Moradora do Jenipapo diz que lona plástica ‘não resolve’

Com a casa interditada, sem muita opção de lugar para ir e com medo de perder o pouco que tem, Rosimeire deve voltar a morar com a mãe junto com o marido e seus dois filhos, um de 4 e uma de 8 anos

por Alice Albuquerque qua, 25/05/2022 - 20:24
Rafael Bandeira/LeiaJáImagens Residência está ameaçada Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

As fortes chuvas na Região Metropolitana do Recife desta quarta-feira (25), ocasionaram várias perdas e desastres, como deslizamento de barreiras, enchentes, casas sendo invadidas por água. 

No Córrego do Jenipapo, no bairro da Guabiraba, Zona Norte do Recife, área de vários morros, infelizmente não foi diferente. Rosimeire Rodrigues, de 43 anos, mora há um ano numa residência ilhada por barreiras, tanto na parte de cima, quanto na parte de baixo da casa. Na madrugada desta quarta-feira (25), a barreira de baixo da sua casa começou a desabar e abriu uma rachadura na passagem.

“Ontem só tinha água e nenhuma fissura. A prefeitura veio aqui e interditou essa parte com uma fita para não ficar tendo passagem, mas eu só tenho esse local para transitar, aí ela pediu para usar menos possível, para não tá saindo de dentro de casa. A Codecipe (Coordenadoria de Defesa Civil do Estado de Pernambuco) disse para eu procurar a casa de um parente, porque o alicerce da barreira estava em risco”, disse. 

->> Barreira desliza e atinge casa no Córrego do Jenipapo

Sem muita opção de lugar para ir e com medo de perder o pouco que tem, Rosimeire deve voltar a morar com a mãe junto com o marido e seus dois filhos, um de 4 e uma de 8 anos. “Vou tentar agilizar os documentos para sair daqui porque querendo ou não, tem a barreira em cima e embaixo. Tenho dois filhos, além de mim e meu marido, e é a minha preocupação, porque você fica ilhado aqui dentro. O perigo que a gente sente é de estar dormindo e de repente cair tudo e perder o pouco que tem. Eu já não tenho muita coisa, a pessoa já luta tanto para conseguir, aí fica complicado”, relatou.

Na mesma comunidade, algumas ruas depois, atrás da casa de Vânia Soares, de 54 anos, que foi nascida e criada na residência onde mora, foi construído um muro de arrimo e entregue no sábado (21), na rua Três Morros, no Córrego do Jenipapo. Vânia confessou estar mais tranquila com as chuvas, mas que antes da entrega da obra era um problema. “Já passei muito sufoco aqui em época de chuva. Já teve deslizamento que atingiu a casa, a parede dos quartos, que é do lado da barreira. A gente já chegou a sair aqui por conta da barreira, passamos uns meses pagando aluguel e na segunda vez fomos para a casa da minha tia. A gente nunca recebeu nenhum auxílio da prefeitura”, relatou. 

“Agora, graças a Deus, a gente está de posse de vitória com a barreira. Foram cinco anos de promessa e entregaram no sábado, dia 13 de agosto ia fazer dois anos que a obra estava em andamento. Depois que terminou e foi entregue eu durmo tranquila”, revelou. 

Ela disse ter feito uma cobrança pessoalmente ao prefeito. “Aquela lona é um paliativo, a gente fica um pouco mais tranquila, mas cai com lona e tudo, porque essa lona plástica não resolve nada. Ele veio para a inauguração no sábado e a gente falou que não ficasse só nessa obra, porque são várias barreiras por aqui, muito perigosa, muito alta e as pessoas moram por necessidade, não é porque querem. Ele disse que vai dar continuidade para fazer os muros, também falei das canaletas que estão perfuradas. Ele prometeu, ninguém sabe se vai cumprir”. 

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