Desaparecimento de 43 estudantes no México completa 5 anos
Familiares e ativistas protestaram nesta quinta-feira (26) para exigir do novo promotor independente uma explicação convincente sobre o paradeiro dos jovens e punição aos responsáveis
Cinco anos após o desaparecimento de 43 estudantes no estado mexicano de Guerrero (sul), familiares e ativistas protestaram nesta quinta-feira (26) para exigir do novo promotor independente uma explicação convincente sobre o paradeiro dos jovens e punição aos responsáveis.
Uma nova manifestação está agendada para esta quinta na Cidade do México.
Na noite de 26 de setembro de 2014, dezenas de estudantes da escola rural de Ayotzinapa foram a Iguala, Guerrero, a fim de embarcar em ônibus que utilizariam nas suas manifestações.
Mas eles foram detidos pela polícia com o apoio do cartel de drogas Guerreros Unidos e, desde então, o paradeiro de 43 deles é desconhecido, em um caso que provocou indignação e condenação mundial contra o governo do então presidente Enrique Peña Nieto (2012-2018).
O atual chefe de Estado mexicano, Andrés Manuel López Obrador, criou uma Comissão da Verdade para este caso, enquanto o gabinete do procurador-geral, que agora é independente do Executivo, concordou em reiniciar a investigação "quase do zero".
À espera de novos rumos para o caso, a justiça mexicana libertou 77 detidos após a investigação original, incluindo um dos líderes do Guerreros Unidos, cujos depoimentos foram obtidos sob tortura.
Alejandro Hope, ex-oficial do serviço de inteligência mexicano e especialista em segurança, disse à AFP que, em vez de começar "do zero", a promotoria deveria retomar as "linhas de investigação que não foram seguidas no devido momento".
- Nova verdade? -
Mas Hope não espera novidades. "Não acho que eles cheguem a um resultado muito diferente. Há dois fatos sobre os quais parece não haver dúvida: os estudantes foram sequestrados por policiais e foram entregues ao cartel Guerreros Unidos".
No governo Peña Nieto, a procuradoria-geral, que era ligada ao Executivo, apresentou a chamada "verdade histórica": os narcotraficantes, acreditando que os jovens seriam de um cartel rival, teriam matado o grupo e incinerado os corpos em um lixão, jogando em seguida os restos mortais em um rio.
Mas especialistas da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH, órgão autônomo da OEA) que conduziram uma investigação questionaram essa teoria e pediram para seguir outras hipóteses.
Nesta semana novas investigações começaram em outro depósito de lixo, na comunidade de Tepecoacuilco, a 15 km de Iguala.
Durante as investigações em 2014, a promotoria encontrou uma quantidade pequena de ossos humanos que foram enviados ao laboratório de Innsbruck, na Áustria, ajudando a identificar apenas um dos jovens.
Uma das linhas de investigação citada pela CIDH é a existência de um quinto ônibus, que estaria carregado com drogas destinadas a Chicago, nos Estados Unidos, e que teria sido capturado por engando pelos estudantes.
Mas alguns pais ainda esperam que os jovens estejam vivos.
"Não sei se o meu coração de mãe está me enganando, mas não sinto que meu filho esteja morto. Quero vê-lo andando, voltando, para dar um abraço nele e nos outros 42 desaparecidos", disse Blanca Luz Nava, dona de casa de 46 anos, que participou do protesto nesta quarta exibindo uma foto do filho Jorge Álvarez.