltado a crescer em 2017, o desemprego recuou muito pouco e continua em níveis elevados. Com isso, a participação do salário vem diminuindo no orçamento familiar. Em 2014, respondia por 63% da renda dos domicílios. No ano passado, a fatia recuou para 56%.

Nas regiões mais pobres, o peso dos rendimentos da informalidade e dos benefícios já ultrapassa o do salário. No Norte e Nordeste, por exemplo, os salários contribuíram o ano passado para 47% da receita doméstica, enquanto bicos e benefícios somaram 49%. Os 4% restantes vieram de outros tipos de ganhos, como doações, herança ou aluguéis. No Grande Rio de Janeiro, região afetada pela crise fiscal do Estado, mais da metade da renda das famílias já vem da informalidade e de benefícios pagos pelo governo.

"Do ponto de vista da renda, o aumento da informalidade é uma notícia ruim", diz o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fabio Bentes. Como o ganho obtido com bicos é muito menor do que a renda de salário - entre 30% e 40% -, falta dinheiro no fim do mês.

Dívida

O estudo mostra que, pelo terceiro ano seguido, o gasto médio com despesas básicas tem superado a renda familiar em torno de 2%. No ano passado, a renda média mensal por domicílio foi de R$ 3.173, enquanto a despesa média mensal ficou em R$ 3.241.

Para fechar essa conta, explica Giovanna Fischer, diretora da consultoria e responsável pela pesquisa, as famílias têm se endividado. Recorrentes e herdadas de anos anteriores, as dívidas são um dos fatores que têm impedido que o orçamento volte ao azul. Além disso, a lenta recuperação do emprego formal contribui para manter essa defasagem. "Não há nenhum indicador que mostre recuperação da renda e, até o fim do ano passado, ela estava abaixo do gasto", diz Giovanna. Bentes diz que a grande oferta de mão de obra disponível deve manter a renda pressionada para baixo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma operação do Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) da Secretaria do Trabalho do Ministério da Economia, realizada nesta quinta-feira (21), resgatou seis trabalhadores em condição análoga à de escravo no sul de Roraima. Eles atuavam com extração de madeira em região de mata fechada no município São João da Baliza.

De acordo com Ministério da Economia, os trabalhadores foram encontrados em locais sem condições mínimas de dignidade e sem registro profissional. Eles estavam em barracos de madeira com cobertura plástica, fazendo suas necessidades fisiológicas no meio da vegetação. No local onde os trabalhadores tinham que dormir não havia energia elétrica, nem iluminação artificial.

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O MTE acentua que, pelas condições a que submeteu os trabalhadores, o proprietário teve de arcar com verbas rescisórias no valor total de R$ 30.760,00. Ele também teve de firmar Termo de Compromisso para pagamento de danos morais individuais aos trabalhadores no valor total de R$ 15.380,00. Todos os resgatados têm garantido o direito a receber três parcelas de Seguro-Desemprego.

A operação ocorreu também em estabelecimentos de beneficiamento e processamento de madeiras (serrarias) nos municípios de Rorainópolis e São Luiz. Houve ainda ações nos distritos de Nova Colina e Equador. Ao todo, foram emitidos 36 autos de infração em decorrência do descumprimento de obrigações trabalhistas e de segurança do trabalho. Nas ações foram identificados 102 trabalhadores brasileiros e venezuelanos em situação de informalidade, entre eles dois jovens abaixo de 18 anos, que atuavam no setor de marcenaria de uma serraria e foram afastados imediatamente das suas funções.

Foram verificadas situações de atraso no pagamento de salário, numa soma de R$ 107.879,89. “Um total de 110 empregados não havia recebido o salário de janeiro, sendo que muitos deles foram demitidos em fevereiro sem receber o salário atrasado”, informa a auditora-fiscal do Trabalho Andrea Donin, coordenadora da ação.

Três estabelecimentos que se ocupavam do beneficiamento primário da madeira e que também exploravam atividades de carpintaria e queima de madeira para a produção de carvão foram autuados pela fiscalização. “No momento em que chegamos, as atividades produtivas estavam paralisadas em decorrência de interdição determinada pelo Ibama. Mais de 100 trabalhadores estavam sem a formalização dos vínculos de trabalho, tendo os empregadores firmado Termo de Compromisso para pagamento das rescisões contratuais e dos salários atrasados desse grupo de trabalhadores”, ressalta a auditora.

A operação coordenada pelo GEFM ocorreu entre os dias de 11 a 22 de fevereiro e contou com a participação de integrantes do Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Federal, da Defensoria Pública da União, Universidade Federal de Roraima e da Polícia Rodoviária Federal.

*Com informações do Ministério da Economia

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, afirmou que pretende mudar a legislação trabalhista para aproximá-la da "informalidade". "No que for possível, sei que está engessado no artigo sétimo (da Constituição), mas tem que se aproximar da informalidade", declarou em reunião com parlamentares do DEM nesta quarta-feira (12), no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). O artigo 7º trata dos direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, como férias e décimo terceiro.

Bolsonaro falou sobre o assunto ao fazer críticas ao PT e ao Bolsa Família. Ele disse ser favorável ao programa, mas destacou que deve possibilitar formas de saída e oportunidades de emprego.

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Ele também afirmou, ao se referir ao Ministério Público do Trabalho (MPT), que "se tiver clima a gente resolve esse problema". Bolsonaro disse que "não dá mais para quem produz ser vítima de ações de uma minoria, mas de uma minoria atuante".

O presidente eleito criticou a decisão do MPT por pedir multa de R$ 100 milhões da empresa Havan e de seu dono, Luciano Hang, por suposta coação de funcionários durante período eleitoral para apoiarem Bolsonaro. "O Luciano Hang está com uma multa de 100 milhões porque teria aliciado funcionários a votarem em mim. Como é que os caras conseguem bolar um negócio desses?", questionou.

Ele disse, mais uma vez, que "ser patrão no Brasil é um tormento". "Eu poderia ter microempresa, mas sei das consequências depois se meu negócio der errado. Devemos mudar isso daí."

Também defendeu que os patrões e as empresas sejam tratados como amigos. "Nós queremos que tenha fiscalização sim, mas que chegue no órgão a ser fiscalizado e que a empresa seja atendida como amiga. Vê o que está errado, faz observações, dá um prazo, e depois volta pra ver se a exigência foi atingida. E aí multa. Não fazer como está aí. Ser patrão no Brasil é um tormento."

Na semana passada, Bolsonaro já havia dito que é preciso mudar "o que for possível" na legislação trabalhista, mas não detalhou quais pontos quer priorizar. Ele defendeu um aprofundamento da reforma trabalhista já aprovada pelo governo Michel Temer a diversos partidos que se reuniram com ele no CCBB.

Bolsonaro repetiu a afirmação de que "é difícil ser patrão no Brasil". "Nós temos direitos demais e empregos de menos, tem que chegar a um equilíbrio. A reforma aprovada há pouco tempo já deu uma certa tranquilidade, um certo alívio ao empregador e repito o que falei ontem: é difícil ser patrão no Brasil", reforçou.

Todos os dias, centenas de vendedores entram nos ônibus para vender diversos produtos. Essa prática é comum não só para os que estão desempregados, mas também para quem quer investir em algo para o futuro (veja vídeo abaixo).

Largar tudo para vender empadas nos coletivos foi o que fez Pablo Pantoja, de 37 anos, que há três meses resolveu arriscar ao deixar seu emprego de carteira assinada para conseguir montar seu próprio negócio. “Meu objetivo é ficar mais alguns meses, não é ficar pra sempre, só o tempo necessário para abrir minha lanchonete.”

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A renda mensal obtida com a venda das empadas é maior que um salário mínimo de um emprego formal. “O valor delas é R$ 2,00. Às vezes eu vendo três por R$ 5,00. Em média eu ganho de R$ 300,00 a R$ 400,00 por dia.” Pablo é focado e só volta para casa depois de vender tudo. “Trabalho de segunda a sábado, o horário varia. Essa semana tô trabalhando de 10 da manhã às 22 horas, com uma hora de intervalo e às vezes sem intervalo nenhum”, explica.

Esse trabalho é marcado por parceria, pois é necessário que o motorista libere a entrada dos vendedores no transporte público. Pablo pega de 30 a 40 ônibus por dia e a cada viagem entrega uma pipoca para o motorista como forma de agradecimento.

Segundo o Diesse (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o ano de 2017 fechou com saldo negativo no setor de empregos formais, com perda de 6.822 postos de trabalho. Em fevereiro de 2018 houve queda na geração de empregos.

Diego Gonçalves, 32, é um dos paraenses que fazem parte dessa estatística. Perdeu o emprego formal, mas encontrou nos coletivos o seu novo ambiente de trabalho. “Fiz alguns investimentos que deram errado, e eu acabei quebrando financeiramente. Na tentativa de me levantar, acabei caindo cada vez mais, me encontrei sem capital e tive que fazer alguma coisa para não levar esses problemas pra minha família. Foi quando eu tive a ideia de entrar nos coletivos. Tinha visto outras pessoas fazerem e darem certo. Se deu certo pra eles, vai dar pra mim”, disse.

A timidez é um dos fatores que impedem muitas pessoas de trabalharem com as vendas nos coletivos. Diego conta que a sua primeira experiência foi difícil. “Na verdade, não existe jeito nem timbre, existe você estar precisando no momento. Então naquela hora eu tive que entrar e vencer o nervosismo, e como foi uma venda boa eu disse: bom, agora eu tô no caminho certo!”

A escolha do produto também é um fator determinante para o sucesso nas vendas. Além do preço acessível, a inovação em eletrônicos chama a atenção dos passageiros. “A escolha da mercadoria é por algo de baixo custo que todos possam adquirir, não só barato, mas que chame a atenção. Por exemplo, eu vendo caneta touch a R$ 2,00, que além de servir para escrever no papel, funciona também no celular”, completa Diego.

Facilidade x incômodo

As opiniões se dividem entre os passageiros. Muitos aprovam a facilidade em comprar algo barato durante o trajeto. Entretanto, outros se sentem incomodados com a abordagem dos vendedores. A empresária Cemira Santos, de 38 anos, diz que a venda de certos produtos contribui para a distração em momentos de engarrafamento em que os ônibus ficam parados. “Por um lado ajuda porque às vezes eles estão vendendo uma coisa que a gente tá necessitando comprar, aí de certa forma eles estão ajudando a gente. Compro fone de ouvido, caça-palavras, que serve pra gente ganhar tempo naquela viagem estressante, no trânsito.”

Por outro lado, há pessoas que se sentem incomodadas com a entrada dos vendedores, como conta o estudante Israel Pereira, de 16 anos: “Existe o lado ruim, que alguns não têm educação, não têm respeito, e acabam trazendo um desconforto pra quem é passageiro”.

Dos bombons à sala de aula

“Como eu não conseguia nenhum emprego fixo, como até hoje, meu amigo me levou pra vender nos ônibus. A renda dos bombons tem me ajudado bastante, principalmente na minha faculdade. Quando eu vi que a ideia deu certo, decidi continuar e já tem três anos que vendo bombons”, relatou Heloísa Ramires, 20 anos, estudante de licenciatura em Geografia, que começou a vender bombons regionais na rua aos 17 anos, antes mesmo de entrar na faculdade. Com ajuda do amigo André, decidiu vender nos coletivos. No início a sua maior dificuldade era a comunicação com o público, mas aos poucos se familiarizou com a rotina de trabalho.

Com a renda dos bombons ela paga a faculdade e as suas despesas. “Tá difícil um emprego de carteira assinada. Eu acredito que o trabalho nos coletivos é um trabalho que ajuda muita gente. Eu conheço pessoas que vivem disso, que fazem um trabalho sério, um trabalho honesto”, afirma.

Heloisa também tem planos para o futuro. Ela quer deixar a informalidade brevemente, pois pretende ingressar na sua área profissional. “Eu acredito muito que essa venda de bombons é algo temporário. Eu vou trabalhar no que de fato eu quero, que é dar aula”, conclui.

Por Fernanda Cavalcante, Adrielly Araújo e Caroline Monteiro.

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Para ele, não tem cliente especial: todo mundo é da "Diretoria". Montado numa bicicleta adaptada, José Nazareno Guimarães, 60 anos, conhecido como Bira, atravessa noites e madrugadas vendendo churrasquinho na avenida João Paulo II, no bairro do Marco, em Belém. Bira é garçom profissional, mas está desempregado. Com seu jeito descontraído, sempre de alto-astral, ele virou um personagem entre muitos que trabalham na noite da capital paraense.   

O espetinho faz parte da cultura gastronômica de Belém. Em cada esquina é possível encontrar um vendedor, além das inúmeras casas especializadas espalhadas pelo centro e periferia. No estádio de futebol, em dia de jogo, o churrasquinho com farofa não pode faltar.

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Bira, ou simplesmente Diretoria, estaciona sua bike na João Paulo com a Timbó, de terça a domingo, de 19 horas à meia-noite. Depois, segue para a Mauriti, dois quarteirões adiante, onde fica até o último cliente. Sustenta a família com o churrasquinho e se orgulha do que faz.

O negócio começou num momento de crise, em consequência do desemprego. Hoje, avança com dificuldades (a bicicleta enferrujada pede uma nova e Bira ainda espera por algum tipo de ajuda), mas clientes não faltam. Conheça a história desse trabalhador. O vídeo é do projeto Expedição Pará.

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No setor da construção havia sete anos, Claudia Alves, de 43 anos, era carpinteira e trabalhava com carteira assinada. Há dois meses, porém, ela foi demitida de uma obra na Barra da Tijuca, no Rio - a justificativa dos chefes foi a crise do setor. Agora, vende batatas fritas à noite no bairro do Cordovil, onde mora com o marido, a filha e o neto, na zona norte da cidade.

"Tive de cortar o gasto no supermercado. Antes, comprava sorvete, outros supérfluos. A vida estava mais folgada, mas agora... Não estamos passando fome, mas diminuiu o poder de compra", conta ela, para quem a insegurança da informalidade é a maior perda. "Quando tem o emprego fixo, com carteira, é tudo certinho, tem hora extra. Além disso, ganha mais."

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A situação de Claudia é um exemplo do prejuízo arcado por quase 1 milhão de brasileiros que foram demitidos do emprego formal nos últimos 12 meses. Muitos vêm recorrendo a bicos para pagar as contas. Sem a recuperação da economia, o Brasil fica cada vez mais longe de estancar a perda na qualidade do mercado de trabalho conquistada na última década.

No trimestre até julho deste ano, o País tinha 35,739 milhões de trabalhadores com carteira assinada, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE. É o menor número desde o trimestre até setembro de 2013, quando 35,636 milhões ocupavam vagas formais.

A cada ano sem crescer, o Brasil retroage dois anos em termos de postos formais, estima o economista Rodrigo Leandro de Moura, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV). "O emprego formal começou a cair em julho de 2014. Em um ano, regredimos dois anos, e a tendência é que continue desacelerando. No fim de 2016, não descarto a possibilidade de estarmos no pior nível da Pnad Contínua (iniciada em 2012)."

Para o trabalhador, o prejuízo chega em forma de precarização, já que muitos dispensados acabam fazendo bicos. Hoje, o Brasil tem 22,111 milhões de trabalhadores por conta própria, o maior número da pesquisa do IBGE. Essa forma de inserção é marcada, na maioria das vezes, pela informalidade.

Para o governo, o problema é a redução na arrecadação previdenciária em tempos de déficit crescente na área, além da alta demanda por assistência, como seguro-desemprego. "Isso eleva o déficit fiscal", diz Moura.

Processo. O principal risco é o círculo vicioso gerado pela dispensa dos trabalhadores registrados. Se menos gente tem remuneração fixa, o consumo cai ainda mais, incentivando novas demissões e realimentando o processo. Outro passo atrás é dado quando a rede de proteção, que inclui o seguro-desemprego, acaba sem que o trabalhador consiga nova colocação.

Wellinton Batista, de 29 anos, atuava havia dois anos como contínuo em um consórcio que presta serviços à Petrobrás. Com a crise na estatal, foi demitido em março, e o seguro-desemprego acabou em agosto. "Agora está complicado. Faço bico como ajudante de obra de vez em quando, mas é pouco serviço", conta ele, que recebe ajuda da família para seguir a vida com a mulher e os dois filhos.

Morador de Bangu, na zona oeste do Rio, Batista já fez mais de dez entrevistas de emprego. Em algumas situações, disputou com outros 20 candidatos. "Não fui chamado para nada, estou só esperando", diz. A mulher tampouco teve sucesso em suas tentativas de encontrar emprego como recepcionista.

"A redução do trabalho formal não vai se reverter facilmente no limite do uso da seguridade social (quando o benefício acaba). Com isso, as pessoas tentam se aventurar no mundo informal, que acolhe muito rápido e expulsa mais rápido ainda", analisa Lúcia Garcia, coordenadora do Sistema de Pesquisa de Emprego e Desemprego do Dieese.

Um problema maior seria atingir o "desemprego absoluto", quando as pessoas nem sequer encontram bicos. "Sem emprego formal, sem seguridade e sem renda do emprego informal é ladeira abaixo", diz Lúcia, que não aposta nesse futuro. "Mas não chegar a esse ponto depende de política econômica."

Dada a expectativa de retração na economia em 2016, Moura, da FGV, espera corte de 1,5 milhão de postos formais neste ano e a mesma quantidade no ano que vem. "Em 2017, é provável que não haja recuperação muito robusta da economia. Então, o mercado de trabalho deve continuar se deteriorando", afirma. "Com certeza vamos regredir muito em termos de formalização." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A informalidade da economia brasileira, medida pelo emprego sem carteira assinada, despencou nos últimos dez anos e o comércio varejista, o principal empregador do País, foi o setor que registrou a maior queda, revela um estudo feito pela consultoria McKinsey a pedido do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV). A entidade, que completa dez anos e reúne os principais varejistas, acredita que a redução da informalidade abre espaço nos próximos anos para queda da carga tributária, que avançou no Produto Interno Bruto (PIB).

Em 2002, mais da metade (55%) dos brasileiros trabalhavam de maneira informal. Em 2012, essa fatia tinha recuado para 40%. Foi uma queda de 15 pontos porcentuais. "O País era recordista de informalidade", afirma o presidente do IDV e da Loja Riachuelo, Flávio Rocha.

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Segundo Ari Kertesz, sócio da consultoria e responsável pelo estudo, apesar de o porcentual de informalidade ainda ser elevado, a redução teve reflexos positivos na produtividade e na riqueza gerada no País. Entre 2001 e 2011, o PIB per capita aumentou 2,5%. "Não existe atalho: não é possível aumentar a renda sem expandir a produtividade", observa o executivo.

Entre os setores avaliados pelo estudo, o comércio liderou a queda na informalidade: em 2002, 54% dos trabalhadores eram informais e dez anos depois essa fatia era de 38%, uma redução de 16 pontos. O consultor Marcos Gouvêa de Souza, sócio da GS&MD e um dos fundadores do IDV, lembra que nos últimos dez anos o varejo ampliou de 18,2% para 26% a sua participação no PIB. Esse avanço foi acompanhado pela abertura de 811 mil lojas e 3,8 milhões de novos empregos formais.

Maísa de Almeida Linhares, de 22 anos, é uma trabalhadora que conseguiu ingressar no mercado formalmente e está feliz por poder se beneficiar do status de ter carteira assinada. Ela veio do Ceará para São Paulo em maio, em busca do primeiro emprego. Depois de entregar muito currículos em lojas e agências, no final de setembro, conseguiu uma vaga como promotora de vendas na rede de padaria e confeitaria Ofner, na loja da fábrica em Socorro, zona Sul de São Paulo. Era um período de experiência.

Nesta semana, Maísa recebeu a notícia de que seria efetivada pela empresa. "Fiquei muito feliz, muito mesmo", conta. Maísa afirma que ter carteira assinada é importante, pois traz mais segurança à família. Seu marido, que chegou à capital paulista dois meses antes, trabalha como gesseiro e também está prestes a ser registrado.

Tributação

A redução da informalidade que houve nos últimos dez anos na economia brasileira foi acompanhada pelo crescimento da carga tributária. Em 2002, a carga tributária era 28,6% do PIB e em 2012 atingiu 36,4%. Segundo Rocha, do IDV, a redução da informalidade abre espaço para a queda carga tributária.

Nas contas de Kertesz, da McKinsey, se o País conseguisse aumentar a produtividade em 2 pontos porcentuais ao ano nos próximos cinco anos por meio da queda da informalidade, seria possível diminuir em 3 pontos porcentuais a carga tributária, mantendo a arrecadação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Foi interrompido o processo de inclusão social em massa que proporcionou o surgimento de uma nova classe média, o acesso ao crédito e a aquisição de bens duráveis, marcas da economia brasileira na última década. Neste ano, pela primeira vez desde 2001, a informalidade no mercado de trabalho não caiu. Ficou inalterada

Em 2012, os trabalhadores sem carteira assinada, que tradicionalmente recebem salários menores do que os formais, permaneceram praticamente com a mesma participação no PIB, de 16,9%, um avanço de apenas 0,1 ponto porcentual em relação ao ano anterior, considerado uma diferença residual.

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Segundo o Índice de Economia Subterrânea (IES), elaborado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) em parceria com o Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco) desde 2003, a informalidade apresentava quedas de 0,7 ponto porcentual a cada ano desde 2007, tendo alcançado retração de 1,2% na passagem de 2009 para 2010.

"Há um Brasil paralelo que contribui para a economia, mas por fora. Ocorre mais no universo das micro e pequenas empresas, porém, compromete o equilíbrio do ambiente de negócios", destacou o presidente do Etco, Roberto Abdenur.

Como economia subterrânea, a pesquisa entende toda atividade não reportada ao governo, que não gera imposto, nem tão pouco garantias trabalhistas ao empregado. "A informalidade é uma febre, um sintoma da doença, não a doença em si. Por isso, a solução não está relacionada ao endurecimento da fiscalização, à extinção da informalidade, porque o seu avesso não é a formalização. É preciso atacar as causas", analisou o pesquisador do Ibre/FGV, responsável pela elaboração do IES, Fernando Barbosa Filho.

Com 51% de aprovação dos recifenses, os ambulantes reclamam da falta de apoio do poder público. Criticam a falta de espaço físico, a política de planejamento e reivindicam alternativas. E  apontam soluções.

Antônio Marcelino da Silva (foto), de 54 anos, vive do comércio informal há mais de 35 anos. Com o dinheiro que consegue apurar da venda de coxinhas, acarajés e refrigerantes, ele sustenta a mulher e quatro filhos. “Um dia comemos ovo, no outro comemos peixe. Um dia bebemos água, no outro bebemos suco. O dinheiro é pouco, mas minha família não passa fome”.

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Seu Marcelo, como é conhecido pela localidade, se queixa das dificuldades em sair da informalidade. “Eu não posso ter uma lojinha porque a Prefeitura coloca muitos obstáculos. As taxas que são cobradas eu não tenho condições de pagar”. Segundo ele, a venda de lanches foi à única saída encontrada para sustentar a família. “Se eu não for trabalhar e não colocar comida em casa, os meus filhos vão virar marginais e isso vai refletir em toda a população que não tem nada a ver com isso”.

Para o comerciante, o problema da informalidade tem uma solução que não prejudicaria nenhuma das partes envolvidas. “Antes de nos tirar das ruas, a Prefeitura deveria fazer um levantamento para ouvir as nossas necessidades e nos ajudar”.

Há poucos metros de distância encontramos a barraca de Marinaldo Araujo, 53. Bastante receoso, ele preferiu não ser fotografado. Numa espécie de “carro lanchonete”, ele vende cachorro-quente e refrigerante. Desempregado há mais de dois anos, foi no comércio informal que seu Marinaldo viu a saída para sustentar duas filhas e a esposa. “Assim que fui demitido cheguei a fazer três entrevistas em empresas diferentes e todas me disseram que eu estava velho para o mercado de trabalho”.

Quando perguntado o que poderia ser feito para mudar a realidade dele e de tantos outros brasileiros que vivem na informalidade, Marinaldo foi taxativo em responder que a Prefeitura e o Governo deveriam dar mais oportunidades e alternativas para as pessoas que tenham uma idade acima da que o mercado costuma absorver.

Alcides Souza (foto), 29, divide com a irmã, há 1 ano e 3 meses, o comando de uma barraquinha em Casa Amarela. Também por falta de oportunidade, ele se viu obrigado a se tornar um comerciante informal. Para Alcides, os problemas dos ambulantes poderia ser resolvido a partir da criação de espaços onde eles pudessem comercializar formalmente os produtos.

Contrário ao comerciante, Reinaldo de Lima (foto/azul), 43, não bota fé nos locais específicos para os ambulantes. “Já ficou comprovado que essas galerias não dão certo. Nas ruas os comerciantes já têm os seus fregueses e conseguem vender muito mais”. Ocupando um pequeno espaço entre a rua e a calçada, há cerca de dois anos, Reinaldo acredita que a padronização dos ambulantes poderia ser a solução. “Se a padronização e criação de quiosques feita pela Prefeitura em Boa Viagem se estendessem ao bairro de Casa Amarela nossa situação seria outra, mesmo que tivéssemos que pagar impostos”.

Já o comerciante Reinaldo de Lima (foto), 43, aponta outra solução para os problemas enfrentados por eles. “Eu acho que a Prefeitura deveria eliminar somente o pessoal que vende frutas e verduras. Eles colocam os tabuleiros no meio da rua, deixam tudo sujo e não são preparados para atender os clientes”. Reinaldo, que procura diferenciar no preço e no atendimento, se mostrou satisfeito com as vendas e com o ponto que conseguiu, através da amizade, em frente a uma grande loja de calçados. “Tenho um bom relacionamento com os funcionários da loja. Eles me ajudam e eu os ajudo e assim conseguimos levar a vida”, finalizou.

 

De acordo com dados da Diretoria de Controle Urbano (Dircon), Recife tem 3 mil ambulantes, mas apenas no centro do Recife. O total na capital pernambucana, a assessoria do órgão diz que ainda não há registro. 

Na pesquisa Agenda Recife, do Instituto Maurício de Nassau, há um índice de satisfação do recifense com esse comércio informal de 51%. Mas no meio dessa aprovação há queixas especialmente quando eles se localizam em áreas residenciais, como é o caso do bairro de Casa Amarela, na RPA3. Eles alegam a sujeira que o comércio informal provoca na área, além de contribuirem para a piora do trânsito na região.

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O LeiaJá registra em imagens o cenário de uma maneria geral.

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Em qualquer concurso público ou vestibular, eles não podem faltar. Os trabalhadores informais colaboram com os ‘feras’ na hora das provas. “Quando sabemos que vai ter algum movimento de estudantes montamos logo nossas mercadorias para vender na frente das instituições. E eles precisam, pois muitas vezes esquecem, de canetas, lápis e estamos aqui para ajudar”, comenta o ambulante Mikchael Douglas, 20, que está no comércio informal há três anos.

De acordo com ele, a renda arrecada em um dia de vestibular é o dobro do que ele consegue receber em dias sem eventualidades. “Pode ser domingo, fazer o ‘maior sol’ que não tem quem me faça deixar de trabalhar e lucrar para ir aproveitar o dia. Estou sempre acessando a internet para saber lugares onde haverão provas para me programar”, completa.

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Amanda Gouveia, 34, está há cinco anos na profissão. “O pessoal chega atrasado, esquece de trazer água de casa, então nós temos que estar aqui para oferecer. Somos partes essenciais em dias de prova”, lembra Amanda.

O setor informal no Brasil tem ocupado uma parte significativa na economia do País, sendo uma saída para o desemprego.

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