Talibã concorda com cessar-fogo com os EUA
Iniciativa pode levar paz ao Afeganistão
O Talibã afirmou neste domingo que concordou com um cessar-fogo temporário em todo o Afeganistão. Durante esse período, o grupo deve assinar um acordo de paz com os Estados Unidos, o que possibilitaria a saída das tropas americanas do país após 18 anos. Hoje, cerca de 12 mil soldados americanos estão no Afeganistão. As informações foram dadas por oficiais do grupo familiarizados com as conversas.
A duração do cessar-fogo não foi especificada, mas a expectativa é de que dure 10 dias. Encontros que envolveram membros do Talibã aconteceram durante uma semana antes que a trégua nos combates fosse decidida. Agora, os chefes do grupo precisam aprovar o acordo. O grupo recusou todas as propostas anteriores de cessar-fogo feitas pelo governo afegão, exceto por uma trégua de três dias em junho de 2018, durante o feriado de Eid al-Fitr, ao final do ramadã.
Os EUA desejam que um tratado inclua promessas do Talibã de que o Afeganistão não será utilizado como base para grupos terroristas. Além disso, os americanos e o grupo desejam negociações diretas entre os afegãos de ambos os lados do conflito. Elas devem acontecer em até duas semanas após a assinatura do tratado de paz, e devem decidir como será o Afeganistão pós-guerra, assim como o papel do Talibã no país. Direitos das mulheres, liberdade de expressão e o destino de dezenas de milhares de soldados do grupo e de membros das milícias armadas são outros pontos a definir.
Ataques
Neste domingo, ao menos 17 membros de milícias foram mortos em um ataque do Talibã na província de Takhar, no norte do Afeganistão. De acordo com Jawad Hajri, porta-voz do governo local, o alvo aparentemente era o comandante de uma milícia local, que escapou sem ferimentos. O porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, clamou responsabilidade pelo ataque, feito em paralelo às notícias sobre o acordo entre o grupo e os Estados Unidos.
Nos últimos dias, dezenas de mortes aconteceram em meio aos combates entre o Talibã, tropas americanas e afegãs. Na segunda-feira, um soldado americano foi morto em combate na província de Kunduz, também no norte do país. Membros do Talibã afirmaram que estavam por trás de um bombardeio fatal em uma estrada que tinha como alvo forças americanas e afegãs.
No dia seguinte, sete soldados afegãos morreram na província de Balkh, em um ataque do grupo a um posto de controle. Outros seis soldados do país também foram mortos na quinta-feira na mesma região, durante um ataque a uma base do exército. Na sexta, ao menos 10 membros das tropas locais morreram na província de Helmand, no sul do Afeganistão, em outro ataque a um posto de controle.