Protesto marca oito meses de ocupação no centro do Recife

Representantes das 250 famílias ocupantes tentam negociar diálogo com as gestões estadual e municipal para transformar antigo prédio do INSS em moradia definitiva

por Vitória Silva seg, 17/01/2022 - 14:59
Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens Vista aérea do protesto no Centro do Recife Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens

Aberta em maio de 2021, a ocupação Leonardo Cisneiros, no Centro do Recife, completou oito meses nesta segunda-feira (17). Com a permanência da situação de irregularidade, um grupo com cerca de 40 pessoas, entre moradores e representantes, realizou um protesto no que fechou a via paralela à sede da ocupação, localizada em um prédio abandonado do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), na Rua Marquês do Recife, no bairro de Santo Antônio. Os manifestantes atearam fogo em pneus e gritaram palavras de ordem. 

A manifestação iniciada no início da tarde desta segunda-feira teve continuidade em frente ao Palácio do Campo das Princesas, onde está localizada a sede do Governo de Pernambuco. O objetivo dos manifestantes é conseguir um documento assinado pela gestão estadual, viabilizando uma conversa entre os ocupantes e a superintendência do INSS, que tem posse do edifício.  

"São 250 famílias que estão ocupando esse prédio há oito meses, sob a lei da sobrevivência que existe nesse país. Sobrevivem de doações, às vezes chegam, às vezes não. As comunidades trazem alimentos para eles, doações de roupas, comidas, máscaras, calçados, álcool em gel. A gente quer uma roda de diálogo para que o Governo do Estado, junto à Prefeitura do Recife, INSS e famílias, doe o prédio para que a gente consiga correr atrás de um recurso para ele virar moradia aqui no Centro", esclareceu Thaís Maria, articuladora da ocupação, ao LeiaJá.

Tensões durante o protesto 

A Polícia Militar chegou no local por volta das 13h e acompanhou o grupo nos dois pontos de manifestação. Houve tensão entre os manifestantes, transeuntes e motoristas. Segundo relatos, condutores de veículos tentaram furar as barreiras física e humana estabelecidas pela ocupação, e sofreram retaliação.

No Palácio, outro momento de tensão foi registrado. Seguranças da Casa haviam barrado a passagem dos protestantes pela principal via de acesso ao prédio. “Isso é ditadura do governo Paulo Câmara”, gritou Jan Carlos, líder da ocupação, enquanto uma colega, não identificada, dizia que a política do governo é bater nos manifestantes. “É o tempo da ditadura que a gente não pode se aproximar de um palácio? A gente sempre protestou aqui. Tem idoso, gestante e criança. Esse povo que está aqui quer moradia digna e de qualidade, governador", criticou Jan Carlos.

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