Ex-secretária de campo nazista recorre da sentença

O tribunal federal de justiça examinará possíveis falhas processuais, disse uma porta-voz do tribunal em comunicado

qua, 28/12/2022 - 09:11
Christian Charisius Irmgard Furchner, de 97 anos, durante o julgamento em 20 de dezembro de 2022 em Itzehoe, Alemanha Christian Charisius

Um ex-secretária de um campo nazista, de 97 anos, recentemente condenada a dois anos de prisão com suspensão condicional da pena por cumplicidade em assassinato, decidiu apelar da sentença, anunciou o tribunal de Itzehoe, na Alemanha.

O tribunal federal de justiça examinará possíveis falhas processuais, disse uma porta-voz do tribunal em comunicado.

Até a análise, o veredicto é "não vinculante".

Um representante da parte civil também recorreu, acrescentou a porta-voz.

Irmgard Furchner, de 97 anos, foi condenada em 20 de dezembro a dois anos de prisão com pena sob "sursis" em um dos últimos julgamentos contra o nazismo na Alemanha.

Ela é acusada de cumplicidade em mais de 10.000 assassinatos no campo de Stutthof, na atual Polônia. Ela era julgada desde setembro de 2021.

A sentença seguiu o pedido da acusação, que havia destacado o "excepcional significado histórico" deste julgamento, com uma sentença acima de tudo "simbólica".

Seus dois advogados haviam pedido o arquivamento do caso. Segundo eles, o julgamento não mostrou que ela tinha conhecimento dos assassinatos sistemáticos em Stutthof.

O tribunal considerou, no entanto, que "o cheiro dos cadáveres era onipresente" e é "inimaginável que a acusada não tivesse se dado conta de nada".

Furchner disse que "lamentava tudo o que aconteceu" e que "se arrependia de ter estado em Stutthof naquele momento".

A ré, que à época dos fatos tinha entre 18 e 19 anos, trabalhava como datilógrafa e secretária do então comandante do campo, Paul Werner Hoppe.

Em Stutthof, um campo perto de Gdansk (então Danzig), onde cerca de 65.000 pessoas morreram, prisioneiros judeus, poloneses e prisioneiros de guerra soviéticos foram sistematicamente assassinados.

COMENTÁRIOS dos leitores