Zoológico da UNAMA monitora peixes-bois na Amazônia

Depois de acompanhamento biológico em cativeiro, animais reintroduzidos na natureza, em Santarém, oeste do Pará, serão estudados por sistema de rádio

sex, 15/03/2019 - 09:35
Ascom UNAMA Peixe-boi monitorado em cativeiro, no ZOOUNAMA, passará a ser estudado em seu habitat Ascom UNAMA

Uma expedição realizada pela equipe do zoológico da UNAMA, Instituto Chico Mendes (ICMBio), Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) e Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), em Santarém, oeste do Pará, promoveu a soltura de quatro peixes-bois da base flutuante do projeto, na comunidade Igarapé do Costa. A operação ocorreu na quinta-feira (14), no porto Marques Pinto.

Os mamíferos serão monitorados por um rádio transmissor nas águas dos rios Tapajós e Amazonas. Os peixes-boi chegaram no projeto ainda filhotes, quando passaram pela 1° fase do processo de reabilitação nas piscinas do zoológico. Concluída essa etapa, eles foram transferidos para a 2ª fase, em uma base flutuante de 100 metros quadrados no rio. Agora, na 3ª fase serão soltos em seu habitat, sem limitações de espaço.

Segundo Jairo Moura, médico veterinário do Zoounama, o processo é feito de forma gradual e com acompanhamento técnico. Quando filhotes, os animais recebem diariamente quatro vezes uma dieta láctea, sem lactose, acrescida de suplemento vitamínico, óleo de canola e óleo mineral, além de atendimento especializado quando a ocasião exige.

“Paulatinamente, é feita a substituição da dieta láctea sem lactose pela com lactose, após constatação de que o animal tolera este dissacarídeo. Gradativamente a inclusão de macrófitas aquáticas é efetuada nos itens alimentares até a retirada total da dieta láctea possibilitando a ida do espécime para a base flutuante situada em um lago de uma comunidade próxima a Santarém”, frisa Moura.

No rio, os animais têm contato com a água corrente, enquanto que nas piscinas é água de poço. A aclimatação natural faz com que haja alterações comportamentais diferentes quando comparadas nas piscinas. Os mamíferos ficam aproximadamente três anos na aclimatação e depois seguem para a base do rio.   

Jairo também ressalta que, hoje, o projeto conta com dez animais na aclimatação e que passarão por coletas de sangue para avalição do perfil sanitário. “Com os rádios transmissores, nós, do zoológico, faremos o acompanhamento e observaremos o comportamento no habitat natural dos mamíferos”, explica.

O peixe-boi de água doce tem o nome científico de Trichechus inunguis, é endêmico da bacia amazônica e encontra-se na lista dos animais brasileiros ameaçados de extinção. Os animais vivem de 5 a 10 anos e pesam em média 115 quilos.

Uma das descrições mais antigas acerca do peixe-boi da Amazônia foi efetuada pelo padre José de Anchieta, em 1560, na qual relaciona características particulares entre o peixe-boi de água doce e o de água salgada. A carne deste animal foi muito apreciada pelos primeiros viajantes, naturalistas, pelos índios e pelos colonizadores. 

Ao longo de seus dez anos, o Zoológico da Universidade da Amazônia (Zoounama) tem desenvolvido trabalhos agregados à iniciação científica, reabilitação de animais e educação ambiental no município de Santarém, Oeste do Pará. Dentre esses, o “Projeto Peixe-boi” tem sido referencial no município com mamíferos ameaçados pela caça ilegal nos rios Tapajós e Amazonas.

Todos os animais mantidos pelo projeto são chamados pelo nome, recebem um tratamento especial e ficam em piscinas artificiais adequadas ao tratamento de reabilitação. Além de receberem acompanhamento de biólogos, veterinários e tratadores de animais.

Por Lana Mota/Ascom UNAMA.

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