Glenn Greenwald pede demissão do The Intercept

O artigo que o jornalista alega ter sido censurado trazia trechos críticos ao candidato à presidência dos EUA, Joe Biden

por Lara Tôrres qui, 29/10/2020 - 17:16
Gustavo Bezerra O pedido de demissão levou o nome do The Intercept aos assuntos mais comentados do Twitter Gustavo Bezerra

O advogado e jornalista Glenn Greenwald, premiado e amplamente conhecido pela publicação da série de reportagens “Vaza Jato” e pelas reportagens do jornal The Guardian revelando casos de vigilância global promovida pela Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA, pediu demissão nesta quinta-feira (29). Ao anunciar sua saída do veículo de comunicação do qual é co-fundador, Glenn alegou como motivo a censura a um artigo de sua autoria que tem trechos críticos ao candidato democrata à presidência estadunidense, Joe Biden, e seu filho, Hunter Biden. 

O pedido de demissão que levou o nome do The Intercept aos assuntos mais comentados do Twitter foi publicado no site Substack, onde ele prometeu publicar o artigo censurado, além de ter sido anunciado nas redes sociais. Glenn afirmou que o motivo para a censura do texto foi que os demais editores do The Intercept são apoiadores veementes de Joe Biden, desaprovando, assim, o seu artigo. 

"O artigo censurado, baseado em e-mails revelados recentemente e depoimentos de testemunhas, levantou questões críticas sobre a conduta de Biden. Não contentes em simplesmente impedir a publicação deste artigo no meio de comunicação que eu co-fundei, esses editores da Intercept também exigiram que eu me abstivesse de exercer um direito contratual de publicar este artigo em qualquer outra publicação. Mas as patologias, o iliberalismo e a mentalidade repressiva que levaram ao bizarro espetáculo de ser censurado por meu próprio meio de comunicação não são exclusivos do The Intercept", escreveu Glenn.

Apesar dos problemas enfrentados e de sua saída do veículo de comunicação que ajudou a criar, Glenn disse que o The Intercept ainda tem ótimos jornalistas e publica coisas boas e que não via problemas por discordar dos editores politicamente, mas queria que o site publicasse textos com opiniões diversas, deixando os leitores formarem opinião. 

“A interação atual do The Intercept é completamente irreconhecível quando comparada com a visão original. Em vez de oferecer um local para a discordância, para vozes marginalizadas e para perspectivas desconhecidas, está rapidamente se tornando apenas mais um meio de comunicação com lealdades ideológicas e partidárias obrigatórias”, escreveu ele.

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