Presidente Ashraf Ghani perto de segundo mandato

Segundo a Comissão Eleitoral Independente (IEC), Ghani obteve 50,64% dos votos, contra 39,52% para seu adversário Abdullah Abdullah, que foi seu primeiro-ministro

dom, 22/12/2019 - 08:10
Olivier Douliery O presidente afegão, Ashraf Ghani, na base militar de Bagram, em 29 de novembro de 2019 Olivier Douliery

O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, obteve a maioria absoluta dos votos nas eleições presidenciais de 28 de setembro e está perto de um segundo mandato, de acordo com os resultados preliminares anunciados neste domingo (22).

Segundo a Comissão Eleitoral Independente (IEC), Ghani obteve 50,64% dos votos, contra 39,52% para seu adversário Abdullah Abdullah, que foi seu primeiro-ministro.

Agora, os candidatos têm o direito de apresentar queixas antes da publicação dos resultados finais, provavelmente em algumas semanas.

Assim que a IEC anunciou os resultados preliminares, o escritório de Abdullah disse em um comunicado que os contestaria.

"Gostaríamos de deixar mais uma vez claro para nosso povo, a nossos apoiadores, Comissão Eleitoral e nossos aliados internacionais que nossa equipe não aceitará o resultado dessa votação fraudulenta se nossas demandas legítimas não forem levadas em consideração", afirmou o comunicado.

Os resultados preliminares do primeiro turno das eleições deveriam ter sido anunciados em 19 de outubro. Mas foram adiados pela primeira vez em 14 de novembro, por razões técnicas.

Abdullah pediu a interrupção do escrutínio para "salvar o processo dos fraudulentos", mas sem apresentar provas.

O candidato considerou que cerca de 300.000 votos validados pela IEC tinham problemas e solicitou que fossem examinados.

"Nós, com honestidade, lealdade, responsabilidade e fidelidade, cumprimos nosso dever", disse a presidente da IEC, Hawa Alam Nuristani. "Respeitamos todos os votos porque queremos que a democracia perdure".

A missão da ONU no Afeganistão (Manua) comemorou o anúncio dos resultados em uma declaração, pedindo aos candidatos que "expressem suas preocupações (...) conforme o marco jurídico e procedimentos legais".

- "Proteger a eleição" -

"Agora todas as autoridades e atores afegãos devem demonstrar seu compromisso e conduzir de forma adequada as eleições e proteger a integridade da última etapa do processo", disse Tadamichi Yamamoto, chefe da Manua.

Embora todos os candidatos tenham se comprometido, antes da votação, a respeitar um "código de conduta" eleitoral que os obrigava a aceitar seus resultados ou registrar suas queixas ante as autoridades ad hoc, Abdullah Abdullah reivindicou a vitória três dias após a votação.

"Temos a maioria dos votos nesta eleição", disse ele, correndo o risco de criar tensões políticas.

No dia anterior, Amrullah Saleh, parceiro de chapa de Ghani, também pareceu reivindicar vitória, dizendo à rádio Voice of America que tinha informações de que "entre 60% e 70% das pessoas votaram" no presidente.

Tanto os afegãos quanto a comunidade internacional temem uma repetição do cenário de 2014, quando Abdullah Abdullah contestou os resultados da votação, com graves irregularidades, e desencadeou uma crise constitucional.

Após uma intervenção de Washington, ele foi finalmente designado para o cargo de primeiro-ministro, sob a presidência de Ghani.

Os observadores apontam que as eleições ocorreram em condições de transparência.

Nenhum dos candidatos relatou irregularidades graves no dia da votação, ao contrário das eleições de 2014.

Uma empresa alemã forneceu máquinas biométricas para impedir que as pessoas votassem mais de uma vez.

Mas quase um milhão dos 2,8 milhões de votos iniciais foram eliminados devido a irregularidades.

A IEC levou em consideração 1,8 milhão de votos, o que significa que as eleições foram marcadas por baixa participação, uma vez que havia 9,6 milhões de eleitores registrados.

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